sábado, 18 de outubro de 2014

CÉSAR X DEUS

Os inimigos de Jesus prepararam uma armadilha. Fico pensando quanto tempo e energia eles deve, der gasto com isso? Quantas pessoas cegas pela raiva, pela mágoa, pela inveja entram por esse caminho absurdo, gastam anos de suas vidas, remoendo rancores, planejando vinganças, perdem sono planejando o mal, impetrando processos, lutas judiciais intermináveis, tanta energia, tanto tempo de vida que bem podia estar gastando com coisas boas, fazendo o bem, gastam mal fazendo o mal. Vai amassa um pão, ai bate um bolo, vai arrumar um armário que você ganha mais, do que ficar remoendo magoas e rancores.  
Bem, mas eles de Primeiro o elogiaram com hipocrisia no coração, aqui mais um alerta para nós cuidado com quem faz as coisas pra te agradar, pessoas que ficam te elogiando, em geral logo atrás vem um pedido, uma traição, quando a esmola é demais até o santo desconfia.
 Mas, apesar de terem maldade no coração falaram a verdade: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências”. Tudo Verdade. Porem um elogio seguido por uma armadilha, como se fosse a isca da arapuca: “É lícito ou não pagar o imposto a César?”
-Se Jesus respondesse “sim”, seria acusado de apoiar os opressores pagãos romanos, impuros e odiados pelo povo;
- Se respondesse “não”, seria acusado de revoltoso contra Roma diante de Pôncio Pilatos;
-Se respondesse “não sei”, seria desmoralizado como incompetente;
Eis, pois: a armadilha era perfeita! Mas, a resposta de Jesus foi verdadeiramente admirável! Pediu uma moeda, perguntou de quem era a inscrição... “Então, se usais a moeda de César, é porque César é quem manda de fato! Daí, pois, a César o que é de César!” E, então vem o complemento. Impressionante: “Mas, daí a Deus o que é de Deus!”
Mas atenção, não entendamos mal, Jesus não está dividindo o mundo, em duas áreas: uma para Deus e outra para César. Deus e César, lado a lado... Nada disso! Ao ensinar a dar a César o que é de César, o Senhor nos convida a respeitar as estruturas da sociedade em que vivemos, a levá-las a sério, a bem viver nelas. César, aqui, significa o mundo em que vivemos: a política, a Pátria, a família; o trabalho, o emprego, o esporte, os amigos e os nossos sonhos nossos... Tudo quanto é humano e legítimo pode e deve ser apreciado e respeitado pelos cristãos. Podemos dar a César o que é de César, sem medo nem temor!
Ao ensinar a dar a Deus o que é de Deus, o Senhor nos recorda que somente Deus é Deus, o que tudo lhe pertence; absolutamente, tudo! De Deus é a nossa vida, e a nossa morte, de Deus é tudo quanto temos, vivemos e somos: Daí a César o que é de César, mas recordemos que também César pertence a Deus! César não é Deus!
César se julgava Deus, era chamado “Divino César”, considerava-se senhor da vida e da morte! Ora, Jesus nega a César tal pretensão! César é somente César e, como César, morrerá!
Tudo passa só Deus não muda. Aqui um alerta contra a grande tentação de colocar coisas no lugar de Deus: o poder, a riqueza, o sucesso, o prazer, a beleza. Todas as coisas passam, morem desaparecem são esquecidas, só Deus permanece.  Como lembra a primeira leitura de hoje, que tudo vem de Deus, que estamos nas suas mãos, que tudo é, misteriosamente, fruto da sua providência.
Por exemplo, o sujeito coloca sua segurança no dinheiro, vem as dificuldades financeira, ruína total, coloca na beleza física, passam-se os anos as coisas começam a cair, ruína total, mas quem coloca em Deus nunca será desapontado.  
O Cristão, tu deve participar da construção da sociedade... Deve saber apreciar o que de bom e de belo existe no mundo... Mas, não pode esquecer: nada disso é Deus, nada disso merece tua adoração, nada disso deve prender teu coração: nem família, nem pátria, nem amigos, nem posse, ideias ou poder! Só o Senhor é Deus! A César, o que é de César; a Deus tudo, pois tudo é de Deus! Viver assim é crer de verdade, é levar Deus a sério de verdade!
Grande erro seria pensar que podemos colocar Deus no meio de tantos e tantos amores, de tantas e tantas paixões, fazendo dele apenas mais uma, entre tantas realidades da vida. Ele é tudo, ele é o Tudo, como dizia São Francisco de Assis: “Tu és o Bem, todo o Bem, o Bem universal!”

Ao Senhor a honra e a glória eternamente!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

DEPENDENTES TROCAM DROGAS PELO AÇÚCAR

Por PE. HAROLDO J. RAHM

João Araújo tinha 21 anos e pesava 61 quilos quando deixou de consumir heroína e cocaína. Três anos depois, ainda estava livre das drogas, mas pesava 130 quilos. Ele atribuiu o ganho de peso aos alimentos calóricos que eram servidos no centro de reabilitação.

“Depois que fiquei sóbrio, continuei a comer essas coisas horríveis”, disse João, hoje com 29 anos e fundador de uma Comunidade Terapêutica, um centro de tratamento em São Paulo.

“Aprendi a estar sóbrio, mas não me cuidava em relação às outras coisas. Não sabia cozinhar nem fazer supermercado, porque nunca tinha feito isso.”

Sua história é semelhante às dos que estão em recuperação, pessoas que geralmente engordam muito na caminhada rumo ao bem-estar. A maioria dos programas de reabilitação não dá muita atenção à nutrição nem tem um programa adequado de controle de ansiedade, que é um dos principais fatores que faz as pessoas comerem demais.

Existem lugares onde o principal foco é apenas livrá-los da substância, e o resto se ajeitaria por si só.

Apesar de frutas, hortaliças e proteínas serem servidos nos centros de reabilitação, as dietas também incluíam equivocadamente açúcares refinados, refrigerantes, energéticos e petiscos açucarados, gordurosos ou com muito sal (os chamados “hiperpalatáveis”).

O açúcar foi considerado um substituto inofensivo para as drogas e para o álcool. Os Alcóolicos Anônimos pedem que os dependentes sempre tenham um doce.

Mas, apesar de os doces terem aliviado a “fissura” por drogas de algumas pessoas, muitas delas acabaram “transferindo o vício” para o açúcar.

“Uma vez livre das drogas, o cérebro sente falta das recompensas dos hiperpalatáveis”, pois liberam substâncias químicas que causam prazer.

Então a pessoa acaba por transferir o vício da cocaína, por exemplo, para os bolinhos de chocolate, entre outros.

Estudo publicado em 2013 no “The American Journal of Clinical Nutrition” mostrou que o açúcar estimula a “fissura”.

Outro estudo de 2013 constatou que, pelo menos em cobaias, biscoitos ativaram o núcleo accubens, o centro de recompensa ou prazer do cérebro, tanto quanto a cocaína e a morfina. Isso tem um efeito na psique e na autoestima do dependente.

Alguns tem recaídas porque estão muito desgostosos com a quantidade de peso que ganharam.

Não querem investir de 4 a 6 meses em dieta rigorosa e exercícios. Por isso consomem estimulantes, ou às vezes cocaína, para perder peso.

Com maior consciência dos efeitos do açúcar, algumas clínicas de reabilitação estão reformulando suas dietas. “Estamos substituindo as soluções ruins pelas saudáveis”.

Os pacientes plantam hortaliças e estão proibidos de consumirem açúcares processados, cafeína ou bebidas energéticas.

A maioria dos jovens não sabe como escolher os alimentos, para quem uma dieta apropriada pode desempenhar um papel vital, pois maximiza a recuperação de uma maneira sustentável e duradoura.
“Senhor, ensina-me a resolver as minhas ansiedades internas e a comer menos para compensar a ausência de drogas.”

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

TEM MEDO DE QUE?

Há várias espécies de temores: o temor mundano, o temor servil a Deus e o temor filial a Deus. Destes, só o último é o Temor de Deus. 

O temor humano é o medo que se sente com relação a criaturas ou situações mundanas. São temores humanos o medo de pessoas, como a mulher que teme o marido ou o marido que teme a esposa, os filhos que temem o pai ou a mãe, os alunos que temem os professores... 

São temores às situações mundanas, por exemplo, o medo de andar de elevador, o medo do escuro, o medo de tempestades, etc. Incluem-se ainda nesta classe os medos supersticiosos, como o medo de passar embaixo de uma escada, o medo de ver um gato preto cruzar o caminho, o medo do dia 13... Os temores ou medos mundanos originam-se de traumas. Podem desaparecer pela oração de cura interior ou por tratamentos psicológicos adequados. 

O temor servil é principalmente o medo de ser castigado por Deus, de ir para o inferno. Esse temor é gerado pela ideia de um Deus que nos vigia constantemente, pronto a nos castigar pelas nossas faltas. E isso nos inquieta, agita, deprime. O temor servil pode afastar-nos do pecado, mas é um temor imperfeito, porque não se baseia no amor de Deus. 

O temor de Deus é filial. É o temor de nos afastar do Pai que nos criou e que nos ama, de ofender a Deus que, por amor, sempre nos perdoa. O filho que ama o pai não quer ficar longe dele nem fazer algo que o possa magoar. É um temor nobre que brota do amor. Um temor filial, perfeito e amoroso. 

O temor de Deus é um dom do Espírito Santo que nos inclina ao respeito filial a Deus e nos afasta do pecado. Este compreende três atitudes principais: 

- O vivo sentimento da grandeza de Deus e extremo horror a tudo o que ofenda sua infinita majestade; 

- Uma viva contrição das menores faltas cometidas, por haverem ofendido a um Deus infinito e infinitamente bom, do que nasce um desejo ardente e sincero de as reparar; 

- Um cuidado constante para evitar ocasiões de pecado.

AI DE TI

É admirável o modo sincero e transparente como Jesus partilha com os discípulos, enviados em missão, sua própria experiência de fracasso. Longe de revelar fraqueza, suas palavras revelam o respeito que ele tinha pela liberdade humana. Em hipótese alguma, a proposta do Reino tornou-se imposição na vida das pessoas. Diante do Reino, deveriam decidir-se livremente e assumir as conseqüências desta decisão.

Várias cidades ao redor do lago de Genesaré fecharam-se à pregação de Jesus. Corozaim, Betsaida e Cafarnaum estão entre aquelas que não aderiram nem se mostraram capazes de dar ouvido aos ensinamentos do Mestre. Os milagres nelas efetuados teriam sido suficientes para converter até mesmo cidades pagãs, motivando-as a fazer penitência.

A lamentação profética de Jesus: “Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida!” comporta um apelo extremo à conversão. Apelo amargo e incisivo! Fechando-se para o Reino, as cidades impenitentes corriam risco por se terem mostrado hostis para com o Filho de Deus, rejeitando o convite divino à conversão que ele lhes dirigia.

As maravilhas da criação expressam o grande amor de Deus, que não contentou-se em somente nos dar a vida, como quis também nos cercar de cuidados, tanto para o nosso corpo, quanto para o nosso espírito! Para nos garantir uma boa qualidade de vida, Deus nos ofereceu a natureza de onde tiramos o nosso alimento corporal e para o alimento espiritual, Ele nos ofereceu Jesus! Pena que muitos de nós, somos filhos ingratos, não valorizamos estes bens gratuitos!

Vivemos na era dos descartáveis, descartam-se pessoas, valores que devem nortear a nossa vida, como o valor da fé, da família... E assim a humanidade vai se distanciando cada vez mais de Deus, trocando a verdade do evangelho pela inverdade do mundo.

O ter, o poder, o prazer, aliena o homem, dando-lhe uma falsa alegria que mascara a pior de todas as doenças da humanidade: a insensibilidade do coração.

E mesmo com tantas respostas ingratas a este amor sem limites, Deus não desiste do humano, Ele não cansa de esperar pela sua conversão!

Na pessoa de Jesus, o céu e a terra se encontram, Jesus é o caminho humano para chegar a Deus e o caminho Divino para chegar à humanidade!

No evangelho de hoje, Jesus censura o comportamento de um povo que recebeu por várias vezes a manifestação de Deus na pessoa de Jesus, um povo que presenciou tantos milagres, mas que mesmo assim não se converteram.

Hoje, são muitos os que têm o conhecimento da palavra de Deus, mas que mesmo assim, fazem opção pelos caminhos mais largos: os caminhos do mundo são os que conhecem a verdade, mas preferem viver na mentira, que conhecem a luz, mas fazem opção pelas trevas!

Existem também os que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a Luz! E nós, ao invés de ficarmos insistindo com aqueles que recusam a Luz, avancemos para águas mais profundas, indo ao encontro dos irmãos que ainda não conhecem a verdade que liberta!

Como filhos e filhas amados de Deus, não podemos deixar que a sociedade, na sua ambição desmedida, nos imponha modelos de vida que foge a verdade do evangelho!

Não podemos ficar indiferentes às inúmeras graças que recebemos a todo instante, e nem deixar que irmãos nossos desconheçam o evangelho!



Estejamos sempre atentos, para que Jesus nunca nos surpreenda com esta dura expressão “Ai de ti”...

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A EPIDEMIA DO SÉCULO

por

Juliano Filipe Rigatti

Gerente Regional de Comunicação no Walmart Brasil

A co-dependência contamina aqueles que não sabem usar o "não" na hora certa. "É doído. Às vezes passamos por malvados, mas é necessário", conta Maria Rosária, também voluntária do grupo Betânia, da Restinga. A co-dependência nos afeta e afeta principalmente os familiares dos dependentes químicos. Co-dependente é alguém que acredita ser responsável pela felicidade alheia, mas que pouco cuida da sua. Diz muitos "sim" na intenção de demonstrar seu amor e seu afeto, mas esquece que, evitando o "não", deixa de ajudar na cura da pessoa que ama.
O livro Co-dependência Nunca Mais, da jornalista norte-americana Melody Beattie, explica um pouco das razões que nos levam a evitar o "não". "Não fazemos isso de propósito. Fazemos isso porque aprendemos a comunicarmo-nos desta forma. Em alguma época, talvez em nossa infância ou na família adulta, aprendemos que não devemos conversar sobre problemas, expressar emoções e opiniões. Aprendemos que não se deve dizer exatamente o que se quer e deseja. Era definitivamente errado dizer 'não', e defendermos algo por nós mesmos. Um pai ou cônjuge alcoólico ficará feliz em ensinar essas regras; nós estávamos prontos a aprendê-las e aceitá-las."
Mais do que explicar como aprendemos que não devemos dizer "não", o livro de Beattienos indica o provável professor. Já ouvimos casos em que pessoas que conviveram com dependentes químicos -- e foram co-dependentes, por conseqüência -- aprenderam a conviver dizendo "sim" a todo instante e repetem este padrão na vida adulta, com o esposo(a) ou filho drogado.
O "não" bem colocado cria limites. O bebê e a criança precisam de muitos "não" para aprenderem até onde podem ir. "Não pegue o lápis do coleguinha porque este lápis não é seu", deve dizer um pai. A criança aprenderá o seu limite e entenderá as razões que o levam a obedecê-lo. Na vida adulta, nos deparamos com "Não estacione", "Não ultrapasse a faixa", "Não buzine", "Não beba antes de dirigir". Se ignoramos estas regras, somos punidos.
O dependente químico perde essa noção, a noção da transgressão. Para ele, tudo pode em favor da droga. Os seus responsáveis precisam usar o "não" para restabelecer os limites na vida do dependente químico. O "não" do pai ou do(a) esposo(a) é uma forma de disciplina. O "sim", ao contrário, é como dizer "faça tudo de novo".
Mas o "não" precisa ser dito com consciência e sabendo onde se quer chegar. Por isso, antes do "não" é importante que o responsável pelo dependente químico saiba que irá gerar uma crise com o seu "não". (Nunca ouviu falar de Crise? E antes de gerar uma Criseprocure um Grupo de Apoio do Amor-Exigente e prepare-se para enfrentar este problema que pode trazer um final muito feliz.

E o mais importante, o "não", embora não pareça, é uma forma de amor, de afeto. Você já ouviu as frases "quem ama, cuida" ou "quem ama, educa"? Pois é. Cuidar e amar no campo da dependência química é dizer "não".

terça-feira, 7 de outubro de 2014

CAMINHANDO SEM RAZÃO

As palavras e as ações de Jesus eram maravilhosas. Seu modo de ser tinha algo de especial, diferente de tudo que até então se tinham visto. Mas morte na cruz deixou os discípulos frustrados e desiludidos.

Os discípulos de Emaús retratam os cristãos desiludidos de todos os tempos. São os pessimistas, incapazes de projetar-se para além dos próprios horizontes. São cristãos nos quais a ressurreição ainda não produziu frutos. Irmãos, ainda hoje vemos muitas pessoas que se fixam nos aspectos negativo da vida, e não são capazes de perceber a realidade que vai muito mais além.

Só a descoberta do Ressuscitado permite ao cristão superar os reveses da vida. Aí então, ele se dará conta de que, apesar da cruz, vale a pena somar esforços para construir o Reino. Quantas vezes, caminhamos sem rumo, sem motivação e no declinar do dia, sentimos cansados, desanimados, sem nenhuma perspectiva de dias melhores.

Quando a nossa vida perde o sabor, quando nossos passos não nos levam a lugar nenhum, é sinal de que não estamos reconhecendo a presença de Deus em nossa vida, de que está nos faltando algo imprescindível, o alimento vital que nos devolve a alegria de viver, que nos mantém de pé nos vendavais da vida, que é a fé!

A fé nos motiva nos dá energia, vitalidade, nos devolve a esperança que o sofrimento insiste em roubar de nós! 

O evangelho de hoje, narra a história de dois discípulos, que não vendo mais razões para permanecerem em Jerusalém, após a morte de Jesus, decidem voltar para Emaús. Tristes e amedrontados com tudo que acontecera com o Mestre, a quem eles haviam depositado o destino de suas vidas, estes dois discípulos tomam o caminho de volta ao povoado de Emaús, carregando consigo um Jesus morto, o que os impediu de enxergar de imediato, o Jesus vivo que caminhava com eles!

Enfraquecidos na fé, eles haviam perdido a esperança muito rápido, dando a entender de que não haviam confiado no que Jesus lhes havia dito pouco antes de sua morte: “O filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.” Mt 17,22-23.
Nós também, às vezes somos assim, nem sempre confiamos no que Jesus nos diz, nem sempre O enxergamos junto de nós! Os discípulos de Emaús, só reconheceram Jesus, no momento em que Ele parte o pão. Foi a partir deste instante, que os seus olhos se abriram e eles puderam vivenciar a alegria da ressurreição de Jesus, tornando em seguida, mensageiros desta Boa Notícia: Jesus Cristo ressuscitou! Ele vive entre nós! Trata-se aqui de uma experiência Eucarística, é na missa meus irmãos é na mesa de Eucaristia de comunhão em comunhão que vamos fazendo a experiência transformadora do Cristo Vivo em nossas vidas.

Cheios de alegria fizeram o caminho de volta à Jerusalém, contando a todos a bela experiência do encontro que tiveram com o Cristo Ressuscitado!

Estes dois discípulos, que demoraram tanto para reconhecer Jesus, caminhando com eles, representam todos os aqueles, que ainda não tem uma fé consistente, que perdem a esperança diante a um suposto fracasso.
Que esta lentidão dos discípulos de Emaús, não se repita conosco, que não sejamos cegos, lentos para perceber a presença de Jesus caminhando conosco! Busquemos sempre nos alimentar na fé, pois é pela fé que enxergamos a presença do Cristo Ressuscitado no meio de nós!
O episódio, que nos foi apresentado, nos desperta também, para a importância de buscarmos sempre um jeito novo de viver a fé, chama a nossa atenção para algo que hoje quase não praticamos nas nossas relações humanas: o ouvir o outro, o caminhar com ele, o conhecer a sua história, seus sonhos... Foi isto que Jesus fez ao caminhar com os discípulos de Emaús.

Muitas vezes, somos indiferentes ao outro, até mesmos dentro de nossas próprias casas, quantos filhos mal se falam com seus pais, quantos pais não reservam tempo para os filhos. Estamos sempre apressados e com isso, não nos damos tempo para perceber no outro, a presença do Cristo Ressuscitado.

O mundo atual deseja apontar outros caminhos de realização para o homem; outras possibilidades de vida... Os cristãos não se iludem! Sabemos onde está a nossa vida, sabemos onde encontrar o caminho e a verdade de nossa existência: em Cristo sempre presente na Palavra e na Eucaristia experimentadas na vida da Igreja! Este é o centro de nossa vida de fé. 

Fostes resgatados, não por meio de coisas perecíveis, como a prata e o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um Cordeiro sem mancha e sem defeito. Antes da criação do mundo ele foi destinado para isso. Por ele alcançamos a fé em Deus; por ele, nossa vida ganhou um novo sentido; por ele, não mais vivemos e agimos como o mundo das trevas! E porque Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, a nossa fé e a nossa esperança estão em Deus, estão firmadas na Rocha! 

Não tenhais medo de colocar em Cristo toda a vossa vida e toda a vossa esperança! É ele quem nos fala agora, na Palavra, e agora mesmo, para que nossos olhos se abram e o reconheçamos, ele mesmo nos partirá o Pão. A ele a glória pelos séculos!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

GLADIADOR

Alguns Padres da Igreja colocaram numa imagem todo o mistério da redenção. Imagina, dizem, que aconteceu, no estádio, uma luta épica. Um herói enfrentou o cruel tirano que escravizava a cidade e, com enorme esforço e sofrimento, o venceu. Você estava na arquibancada, não lutou, não se esforçou e nem teve feridas. Mas, se você admira o herói, se se alegra com ele pela vitória, se tece-lhe uma coroa, se anima e exalta a platéia por ele, se se ajoelha com alegria diante do vencedor, beija a sua cabeça e aperta a sua mão direita; em suma, se tanto se exalta por ele, a tal ponto de considerar como sua a vitória dele, eu lhe digo que você terá com certeza parte no prêmio do vencedor. 


E tem mais: suponha que o vencedor não tenha nenhuma necessidade do prêmio que conquistou para si, mas que deseje, mais do que qualquer outra coisa, ver o seu admirador honrado e considere que o prêmio da sua luta seja a coroação do seu amigo, em tal caso aquele homem não terá talvez a coroa, mesmo sem ter lutado e sem ter feridas? Claro que vai! 

Dessa forma, dizem esses Padres, acontece com Cristo e conosco. Ele, na cruz, derrotou seu antigo adversário. As nossas espadas não estão sujas de sangue, não estivemos na arena, não temos lesões, nem sequer vimos a batalha, e eis que temos a vitória. Sua foi a luta, nossa a coroa. E porque também nós vencemos, imitemos o que os soldados fazem nesse caso: com vozes de alegria exaltemos a vitória, entoemos hinos de louvor ao Senhor. Não poderia ser explicado melhor o significado da liturgia que estamos celebrando. 

Mas o que estamos fazendo é, em si, uma imagem, a representação de uma realidade passada, ou é a própria realidade? Ambas as coisas! Nós sabemos e acreditamos com fé certíssima que Cristo morreu só uma vez por nós. Sabeis perfeitamente bem que tudo isto foi feito apenas uma vez e ainda assim a solenidade periodicamente o renova. Verdade histórica e solenidade litúrgica não estão em contradição entre si, como se a segunda fosse falácia e somente a primeira correspondesse à verdade. Do que a história afirma ter acontecido uma só vez na realidade, a solenidade renova muitas vezes a celebração nos corações dos fiéis.

A liturgia "renova" o evento: quantas discussões, durante cinco séculos até hoje, sobre o sentido desta palavra, especialmente quando é aplicada ao sacrifício da cruz e à Missa! Paulo VI usou um verbo que poderia pavimentar o caminho para uma compreensão ecumênica sobre tal argumento: o verbo “representar”, compreendido no sentido forte de reapresentar, ou seja tornar novamente presente e operante o acontecido”. 

Há uma diferença substancial entre a representação da morte de Cristo e aquela, por exemplo, da morte de Júlio César na tragédia de Shakespeare. Ninguém assiste, estando vivo, o aniversário da própria morte; Cristo sim, porque ressuscitou. Somente Ele pode dizer, como faz no Apocalipse: "Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” (Ap 1,18).Devemos ter cuidado neste dia, participando nas procissões do Cristo morto, de não merecermos a censura que o Ressuscitado dirigiu às piedosas mulheres na manhã de Páscoa: "Por que procurais Aquele que vive entre os mortos?" (Lc 24,5). É uma afirmação ousada, mas verdadeira aquela de certos autores ortodoxos. “O memorial litúrgico, faz o evento mais verdadeiro do que quando aconteceu historicamente pela primeira vez". Em outras palavras, mais real e verdadeiro para nós que o revivemos “segundo o Espírito”, do que para aqueles que o viveram "segundo a carne", antes que o Espírito Santo revelasse à Igreja o pleno significado. 

Não estamos apenas comemorando um aniversário, mas um mistério. Na celebração “à maneira de aniversário”, não se pede outra coisa mais do que “indicar o dia do ano no qual cai a lembrança do mesmo acontecimento”; na celebração a modo de mistério, “não somente se comemora um acontecimento, mas é feito também de tal forma que se entenda o seu significado e seja acolhido santamente” Isso muda tudo. Não se trata somente de assistir a uma representação, mas de “acolher” o significado, de passar de espectador à ator. Cabe a nós portanto escolher qual parte queremos representar no drama, quem queremos ser: se Pedro, se Judas, se Pilatos, se a multidão, se o Cireneu, se João, se Maria … Ninguém pode permanecer neutro; não tomar partido, é tomar um bem preciso: aquele de Pilatos que lava as mãos, ou da multidão que de longe "permanecia lá, a olhar " (Lucas 23, 35). Se voltando para casa, nesta tarde, alguém nos perguntar: "De onde vens? Onde estivestes?", respondamos, portanto, pelo menos em nossos corações: "No Calvário!" 

Mas nada disso acontece automaticamente, só porque participamos nesta liturgia. Trata-se, de “acolher” o significado do mistério. Isto acontece com a fé. Não há música, onde não há um ouvido que a escute, por mais que a orquestra toque forte; não há graça, onde não há uma fé que a acolha. 

"Para cada homem, o princípio da vida é aquele, a partir do qual Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo é imolado por ele quando ele reconhece a graça e se torna consciente da vida que lhe foi dada por aquela imolação” Isso aconteceu sacramentalmente no Batismo, mas deve sempre acontecer conscientemente de novo na vida. Devemos, antes de morrer, ter a coragem de fazermos um golpe de audácia, quase como um golpe de mão: apropriar-nos da vitória de Cristo. A apropriação indevida! Uma coisa comum infelizmente na sociedade na qual vivemos, mas com Jesus essa não somente não está proibida, mas é sumamente recomendada. “Indevida” aqui significa que não nos é devido, que não nos é merecido, mas nos é dado gratuitamente, pela fé. 

O que não posso obter por mim mesmo, o aproprio (literalmente, o usurpo!) com confiança do lado aberto do Senhor, porque está cheio de misericórdia. Meu mérito, por isso, é a misericórdia de Deus. Não sou tão pobre de méritos, enquanto ele seja rico de misericórdia. Que se as misericórdias do Senhor são muitas (Sl 119, 156), eu porém terei muitos méritos. Ó Senhor, me lembrarei somente da tua justiça. De fato, ela é também a minha, porque tu és para mim justiça de Deus" (cf. 1 Cor 1, 30). 

Que esta forma de conceber a santidade, no entanto, não nos deixe menos zeloso das boas obras, menos comprometidos na aquisição das virtudes. menos negligenciasses em mortificar o corpo para liberta-lo da escravidão do pecado, pois é exatamente essas práticas que nos fazem antes de todos e mais do que todos, apropria-nos da justiça de Cristo. 

Em Porto Alegre, como infelizmente em todas as grandes cidades, há muitos moradores de rua. Sem-tetos, seres humanos que não têm mais do que poucos 3 trapos que carregam e algum objeto que trazem consigo em sacos plásticos. Imaginemos que um dia se espalha a notícia: No Shopping há uma boutique luxuosa que, por razões desconhecidas, de interesse ou de generosidade, convida todos os moradores de rua a virem para o seu negócio; lhes convida a tirar os seus trapos imundos, a tomar um bom banho e depois a escolher o vestido que desejam entre aqueles exibidos e levá-los, assim, de graça. 

Todos dizem entre si: “Isto é um conto de fadas, nunca acontece”. Verdadeiríssimo, mas o que nunca acontece entre os homens é o que pode acontecer a cada dia entre os homens e Deus, porque, diante Dele, aqueles moradores de rua somos nós! É o que acontece conosco depois de uma boa confissão: tire as suas roupas sujas, os pecados, receba o banho da misericórdia e levante-se que estás “revestido das vestes da salvação, coberto com um manto de justiça”. 

O publicano da parábola subiu ao templo para orar; disse simplesmente, mas do fundo do coração: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!", e "voltou para casa justificado" (Lc 18, 14), reconciliado, feito novo, inocente. O mesmo, se temos a sua fé e o seu arrependimento, se poderá dizer de nós voltando à casa depois desta liturgia. 

Entre os personagens da paixão que podemos nos identificar mais do que ninguém, espera quem lhe siga o exemplo: o bom ladrão. O bom ladrão faz uma confissão completa dos pecados; diz ao seu companheiro que insulta Jesus: “Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a nós, é de justiça; estamos pagando por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal” 

O bom ladrão se mostra aqui um excelente teólogo. Só Deus de fato, se sofre, sofre absolutamente como inocente; qualquer outro ser que sofre deve dizer: "Eu sofro com justiça," porque, embora não seja responsável pela ação imputada, nunca está totalmente sem culpa. Só a dor das crianças inocentes é semelhante àquela de Deus e por isso é tão misteriosa e tão sagrada. Quantos crimes atrozes que permanecem, nos últimos tempos, sem culpados, quantos casos não resolvidos! O bom ladrão faz um apelo aos responsáveis: façam como eu, venham à luz, confessem a vossa culpa; experimentareis também vós a alegria que eu senti quando ouvi a palavra de Jesus: “Hoje estarás comigo no paraíso!”. 

Quantos réus confessos podem confirmar que foi assim também para eles: que passaram do inferno ao paraíso no dia que tiveram a coragem de arrepender-se e confessar a sua culpa. Eu também conheci alguns. O paraíso prometido é a paz da consciência, a possibilidade de olhar-se no espelho ou olhar para os próprios filhos sem ter que desprezar-se. 

Não carreguem convosco até o túmulo o vosso segredo; encontraríeis uma condenação muito mais temível do que aquela humana. O nosso povo não é cruel com quem errou mas reconhece o mal feito, sinceramente, não somente por algum interesse. Pelo contrário! Está pronto para ter pena e acompanhar o arrependido no seu caminho de redenção (que de qualquer forma, torna-se mais curto). 

"Deus perdoa muitas coisas, por uma obra boa". Ainda mais, devemos dizer, que ele perdoa muitas coisas por um ato de arrependimento. Ele prometeu solenemente: “Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão alvos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim tornar-se-ão como a lã” (Is 1, 18).
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