sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A VIRTUDE DA ESPERANÇA

A Esperança contribui para a nossa santificação de três maneiras principais: primeiro une-nos a Deus; segundo, dá eficácia às nossas orações e terceiro e torna-se princípio de atividade fecunda. Une-nos a Deus desapegando-nos dos bens terrenos. A todo momento somos solicitados pelos prazeres sensíveis, pelo orgulho, pela sensualidade... enfim, pelas alegrias, legítimas e ilegítimas, da esfera natural. No entanto, a esperança quando apoiada numa fé viva e ardente, mostra-nos que a todas as felicidades terrenas faltam dois elementos essenciais: a duração e a perfeição.

Nenhum bem terreno é suficiente de si para satisfazer o ser humano uma vez que este foi criado por Deus com sede do infinito. Após o deleite, sempre há o enfado e saciedade. A nossa inteligência jamais se dá por satisfeita sem o conhecimento da causa perfeita, e o nosso coração não se contenta a não ser em Deus. Só Ele é a plenitude da bondade, da verdade e da justiça. E bastando-Se a Si mesmo, evidentemente, basta-nos a nós.

A esperança, unida à virtude da humildade, dá eficácia às nossas orações e nos obtêm dos céus os favores de que necessitamos. Ensina-nos o Eclesiástico: «E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol. Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram. Eclesiastes 2:11-12» Em seus milagres, Cristo nosso Senhor, jamais desprezou quem a Ele recorreu com confiança. Não atendeu Ele o centurião, o paralítico descido pelo telhado, os cegos de Jericó, a Cananéia, a pecadora pega em adultério e o leproso? Ademais não prometeu ele que "Amen, amen, dico vobis, si quis petieritis Patrem in nomime meo, dabit vobis" (Jo 16, 23)?

Afinal, nada honra tanto a Deus como a confiança n'Ele que não se deixa vencer em generosidade, concedendo superabundantes graças. Por fim, a esperança é um princípio de atividade fecunda. Primeiro, porque produz santos desejos, em particular, o anelo do Céu e de Deus. Ora, esse anseio dá à alma o impulso e o ardor necessários para alcançar o bem suspirado e ampara os esforços empregados para a obtenção do fim desejado. Segundo, aumenta-nos as energias por meio da expectativa duma recompensa que superará em muito os nossos empreendimentos. Se no mundo se trabalha com tanto afan para adquirir bens perecíveis, que as traças corroem e os ladrões roubam, com quanto mais razão não devemos nós esperar, quando buscamos uma coroa incorruptível! Dá-nos, ainda aquela coragem, certeza e constância que a certeza do triunfo produz. Então, é isto que nos dá a esperança, pois apesar de fracos por nós mesmos, somos fortes pela própria força de Deus.

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