segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dos jovens viciados em álcool, 40% começaram a beber antes dos 11 anos

Entre adultos, a taxa é de 16%, de acordo com dados do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), da Secretaria da Saúde de São Paulo. Maioria teve primeiro contato com bebida alcoólica dentro de casa ou na presença de familiares



O manobrista Johnny, de 22 anos, tomou o primeiro gole de vinho aos 11 anos, com o irmão mais velho. Aos 7 anos, a doméstica Madalena, de 50, bebeu um copo de pinga em casa, pensando que era água. Hoje, os dois engrossam as estatísticas do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas: 40% dos adolescentes e 16% dos adultos que procuram tratamento para se livrar do vício experimentaram bebida alcoólica antes dos 11 anos.

"Bebia uma garrafa de vinho por dia, mas logo mudei para a cachaça. Fumava muitos cigarros e me envolvi com drogas. Antes de me viciar em álcool, eu era o melhor aluno da sala. Depois parei de estudar. Minha vida virou um inferno. Só resolvi procurar ajuda especializada quando me dei conta de que poderia morrer", conta Johnny.


Os litros de cachaça tomados diariamente transformaram Madalena em uma adulta com problemas com álcool e desmotivada. O abuso a fez perder o marido e dois filhos, que se mudaram de cidade e não mantêm mais contato com ela. Por causa disso, Madalena tentou o suicídio. Foi quando descobriu que era hora de pedir ajuda. Está em tratamento intensivo faz 40 dias.

Os dados sobre o primeiro contato com a bebida impressionaram a psiquiatra Marta Ezierski, diretora do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. "Uma coisa é falar de alcoolismo na população em geral. Outra é falar com base em uma população triada, já dependente. O número é muito alto."

As informações são resultado de duas análises: uma de 684 pacientes adultos e outra de 138 adolescentes que procuraram o Cratod nos últimos dois anos.

O ponto que mais chamou a atenção foi o fato de os jovens terem começado a beber ainda crianças, geralmente em casa ou na presença de familiares. Segundo o levantamento, em 39% dos casos o pai bebia abusivamente; em 19%, a mãe; e em 11%, o padrasto. O relatório aponta ainda que, após o contato com álcool e tabaco, metade relatou ter experimentado maconha.

"Eram crianças que tinham o consentimento da família para beber, porque o pai ou a mãe bebiam. Eles começaram a ingerir bebidas sem culpa e não se deram conta de que estavam se viciando. Um paciente chegou a dizer que havia nascido dentro do álcool", diz a diretora do Cratod.

Segundo Marta, o levantamento também demonstrou que, em geral, os adultos procuram ajuda quando já se envolveram com outras drogas, estão deprimidos, tentaram suicídio ou porque estão com alguma doença ou sequela decorrente do consumo abusivo. Já os adolescentes, diz a médica, normalmente vão ao Cratod por causa de conflitos em casa ou na sociedade.

Outros fatores. O psiquiatra Carlos Augusto Galvão, do Hospital Beneficência Portuguesa, conta que o alcoolismo tem dois fatores principais: o cultural e o genético - sabe-se que o alcoolismo tem um componente hereditário, mas os genes envolvidos ainda não foram descritos.

Para ele, o fato de os alcoolistas em tratamento terem começado a beber dentro de casa e ainda crianças pode ser explicado pela questão da imitação. "A criança imita aquilo que o adulto faz. E o jovem continua bebendo para se achar gente grande."

Outra justificativa apontada por Galvão é o excesso de publicidade de bebida alcoólica na televisão, o que não deve ser combatida tão cedo pelo governo federal. "O prejuízo social que a propaganda provoca é grande. Mas é complicado para o governo investir no combate ao álcool, como fez com o cigarro, porque a bebida alcoólica não incomoda a pessoa que está ao lado."

Marta afirma que há estudos que demonstram que uma propaganda de cerveja aumenta em 11% o consumo da bebida entre os jovens. "Isso é muito sério", alerta a psiquiatra.

Segundo Galvão, além de causar dependência, o álcool pode provocar distúrbios no sistema nervoso central, problemas no fígado e no pâncreas - em geral após anos de exposição à bebida.

O coordenador de vendas Guilherme, de 23 anos, bebe em excesso desde os 15, mas diz não precisa de ajuda. Consciente de que exagera, diz que a bebida ainda não lhe causou nenhum mal e que ajuda a relaxar.

"Bebo umas quatro garrafas de cerveja por dia e umas duas garrafas de vodca ou tequila no fim de semana. Só não bebo às segundas-feiras porque quero dar uma recuperada no corpo", diz o jovem, que estima gastar R$ 1 mil por mês apenas com bebidas alcoólicas.

Campanhas educativas. Para especialistas, a única maneira de afastar crianças do álcool é criando campanhas de conscientização específicas para essa faixa etária e oferecendo mais serviços especializados de tratamento. "Não adianta entrar de sola na profilaxia se não houver como marcar uma consulta com um médico psiquiatra na rede pública, por exemplo", diz Galvão.

Essa é uma das principais bandeiras do secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri: combater o consumo de álcool entre crianças e adolescentes por meio de campanhas educativas, feitas em parceria com a Secretaria de Educação.
Uma das ações será a realização de blitze em bares, danceterias e restaurantes.


Fonte: Estadão.com.br (07 de fevereiro de 2011)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Gari, homem invisível


O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou
um mês como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali,constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres
invisíveis, sem nome'.

Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode
significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o
pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, algunsse aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro.
Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:
'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.
Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central.. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo
andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.
E depois de um mês trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está
inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Curso para Monitores, Coordenadores, Dirigentes e Técnicos de Comunidades Terapêuticas – IVOTI/RS

Datas: 29/30 de Abril/1° de Maio, 27/28/29 de maio, 24/25/26 de junho e 29/30/31 de julho

Duração: 80 horas

Local: casa de retiro monte sinai – Rua edvino blauth, nº 200 – vila nova – IVOTI – RS.

Inscrições: com Srª. Rosangela, coordenadora do Curso pelo e-mail: caudeq@gmail.com e pelos telefones (51) 84145111 e (51)3581.2224.

Vagas: Limitadas em 50 (cinquenta).

Investimento: R$ 170,00 ( cento e setenta reais), por final de semana já incluído: alimentação, hospedagem, fotografia,manual do aluno, material didático em CD (somente material disponibilizado pelos professores com antecedência) livro da FEBRACT, ficando por conta dos participantes apenas as despesas com transporte.

O pagamento deverá ser efetuado em NH a rua Vidal de negreiros, 271-B. Operário o que assegurará a vaga. Casos com alguma dificuldade de assim realizar poderão ser tratados individualmente por nosso e-mail ou telefone.

Critérios para realizar o curso:

- Ter idade mínima de 18 anos;

- Possuir ensino fundamental completo;

- Não poderá ser residente (em tratamento) de CT ou usuário na ativa.



Maiores informações: Fone/Fax 3013-9449/
e-mail: marcelo@pactopoa.com.br ou (51) 84145111 e (51)3581.2224 com Rosangela.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O que é Codependência?

É a inabilidade de manter e nutrir relacionamentos saudáveis com os outros e consigo mesmo. Nos relacionamentos co-dependentes não existe a discussão direta dos problemas, expressão aberta dos sentimentos e pensamentos, comunicação honesta e franca, expectativas realistas, individualidade, confiança nos outros e em si mesmo.

As perguntas a seguir servem para identificar possíveis padrões de codependência. São elas:

Você se sente responsável por outra pessoa? Seus sentimentos, pensamentos, necessidades, ações, escolhas, vontades, bem-estar e destino?

Você sente ansiedade, pena e culpa quando outras pessoas têm problemas?

Você se flagra constantemente dizendo "sim" quando quer dizer "não"?
Você vive tentando agradar aos outros ao invés de agradar a si mesmo?

Você vive tentando provar aos outros que é bom o suficiente? Você tem medo de errar?

Você vive buscando desesperadamente amor e aprovação? Você sente-se inadequado?

Você tolera abuso para não perder o amor de outras pessoas?

Você sente vergonha da sua própria vida?

Você tem a tendência de repetir relacionamentos destrutivos?

Você se sente aprisionado em um relacionamento? Você tem medo de ficar só?

Você tem medo de expressar suas emoções de maneira aberta, honesta e apropriada?

Você acredita que se assim o fizer ninguém vai amá-lo?

O que você sente sobre mudar o seu comportamento? O que impede-lhe de mudar?

Você ignora os seus problemas ou finge que as circunstâncias não são tão ruins?

Você vive ajudando as pessoas a viverem? Acredita que elas não sabem viver sem você?

Tenta controlar eventos, situações e pessoas através da culpa, coação, ameaça, manipulação e conselhos, assegurando assim que as coisas aconteçam da maneira que você acha correta?

Você procura manter-se ocupado para não entrar em contato com a realidade?

Você sente que precisa fazer alguma coisa para sentir-se aceito e amado pelos outros?

Você tem dificuldade de identificar o que sente? Tem medo de entrar em contato com seus sentimentos como raiva, solidão e vergonha?


Boa semana à todos.
com carinho,
Samanta e Juliano

FONTE: CoDA -Codependentes Anônimos-
http://www.codabrasil.org/diag1.htm
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