terça-feira, 24 de novembro de 2009

Consumo de droga é precoce e mais frequente, diz pesquisador

Na semana em que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admitiu o fracasso das estratégias de combate ao consumo de drogas no Brasil, uma pesquisa do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), órgão ligado à secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, indicou a ineficiência das políticas de prevenção, principalmente aquelas voltadas ao público jovem.

O levantamento realizado entre 2007 e 2009 com 112 adolescentes em tratamento aponta que 40% deles começaram a usar substâncias lícitas e ilícitas entre 7 e 11 anos. E, para o autor do estudo, o psicólogo Wagner Abril Souto, o mais grave: a maioria teve o primeiro contato dentro de casa, sob o olhar despreocupado da família.

Coordenador do Programa de Atenção ao Adolescente do Cratod desde a sua fundação, há sete anos, Souto previa um resultado que revelasse uma relação cada vez mais precoce com as drogas, mas surpreendeu-se com o contato ainda na infância - antes dos 12 anos. "Obviamente, o número espanta. Porém, por trás disso, existe uma situação ainda mais preocupante. Além de iniciarem cedo, esses adolescentes têm tornado o consumo cada vez mais frequente", afirma o psicólogo.

Com a experiência de ter acompanhado a passagem de 650 adolescentes no centro e a recuperação de cerca de 30% deles, Souto acredita em dois fatores como determinante para a aproximação entre público infantil e as drogas: a facilidade de acesso às substâncias e o contato no ambiente familiar. "Muitas vezes, o consumo é incentivado entre familiares, principalmente de cigarro e bebidas. No caso das drogas ilícitas, há cada vez mais pontos de vendas. A distribuição está mais aperfeiçoada e, estrategicamente, mais perto do adolescente", afirma.

Em entrevista ao Terra, o psicólogo responsabiliza o Estado, a escola e principalmente a família pelo consumo precoce de drogas e a concorda com a declaração do ministro Temporão de que as políticas públicas têm fracassado. Ele ainda defende um avanço nas ações preventivas voltadas especificamente ao público jovem. Confira abaixo trechos da entrevista.

O resultado da pesquisa mostra que o álcool e o tabaco ainda servem como porta de entrada neste universo, mas as substâncias ilícitas surgem muito cedo para esse público. Isso surpreende?
Sim, surpreende, até porque a nossa intenção não era se ater tanto aos índices, e sim levantar que fatores contribuem para essa aproximação precoce, identificar a quais elementos de risco esses adolescentes estão sujeitos. Neste contexto, constatamos que 40% deles (os adolescentes em tratamento) têm histórico de alcoolismo entre os pais. Ou seja, fazem uso abusivo ou tem dependência de álcool dentro de casa. A partir do momento em que se constata que eles já estão expostos a esse consumo, os índices começam a ser explicados e nos dão a resposta para repensarmos nas nossas políticas.

Com base nessa constatação, é possível afirmar que a questão familiar é o principal fator responsável pelo consumo antes dos 11 anos?
Acredito em um conjunto de situações. A disponibilidade dessas substâncias, por exemplo, é um dos maiores fatores de risco. Não há dificuldade de acesso. O adolescente - e mesmo a criança - pode ir a um bar e comprar a bebida, o cigarro. Dificilmente ele sairá do local com as mãos vazias. Mesmo no caso das drogas ilícitas, a disponibilidade é cada vez mais aprimorada, com mais pontos de vendas e distribuição eficaz. No âmbito familiar, é muito comum que pais ou outros familiares peçam para que esses adolescentes comprem cigarros ou bebidas. A partir daí, já se começa a inserção nesta cultura de que o uso dessas substâncias é um valor positivo. Muito vezes, na própria família, o consumo é incentivado.

Esse acesso facilitado demonstra que as políticas de combate ao tráfico estão atrasadas se comparadas à agilidade e à organização do tráfico, não?
Verdade. Atualmente, existem pontos de vendas em todos os lugares. Antigamente, eles eram mais restritos. O fato é que o tráfico melhorou a distribuição, aumentou a oferta e, consequentemente, há mais consumidores. Essa lógica pode estar comprovada na nossa pesquisa. Os adolescentes começam a usar álcool e tabaco dos sete aos 11 anos, mas drogas mais fortes também. Segundo o levantamento, 16% dos entrevistados fizeram uso de maconha aos 11 anos. Ou seja, um garoto de 11 anos tem facilidade em comprar maconha. 7% dos adolescentes já consumiram ecstasy aos 11 anos, e 10% conseguiram inalantes aos 10 anos. Isso mostra o quanto eles têm facilidade de obter essas drogas, seja com colegas, amigos, familiares ou direto nos pontos de venda.

A pesquisa aponta crianças de 11 anos consumindo maconha, ecstasy e inalantes. Nesses casos, é possível responsabilizar familiares, já que uma criança dessa idade não está consciente do quanto o consumo é nocivo?
Realmente uma criança não tem essa noção. Nem um adolescente de 15 anos é consciente, embora acredite que tenha maturidade para tomar as decisões. Mas não podemos responsabilizar somente os pais pelas atitudes dos filhos. Mesmo assim, não podemos esquecer que nós ensinamos pelo exemplo. Aquela família em que o álcool está muito presente, com o pai chegando cansado do trabalho e recorrendo à bebida ou que pais e irmãos abusam da bebida na festa, ensina esse comportamento a crianças e adolescentes. E, para pertencer o mundo dos adultos, eles (crianças e adolescentes) imitam o comportamento.

Uma criança de 10 anos não possui renda. No caso daquelas que já consomem drogas ilícitas nesta faixa etária, como adquirem as substâncias?
Conforme nosso levantamento, as crianças e adolescentes estão muito sujeitos aos atrativos dos próprios traficantes. Em muitos casos, ele (o traficante) oferece gratuitamente até tornar o consumidor viciado, fazer com que ele se sujeite a qualquer situação para ter a droga. Além disso, dependendo da classe econômica, muitos usam mesadas. Aliás, é importante frisar que recebemos jovens de todas as classes. As pessoas costumam achar que as classes menos favorecidas tendem a ser maioria em centros de recuperação voltados a adolescentes, mas não é verdade. Independente da situação econômica, eles (adolescentes e crianças) têm seus artifícios para adquirir drogas.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admitiu nesta semana o que chamou de "fracasso nas políticas de combate". O senhor concorda com ele? Qual seria a solução?
O ministro tem razão quando diz que precisamos rever a nossa cultura. Enquanto acharmos que é perfeitamente cabível intercalar a nossa programação de TV com propagandas de cerveja em que se exalta a beleza, o sucesso profissional, como se fazia antigamente com o cigarro, continuaremos errados. Há um grande incentivo da mídia, obviamente ligada à indústria por interesses econômicos. Fala-se em beber com moderação, mas se mostra a figura de sucesso do momento, o cantor do momento, o jogador artilheiro fazendo a propaganda. Então, fica um comportamento meio 'digo uma coisa, mas mostro outra'. E o adolescente está em um período em que busca modelos de identificação.

Essa falta de discussão em todas as esperas a que o senhor se refere não frustra entidades como o Cratod?
A verdade é que a sensação de frustração é muito maior, já que sequer conseguimos ajudar a todos os que nos procuram. Aliás, nenhuma entidade no mundo consegue ajudar a todos que as procuram. O que estamos tentando é constituir parceiros. A polícia faz a parte dela na repressão, a saúde no tratamento, a escola na educação e a família precisa se inserir aí. Se todo mundo fizer a sua parte, o sucesso é mais fácil. Especialmente nesta questão dos modelos, da influência de campanhas na mídia, a família pode entrar com mais força. Ela precisa ser o modelo, com orientações claras sobre o uso de substâncias que podem trazer prejuízos aos adolescentes. A família que precisa fazer um monitoramento adequado desse adolescente. Precisa saber com quem ele anda, aonde vai, de que maneira chega e, principalmente, abrir um espaço de diálogo. Isso é o mais importante.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

20% dos acidentes de trabalho no mundo, são causados pelo consumo de drogas

Segundo relatório da OIT - Organização Internacional do Trabalho, um em cada cinco acidentes de trabalho é provocado pelo consumo de drogas. A pesquisa, divulgada na palestra "Consumo de drogas, álcool e medicamentos no trabalho” apresentado na Academia de Ciências Médicas de Bilbao, na Espanha, indica que os setores profissionais com as maiores taxas de acidentes são os de relações públicas, comércio e construção.

O estudo se baseia na investigação de 38 empresas dos Estados Unidos, Europa e Ásia durante os últimos cinco anos. "O antigo conceito do viciado jogado pela rua está completamente defasado. Neste momento, em todo o mundo, 67% das pessoas com algum tipo de dependência química estão integradas ao mercado de trabalho, e algumas com sucesso", disse na palestra o psiquiatra Jerônimo San Cornélio, presidente da Academia de Ciências Médicas de Bilbao e um dos autores da pesquisa.

De acordo com o relatório, entre 15% e 25% dos acidentes de trabalho diários ocorrem no local onde os profissionais exercem as atividades ou em seus deslocamentos pela impossibilidade de manter os reflexos. Essa incapacidade de concentração e coordenação é provocada, dizem os especialistas, principalmente pelo consumo habitual de álcool, cocaína, maconha, heroína e remédios para controlar a ansiedade em profissionais numa faixa etária entre 20 e 35 anos.
Mulheres

Segundo o psiquiatra espanhol, três razões fundamentais induzem um profissional qualificado a manter o hábito de se drogar: a atração pela substância, a fisiologia de cada indivíduo e a pressão social. "Numa sociedade onde pesa a ideia de que só os mais preparados alcançam o sucesso, uma pessoa com problemas de autoconfiança procura estímulos externos. Neste aspecto o consumidor acaba vítima de si mesmo."

Sobre o perfil do trabalhador viciado, os homens são maioria: 75% dos casos de acidentes relacionados com o consumo de drogas são verificados entre profissionais do sexo masculino e 25% do sexo feminino. Mas o relatório da OIT indica também que esta diferença está diminuindo. Na década passada os homens eram 90% dos envolvidos, contra 10% de mulheres.
Entre as características que mais delatam problemas no ambiente de trabalho relacionados com o consumo habitual de drogas estão atitudes de nervosismo, irritabilidade, falta de concentração e excessivos pedidos de dispensa.

Segundo Jerônimo San Cornélio, "um trabalhador que se droga com frequência normalmente dobra a média de dias de licença". Para o médico especialista em toxicomania, não há setores profissionais que escapem do âmbito do consumo.

Pioneiro no tratamento de médicos viciados, ele disse que "as drogas estão em todas as classes sociais" e que estejam, portanto, "em todas as classes profissionais é uma simples questão de lógica".
Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PROFUNDO SILÊNCIO

O Presidente Roosevelt gostava muito de caçar onças. João Lopes, um grande caçador de Cuiabá, visitou o Presidente. Eles conversaram por duas horas. Quando terminaram, um jornalista perguntou ao Dr. Lopes como foi a conversa: “O Presidente fez boas perguntas?”. Dr. Lopes respondeu: “Ele só perguntou o meu nome”.

O Governador do Texas perguntou ao Presidente Clinton: “Como o senhor pode atender tantas pessoas em um dia?”. O Presidente respondeu: “Eu não falo nada”.

Quais são os métodos de obter SILÊNCIO? 1) Aprender a ouvir. 2) Seja um contemplativo na ação. 3) Imite Pedro e André que foram ouvir a Jesus. “Vinde e vede”.

Existiu um templo numa ilha que estava cheio de sinos de todos tamanhos, pequenos e grandes. Quando o vento soprava todos os sinos tocavam juntos numa sinfonia que extasiava os ouvintes. Com o passar dos anos, aquela ilha afundou-se no mar. Diz uma tradição que os sinos continuaram a tocar e qualquer um que tentasse escutar com atenção, ouvia.

Um jovem viajou mil Km, determinado a ouvir o som destes sinos. Sentava-se horas e horas com o coração muito atento. Só ouvia o oceano quebrando-se na praia. Passou meses lá e não ficou desanimado porque o povo da aldeia falava que a história era verdadeira. Com aquelas palavras o seu coração sempre se inflamava.

Finalmente cansado, desistiu, pensando que não fosse destinado a ouvir os sinos. Talvez a própria lenda fosse falsa. Resolveu voltar para casa. No último dia o jovem voltou ao posto favorito, lá da praia, para dizer adeus ao mar e ao céu, às gaivotas, aos ventos e aos coqueiros. Não resistiu a beleza dos sons da natureza e se entregou completamente ao repouso. Ouvindo o rugido das ondas sobre a areia, perdeu-se no som do mar e mal tinha consciência de si mesmo.

Neste profundo silêncio, ele escutou o bimbalhar de um sino, depois de outro e mais outro... e milhares logo após.

Quando nós queremos ouvir o bimbalhar dos sinos, escutamos o som da natureza.

Quando desejamos ouvir Deus, olhamos atentamente para Sua criação. Descansamos em silêncio. Não rejeitamos a beleza da criação; não refletimos sobre ela. Simplesmente em silêncio olhamos para a beleza da Divina criação.

Assim, em SILÊNCIO dançamos a dança de Deus.


CURSO "PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS -

CAPACITAÇÃO PARA LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS E CONSELHEIROS"


Estão abertas as pré-inscrições para capacitação de 15 mil lideranças comunitárias e conselheiros comunitários municipais de todo o Brasil para atuar, em rede, na prevenção da violência e da criminalidade relacionadas ao uso indevido de drogas.

O curso está sendo promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República, em parceria com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), do Ministério da Justiça e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O
curso é gratuito , oferecido na modalidade de ensino à distância , com carga horária de 120 horas, tem a duração de três meses e certificado de extensão universitária emitido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Poderão participar Lideranças Comunitárias e Conselheiros que atuam nos Conselhos: de Segurança; Sobre Drogas; Tutelar; dos Direitos da Criança e do Adolescente; da Educação; da Saúde; da Assistência Social; do Conselho Escolar; do Conselho da Juventude, do Idoso, do Trabalho, Populações Afrodescendentes, dentre outros.

O conteúdo do curso foi elaborado por especialistas da área e reúne informações atualizadas e convergentes com a Política Nacional sobre Drogas (PNAD), a Política Nacional sobre o Álcool (PNA) e o Sistema Único de Segurança Pública.

O DIREITO DE NÃO USAR DROGAS

Ronaldo Laranjeira

Recentemente, divulgou-se a opinião sobre o futuro da política de drogas no Brasil do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende maior liberdade de uso da maconha.

Fernando Henrique disse que um mundo sem drogas é inimaginável, expressando a visão da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia. Ao alegar que a sociedade conviverá sempre com as drogas, defende com uma clara distorção da racionalidade a ideia de que isso deveria tornar os usuários imunes ao sistema criminal. Teríamos uma inovação na área dos direitos humanos, na qual todos nós deveríamos ter o direito de continuar usando drogas ilícitas, independentemente das consequências negativas para o indivíduo e para a sociedade. Por essa visão, seria um abuso dos direitos individuais qualquer constrangimento ao uso de drogas.


No Brasil, a lei que regula o consumo de substâncias (Lei nº 11.343/2006) trouxe mudanças significativas, com menor rigor penal para o usuário. Ainda não se sabe se produziu alguma diminuição do consumo de drogas. Todas as evidências indicam o contrário. Em relação à maconha e à cocaína, somos um dos poucos países do mundo onde o consumo está aumentando. No mínimo, essa nova lei não impediu esse aumento. Estamos com maior liberdade para usar drogas,
mas os usuários continuam tão desinformados e desassistidos de tratamento quanto antes.


A defesa do direito ao uso de drogas é uma visão por demais simplista e não leva em consideração a complexidade do uso de substâncias, em particular as modificações que o uso de drogas provoca no sistema nervoso central. Parte-se do princípio de que todos os usuários de drogas teriam plenas capacidades de decidir sobre o seu consumo. Não podemos afirmar que todos os que usam drogas estejam comprometidos quanto ao seu julgamento, mas podemos argumentar que uma parte significativa dos usuários apresenta diminuição de sua capacidade de tomar decisões.


As drogas que produzem dependência alteram a capacidade de escolher quando, quanto e onde usar. É ilusório pensar que um dependente químico tenha total liberdade sobre o seu comportamento e possa decidir plenamente sobre a interrupção do uso. É por isso que os dependentes persistem no comportamento, com grandes prejuízos individuais, para sua família e para a sociedade.


Se, por um lado, a opinião de Fernando Henrique carece de legitimidade com relação aos direitos humanos básicos, pois não existe um direito ao uso de drogas ilícitas, por outro, temos
aspectos do debate que não foram mencionados. Por exemplo: existe uma relação entre saúde e direitos humanos. As Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde desenvolveram recentemente o conceito de que todos deveriam ter o direito ao mais alto padrão de saúde possível (right to the highest attainable standard of health). É um conceito relativamente novo, com não mais de dez anos. Afasta-se de declarações vagas sobre saúde e responsabiliza a sociedade e o sistema de saúde pela implementação de políticas que garantam a qualidade dos cuidados.


Recentemente o Estado de São Paulo deu um bom exemplo de garantia do mais alto padrão de saúde possível ao proibir o fumo em todos os ambientes fechados. O que se garantiu nessa nova lei não foi o direito de fumar, mas o direito de a maioria da população ser preservada do dano da fumaça. Mesmo os fumantes têm o seu direito a um mais alto padrão de saúde garantido ao ser estimulado a fumar menos. Esse foi um exemplo de como é possível termos intervenções governamentais que preservem o direito à saúde e ao mesmo tempo sinalizem uma intolerância ao consumo de uma droga que mata um número substancial de cidadãos.


Experiências de sucesso em outros países apontam na direção de combinar estratégias, do setor de Justiça com o setor educacional e de saúde, para que se obtenham melhores resultados. Leis que sejam respeitadas e fiscalizadas tendo como objetivo o bem comum. A Lei Seca, que proíbe o beber e dirigir, identifica o indivíduo e impõe sanções, também pode ser um exemplo, pelo número de vidas salvas até o momento. O fato de se criar uma intolerância com o fumar ou com o beber e dirigir em nenhum momento produziu desrespeito aos cidadãos que fumam ou bebem.


No Brasil não temos uma política de prevenção do uso de drogas. Deixamos os milhões de crianças e adolescentes absolutamente sem nenhum tipo de orientação sobre prevenção do uso de substâncias. Fornecemos muito mais informações sobre o meio ambiente do que com os cuidados de saúde. Temos uma boa política de prevenção ambiental, mas não temos com relação às drogas. Não temos um sistema de tratamento compatível com a magnitude do problema, deixando milhares de usuários completamente desassistidos.


O tema proposto por Fernando Henrique Cardoso é importante, traz a oportunidade de debatermos que tipo de política construir para a próxima geração. Queremos uma sociedade em que o uso de drogas seja um direito adquirido? Ou queremos uma sociedade muito mais ativa, em que o sistema de Justiça funcione em sintonia com os sistemas de saúde e educacional e possamos criar ações baseadas em evidências científicas para diminuir o custo social das drogas?
Talvez um mundo sem drogas jamais exista. Como também não existirá um mundo sem crimes ambientais ou sem violações dos direitos humanos. Isso, no entanto, não é desculpa para descartar o ideal e continuar a lutar pelo objetivo de um mundo melhor. Tolerar as drogas, banalizar o seu consumo não é a melhor opção para uma sociedade que valorize a saúde e os melhores valores de respeito à dignidade humana.


Ronaldo Laranjeira, professor titular de Psiquiatria da Unifesp, é coordenador do Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas (Inpad) do CNPq

domingo, 8 de novembro de 2009

A OUTRA MULHER


Depois de 21 anos de casado, descobri uma nova maneira de manter viva a chama do amor. Há pouco tempo decidi sair com outra mulher. Na realidade foi idéia da minha esposa.

- Você sabe que a ama - disse-me minha esposa um dia, pegando-me de surpresa. A vida é muito curta, você deve dedicar especial tempo a essa mulher...

- Mas, eu te amo - protestei à minha mulher.

- Eu sei. Mas, você também a ama. Tenho certeza disto.

A outra mulher, a quem minha esposa queria que eu visitasse, era minha mãe, que já era viúva há 19 anos, mas as exigências do meu trabalho e de meus 3 filhos, faziam com que eu a visitasse ocasionalmente. Essa noite, a convidei para jantar e ir ao cinema.

- O que é que você tem? Você está bem? - perguntou-me ela, após o convite. (Minha mãe é o tipo de mulher que acredita que uma chamada tarde da noite, ou um convite surpresa é indício de más notícias). - Pensei que seria agradável passar algum tempo contigo - respondi a ela -Só nós dois; o que acha? Ela refletiu por um momento.

- Me agradaria muitíssimo - disse ela sorrindo.

Depois de alguns dias, estava dirigindo, para pegá-la depois do trabalho, estava um tanto nervoso, era o nervosismo que antecede a um primeiro encontro...

E que coisa interessante, pude notar que ela também estava muito emocionada. Esperava-me na porta com seu casaco, havia feito um penteado e usava o vestido com que celebrou seu último aniversário de bodas.

Seu rosto sorria e irradiava luz como um anjo.

- Eu disse a minhas amigas que ia sair com você, e ficaram muito impressionadas. Comentou enquanto subia no carro. Fomos a um restaurante não muito elegante, mas, sim, aconchegante, minha mãe se agarrou ao meu braço como se fosse 'a primeira dama'.

Quando nos sentamos, tive que ler para ela o menu. Seus olhos só enxergavam grandes figuras. Quando estava pela metade das entradas, levantei os olhos; mamãe estava sentada do outro lado da mesa, e me olhava fixamente. Um sorriso nostálgico se delineava nos seus lábios.

- Era eu quem lia o menu quando você era pequeno

- disse-me: - Então é hora de relaxar e me permitir devolver o favor - respondi.
Durante o jantar tivemos uma agradável conversa; nada extraordinário, só colocando em dia a vida um para o outro.

Falamos tanto que perdemos o horário do cinema.

- Sairei contigo outra vez, mas só se me deixares fazer o convite disse minha mãe quando a levei para casa. E eu concordei.

- Como foi teu encontro? - quis saber minha esposa quando cheguei naquela noite.

- Muito agradável... Muito mais do que imaginei...

Dias mais tarde minha mãe faleceu de um enfarte fulminante, tudo foi tão rápido, não pude fazer nada. Depois de algum tempo recebi um envelope com cópia de um cheque do restaurante de onde havíamos jantado minha mãe e eu, e uma nota que dizia: 'O jantar que teríamos paguei antecipado, estava quase certa de que poderia não estar ali, por isso paguei um jantar para ti e para tua esposa. Jamais poderás entender o que aquela noite significou para mim. Te amo'.

Nesse momento compreendi a importância de dizer a tempo: 'TE AMO' e de dar a nossos entes queridos o espaço que merecem; Nada na vida será mais importante que Deus e as pessoas que você ama, dedique tempo a eles, porque eles não podem esperar.

'É preciso amar as pessoas como se não houvesse
amanhã...' (Renato Russo).

Abraçando a imperfeição

Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar.

E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.
Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, lingüiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai.
Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse: " - Eu gostode torrada queimada..."
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada..
Ele me envolveu em seus braços e me disse: " - Companheiro, sua mãe teve hoje, um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém.
E mesmo que ela não estivesse cansada, sei que não fez por querer!

A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou um melhor empregado, ou cozinheiro!"
O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos e com amigos.
Não ponha a chave de sua felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio. Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração dele; você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua.

As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse.
Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as fez se sentir.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Faça seu algo a mais


Um homem foi chamado à praia para pintar um barco. Trouxe tinta epincéis e começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como foracontratado para fazer.
Enquanto pintava, notou que a tinta estava passando pelo fundo dobarco. Procurou e descobriu que a causa do vazamento era um buraco e oconsertou.
Quando terminou a pintura, recebeu seu dinheiro e se foi.
No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e lheentregou um cheque de grande valor.
O pintor ficou surpreso e disse:
- O senhor já me pagou pela pintura do barco.
- Mas isto não é pelo trabalho de pintura - disse o homem - é por terconsertado o vazamento do barco.
- Foi um serviço tão pequeno que não quis cobrar. - acrescentou opintor - Certamente o senhor não está me pagando uma quantia tão altapor algo tão insignificante!
- Meu caro amigo, você não compreendeu. - disse o proprietário dobarco - Deixe-me contar-lhe o que aconteceu. Quando pedi a você quepintasse o barco, esqueci de mencionar o vazamento. Quando o barcosecou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estavaem casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com obarco, fiquei desesperado, pois me lembrei que o barco tinha um furo.Grande foi meu alívio e minha alegria quando os vi retornando, sãos esalvos. Então, examinei o barco e constatei que você o haviaconsertado. Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos!Não tenho dinheiro suficiente para pagar-lhe pela sua "pequena" boaação...
Se em nossa ação diária fizermos como aquele pintor, certamente omundo pode ser diferente. Muitas vezes nos limitamos nossas açõesapenas à nossa obrigação. Fazer o que nos compete, com disposição ezelo, é apenas cumprir um dever.
Analise muito bem uma situação e veja se é preciso que você faça algoalém do seu dever, um “algo mais”, sem que ninguém peça.

Nó de Amor

Era um reunião numa escola. A diretora incentivava os pais a apoiaremas crianças, falando da necessidade da presença deles junto aosfilhos. Mesmo sabendo que a maioria dos pais e mães trabalhava fora,ela tinha convicção da necessidade de acharem tempo para seus filhos.
Foi então que um pai, com seu jeito simples, explicou que saía tãocedo de casa, que seu filho ainda dormia e que, quando voltava, opequeno, cansado, já adormecera. Explicou que não podia deixar detrabalhar tanto assim, pois estava cada vez mais difícil sustentar afamília. E contou como isso o deixava angustiado, por praticamente sóconviver com o filho nos fins de semana.
O pai, então, falou como tentava redimir-se, indo beijar a criançatodas as noites, quando chegava em casa. Contou que a cada beijo, eledava um pequeno nó no lençol, para que seu filho soubesse que eleestivera ali. Quando acordava, o menino sabia que seu pai o amava e láestivera. E era o nó o meio de se ligarem um ao outro.
Aquela história emocionou a diretora da escola que, surpresa,verificou ser aquele menino um dos melhores e mais ajustados alunos daclasse. E a fez refletir sobre as infinitas maneiras que pais e filhostêm de se comunicarem, de se fazerem presentes nas vidas uns dosoutros. O pai encontrou sua forma simples, mas eficiente, de se fazerpresente e, o mais importante, de que seu filho acreditasse na suapresença.
Para que a comunicação se instale, é preciso que os filhos 'ouçam' ocoração dos pais ou responsáveis, pois os sentimentos falam mais altodo que as palavras. É por essa razão que um beijo, um abraço, umcarinho, revestidos de puro afeto, curam até dor de cabeça, arranhão,ciúme do irmão, medo do escuro, etc.
Uma criança pode não entender certas palavras, mas sabe registrar egravar um gesto de amor, mesmo que este seja um simples nó.
E você? Tem dado um nó no lençol do seu filho?Nó

Não há lugar como o lar,

Você já se deu conta da importância do seu lar?
Não nos referimos ao valor financeiro da sua casa, mas da importância do aconchego do lar.
Na correria do nosso dia-a-dia, muitos de nós não pensamos no que significa ter um lar para voltar ao final de um dia de trabalhos intensos e cansativos.
No entanto, o lar é a base segura de todos aqueles que possuem esse grande tesouro.
Temos acompanhado as histórias de pessoas que obtiveram grande sucesso nas artes, na música, nos esportes, e todos eles apontam a união familiar como ponto de apoio seguro.
Existem pessoas que lutaram com dificuldades, passaram por necessidades de toda ordem, mas lograram êxito graças ao carinho e à dignidade dos pais que ofereceram suporte para vencer os obstáculos.
Por essa razão, o lar é um elemento indispensável como base para uma carreira de sucesso.
Não importa o tamanho da construção nem o material de que é feito, mas importa que seja um verdadeiro ninho de amor, afeto e amizade.
Pode ser uma mansão ou uma tapera...
Um bangalô, ou um barraco singelo...
Pode faltar o pão, mas não deve faltar o abraço de ternura de uma mãe dedicada...
Pode faltar uma cama confortável, mas não deve faltar os braços fortes de um pai que ampara e orienta...
Pode faltar o luxo, mas não deve faltar o toque delicado de uma mãe caprichosa.
Pode faltar muita coisa, mas não pode faltar o diálogo amigo que estreita os laços e se faz ponte de entendimento em todas as situações.
A casa pode ser frágil e não oferecer resistência contra a chuva fria, mas o lar deve ser bastante resistente para suportar as investidas das drogas e de todos os vícios.
A construção pode balançar com os açoites dos ventos impiedosos, mas o lar deve se manter firme mesmo diante das investidas mais ásperas da indignidade e da desonra.
Se você nunca havia pensado nisso, pense agora.
E, à noitinha, enquanto o sol se despede do dia e o manto escuro da noite se estende sobre a cidade, e você, vencido pelo cansaço, avistar seu lar de portas abertas e um familiar de braços abertos para dizer:
- Olá! Como foi seu dia?
Você perceberá como é importante poder voltar para casa.
Com chuva ou com sol, lá está o nosso lar para nos acolher e nos dar abrigo.
Por essa razão, valorizemos esse refúgio seguro no qual passamos a maior parte de nossas vidas, valorizando também aqueles que compartilham conosco desse pequeno oásis e fazendo com que ele possa ser um verdadeiro porto seguro.
E nunca nos esqueçamos de que o lar, mesmo quando assinalado pelas dores decorrentes do aprimoramento das arestas dos que o constituem, é oficina purificadora onde se devem trabalhar as bases seguras da humanidade de todos os tempos.
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