terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PAREI DE BEBER

"Sempre usei a bebida como muleta na minha vida"

"Aos 15 anos, saía para beber com amigos nos fins de semana e dizia a meus pais que estava indo à sorveteria. Bebia para me soltar. Nos tempos da faculdade de administração, todos os dias ia beber cerveja com os amigos. Por várias vezes, saí carregada de festas e não me lembrava de nada no dia seguinte. Quando fiquei grávida, diminuí a quantidade de bebida, mas não parei de beber. No fim do meu casamento, passei a beber muito, todos os dias. Cheguei ao ponto de abandonar a faculdade e não cuidar da minha filha como deveria. Sempre usei a bebida como muleta. Em outubro, meu pai me levou para uma clínica de recuperação. Meu maior sonho é abraçar minha filha, já livre do vício."*

Ana Paula do Carmo, 40 anos. 

"Há sete anos não sei o que é sentir o gosto do álcool" 

"Quis ser radical na escolha do meu tratamento. Não podia mais conviver com a preocupação do meu marido e das minhas filhas em relação a mim. Além disso, tinha medo de decepcioná-los. Por isso, optei por ser medicada e me livrar da bebida de uma vez por todas. Durante três meses usei a medicação e, por quatro anos, frequentei um grupo de apoio. Há sete anos não sei o que é sentir o gosto do álcool. Nenhum tratamento teria sido eficaz, porém, sem a compreensão e a paciência da minha família. Sem eles, na verdade, não teria nem mesmo notado que estava me tornando alcoólatra."

Maria Cristina de Camargo, 57 anos 

"Tinha de beber para me sentir normal" 

"Eu comecei a beber aos 12 anos, com meus amigos. Depois da aula, nós íamos para o centro da cidade e bebíamos vinho, cerveja, vodca... No fim da tarde, voltava para casa, tomava um banho e já saía para beber de novo. Quando estava sóbrio, eu me sentia estranho; tinha de beber para me sentir normal. Aos 15 anos, meus pais me internaram pela primeira vez. Mas, naquela fase, eu não queria me tratar. Só agora tenho vontade de voltar a estudar, começar a trabalhar, melhorar a relação com minha família. Eu já magoei demais minha mãe. Ela ficava desesperada de me ver bebendo tanto. A lembrança do sofrimento de minha mãe é que me dá forças para tentar largar o álcool. Não quero mais fazê-la sofrer."

Newiton de Moura Silva, 20 anos 

"Quero receber alta dos médicos, da minha família e de mim"

"Ao contrário da maioria dos homens, comecei a beber tarde, aos 25 anos, quando estava na faculdade de matemática. Durante um bom tempo, conseguia beber apenas socialmente. O álcool virou um problema quando fui demitido, aos 35 anos. Na ocasião, eu já tinha minhas três filhas e fiquei com muito medo de não conseguir outro emprego. Quando me dei conta, estava bebendo durante a semana e de dia – o que eu nunca havia feito antes. Um ano depois, quando consegui um novo trabalho, bebia nove doses de destilado diariamente – uísque, vodca ou pinga. Eu acordava e tomava duas doses. Era assim que eu tentava controlar os tremores nas mãos. Tinha muito receio de que o pessoal do escritório percebesse a minha crise de abstinência. Hoje estou me tratando. Quero me recuperar e receber alta tripla: dos médicos, da minha família e de mim mesmo." 

Cícero Eduardo, 51 anos

EVITE O PRIMEIRO GOLE

Quando viemos para O CRIC, alguns de nós dissemos que não sabíamos se éramos ou não dependentes. Sabíamos que éramos infelizes e que bebíamos e consumíamos drogas demais. Mas não tínhamos decidido se éramos infelizes porque consumíamos entorpecentes demais ou se consumíamos entorpecentes demais porque éramos infelizes.

Sugeriram-nos que tentássemos mudar o padrão, parando de consumir drogas e seguindo “Doze Passos” para ver se nossas vidas não mudavam. Mudaram! Viemos a acreditar que não existe problema que um gole, uma dose de entorpecente ou uma pílula não piorem e não possam ser evitadas.

Estou convencido de que a abstinência é o único caminho? 

“Senhor, ajuda-me a transmitir esta mensagem: se simplesmente não tomarmos um gole, uma pílula ou uma dose de entorpecente, nossas vidas mudarão para melhor.

IMATURIDADE

Uma das questões que mais tem preocupado os pais e os grupos de apoio em nos dias, é a forma como os jovens têm tentado resolver problemas e crises em todos os aspectos: familiar, social, profissional e pessoal.


Essa geração tem mostrado uma assustadora imaturidade. O fato de aprenderem mais rápido, terem acesso a informações que há vinte anos nem imaginávamos, não quer dizer que tenham condição individual de administrarem conflitos.

Muitos jovens, diante de uma sociedade caótica, não têm conseguido tomar decisões e elaborar propostas de vida coerentes e positivas. 

As pessoas estão confusas nas relações que estabelecem: famílias permissivas, grupos de amigos perversos e fúteis e uma rede profissional muito competitiva. Muitos ligados às questões materiais, onde valores morais estão se perdendo. Ter tem sido mais importante do que ser. A noção de respeito, valorização pessoal e até do amor, tem ficado em segundo plano.

E então nesse meio social competitivo, superficial e sem regras, veem frustrações de forma arrasadora. A maioria dos nossos jovens não tem tido capacidade emocional e nem posicionamento cognitivo para passar por essas frustrações, e vão compensando de forma cada vez mais inadequada. Nesse momento que aparecem as drogas, o desrespeito (bulling, preconceito) e assim começam a passar por cima dos outros a qualquer custo. Transformam-se então em pessoas perdidas e infelizes.

Temos que ajudá-los, desde pequenos, a terem segurança, autonomia, noção do próximo e valores de forma geral, para que possam passar por essas situações com mais tranquilidade.

Mostrar que em nosso mundo temos regras e limites e que é de extrema importância na construção da segurança interna de uma pessoa.

Precisamos ajudá-los na percepção de seus sentimentos e de suas capacidades, pois necessitam de ajuda para identificar e resolver problemas. Precisamos proporcionar a vivência de situações, participando de organizações domésticas e sociais e incentivando a autonomia e as tomadas de decisões e de atitudes.

Precisamos estimular a construção de desejos e objetivos de vida, que possam motivar sempre esta pessoa, e que assim estes aspectos não permitam que as crises façam o jovem optar por resoluções rápidas e, muitas vezes negativas, inconsequentes e sem volta.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

No século XVII, a França viva uma épocas turbulentas, com crises no campo político, religioso, econômico e social, onde havia uma grande hostilidade à Igreja. No tocante a fé havia os puritanos: de coração estreito e mente pequena, amedrontados diante de um Deus severo e castigador, e em contraposição os libertinos: com sua pratica oposta. Esses dois grupos davam à época um aspecto sombrio, marcado pelo pecado, materialismo e descristianização. Em contraposição a esses extremos, o Sagrado Coração de Jesus vem se mostrar em sua infinita misericórdia, bondade e amor por todos nós.

Neste contexto, Santa Margarida Maria Alacoque é escolhida por Deus para revelar ao mundo o Coração de Jesus: “o amor não correspondido, que pede desagravo, reparação de todos os fiéis, à luz da misericórdia de Jesus Cristo, o redentor, enviado pelo Pai para salvar e não para condenar”.

Assim nos ensinou São João Paulo II: “Queridos Irmãos e Irmãs, contemplemos o Sagrado Coração de Jesus, que é fonte de vida, porque por seu intermédio se realizou a vitória sobre a morte. Ele é também fonte de santidade, porque nele é derrotado o pecado, que é inimigo da santidade, inimigo do progresso espiritual do homem. No Coração do Senhor Jesus, tem início à santidade de cada um de nós. Aprendamos deste coração o amor a Deus e a compreensão do mistério do pecado. Façamos atos reparadores ao Divino Coração pelos pecados cometidos por nós e pelo nosso próximo. Reparemos pela recusa da bondade e do amor de Deus. Aproximemo-nos todos os dias desta fonte de água viva. Invoquemos com a samaritana: «dai-nos desta água», porque ela dá a vida eterna. Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, Coração de Jesus, fonte de vida e de santidade, Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados – tende piedade de nós. Amém”. (Palavras de São João Paulo II)

Santa Margarida Maria Alacoque manifestou desde muito cedo a graça de uma vida mística extraordinária, mas as Grandes Revelações sobre o Sagrado Coração de Jesus ocorreram entre dezembro de 1673 e junho de 1675.

Na primeira Grande Revelação Jesus fala de seu imenso amor por nós, acontece logo após o natal de 1673, Santa Margarida Maria relata as palavras a ela dirigidas por Nosso Senhor: “Meu Coração divino é tão apaixonado de amor pelos homens, e por ti em particular, que não mais podendo conter em si as chamas de sua caridade ardente, é preciso que elas se difundam por teu intermédio, e que ele se manifeste aos homens para enriquecê-los de seus tesouros preciosos, que eu aqui manifesto, e que contêm as graças santificantes e salvíficas necessárias para retirá-los do abismo de perdição”.

A segunda Grande Revelação é ainda mais impressionante. Na primeira sexta-feira de 1674, Nosso Senhor mostra seu Sagrado Coração, à Santa Margarida. Ouçamos a sua discrição dessa aparição: “Este Coração divino me foi apresentado como num trono de chamas, mais radiante que um sol, com sua chaga adorável. Estava rodeado de uma coroa de espinhos, que significava as ofensas que nossos pecados lhe faziam. Era ainda encimado por uma cruz. E Ele me fez ver que o ardente desejo que tem de ser amado pelos homens e de retirá-los da via de perdição, em que satanás os precipita em multidão; e que por esse ardente desejo de salvar a humanidade resolve manifestar seu Coração aos homens, com todos os tesouros de amor, de misericórdia, de graça, de santificação e de salvação que contem. E mais: Onde esta imagem (do Sagrado Coração) fosse exposta, para ser honrada, Ele ali difundiria suas graças e bênçãos”.

Na terceira Grande Revelação, ainda em 1674, Nosso Senhor pede um culto reparador, bem como a comunhão frequente, a comunhão das primeiras sextas-feiras e a Hora Santa na quinta-feira.

Na quarta Grande Revelação, que ocorreu em 20 de junho de 1675, Nosso Senhor afirmou à santa: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências e sacrilégios, e pela frieza e desprezo que tem para comigo na Eucaristia. Entretanto, para Mim mais doloroso, há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para honrar meu Coração, comungando neste dia e reparando-o pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto nos altares. Prometo-te que meu Coração se dilatará para derramar os influxos de seu amor divino sobre aqueles que lhe prestarem esta honra”. 

Por fim, existe a chamada Grande Promessa do Sagrado Coração, que é a graça da penitência final, acontecida em maio de 1688: “Numa sexta-feira, durante a Santa Comunhão, Ele disse à sua indigna escrava: – Eu te prometo, que concederei a todos aqueles que comungarem consecutivamente nas nove primeiras sextas-feiras dos meses, a graça da penitência final, não morrendo na minha desgraça e sem receber os sacramentos, meu Coração divino se tornando seu asilo seguro no último momento”.

sábado, 18 de outubro de 2014

CÉSAR X DEUS

Os inimigos de Jesus prepararam uma armadilha. Fico pensando quanto tempo e energia eles deve, der gasto com isso? Quantas pessoas cegas pela raiva, pela mágoa, pela inveja entram por esse caminho absurdo, gastam anos de suas vidas, remoendo rancores, planejando vinganças, perdem sono planejando o mal, impetrando processos, lutas judiciais intermináveis, tanta energia, tanto tempo de vida que bem podia estar gastando com coisas boas, fazendo o bem, gastam mal fazendo o mal. Vai amassa um pão, ai bate um bolo, vai arrumar um armário que você ganha mais, do que ficar remoendo magoas e rancores.  
Bem, mas eles de Primeiro o elogiaram com hipocrisia no coração, aqui mais um alerta para nós cuidado com quem faz as coisas pra te agradar, pessoas que ficam te elogiando, em geral logo atrás vem um pedido, uma traição, quando a esmola é demais até o santo desconfia.
 Mas, apesar de terem maldade no coração falaram a verdade: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências”. Tudo Verdade. Porem um elogio seguido por uma armadilha, como se fosse a isca da arapuca: “É lícito ou não pagar o imposto a César?”
-Se Jesus respondesse “sim”, seria acusado de apoiar os opressores pagãos romanos, impuros e odiados pelo povo;
- Se respondesse “não”, seria acusado de revoltoso contra Roma diante de Pôncio Pilatos;
-Se respondesse “não sei”, seria desmoralizado como incompetente;
Eis, pois: a armadilha era perfeita! Mas, a resposta de Jesus foi verdadeiramente admirável! Pediu uma moeda, perguntou de quem era a inscrição... “Então, se usais a moeda de César, é porque César é quem manda de fato! Daí, pois, a César o que é de César!” E, então vem o complemento. Impressionante: “Mas, daí a Deus o que é de Deus!”
Mas atenção, não entendamos mal, Jesus não está dividindo o mundo, em duas áreas: uma para Deus e outra para César. Deus e César, lado a lado... Nada disso! Ao ensinar a dar a César o que é de César, o Senhor nos convida a respeitar as estruturas da sociedade em que vivemos, a levá-las a sério, a bem viver nelas. César, aqui, significa o mundo em que vivemos: a política, a Pátria, a família; o trabalho, o emprego, o esporte, os amigos e os nossos sonhos nossos... Tudo quanto é humano e legítimo pode e deve ser apreciado e respeitado pelos cristãos. Podemos dar a César o que é de César, sem medo nem temor!
Ao ensinar a dar a Deus o que é de Deus, o Senhor nos recorda que somente Deus é Deus, o que tudo lhe pertence; absolutamente, tudo! De Deus é a nossa vida, e a nossa morte, de Deus é tudo quanto temos, vivemos e somos: Daí a César o que é de César, mas recordemos que também César pertence a Deus! César não é Deus!
César se julgava Deus, era chamado “Divino César”, considerava-se senhor da vida e da morte! Ora, Jesus nega a César tal pretensão! César é somente César e, como César, morrerá!
Tudo passa só Deus não muda. Aqui um alerta contra a grande tentação de colocar coisas no lugar de Deus: o poder, a riqueza, o sucesso, o prazer, a beleza. Todas as coisas passam, morem desaparecem são esquecidas, só Deus permanece.  Como lembra a primeira leitura de hoje, que tudo vem de Deus, que estamos nas suas mãos, que tudo é, misteriosamente, fruto da sua providência.
Por exemplo, o sujeito coloca sua segurança no dinheiro, vem as dificuldades financeira, ruína total, coloca na beleza física, passam-se os anos as coisas começam a cair, ruína total, mas quem coloca em Deus nunca será desapontado.  
O Cristão, tu deve participar da construção da sociedade... Deve saber apreciar o que de bom e de belo existe no mundo... Mas, não pode esquecer: nada disso é Deus, nada disso merece tua adoração, nada disso deve prender teu coração: nem família, nem pátria, nem amigos, nem posse, ideias ou poder! Só o Senhor é Deus! A César, o que é de César; a Deus tudo, pois tudo é de Deus! Viver assim é crer de verdade, é levar Deus a sério de verdade!
Grande erro seria pensar que podemos colocar Deus no meio de tantos e tantos amores, de tantas e tantas paixões, fazendo dele apenas mais uma, entre tantas realidades da vida. Ele é tudo, ele é o Tudo, como dizia São Francisco de Assis: “Tu és o Bem, todo o Bem, o Bem universal!”

Ao Senhor a honra e a glória eternamente!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

DEPENDENTES TROCAM DROGAS PELO AÇÚCAR

Por PE. HAROLDO J. RAHM

João Araújo tinha 21 anos e pesava 61 quilos quando deixou de consumir heroína e cocaína. Três anos depois, ainda estava livre das drogas, mas pesava 130 quilos. Ele atribuiu o ganho de peso aos alimentos calóricos que eram servidos no centro de reabilitação.

“Depois que fiquei sóbrio, continuei a comer essas coisas horríveis”, disse João, hoje com 29 anos e fundador de uma Comunidade Terapêutica, um centro de tratamento em São Paulo.

“Aprendi a estar sóbrio, mas não me cuidava em relação às outras coisas. Não sabia cozinhar nem fazer supermercado, porque nunca tinha feito isso.”

Sua história é semelhante às dos que estão em recuperação, pessoas que geralmente engordam muito na caminhada rumo ao bem-estar. A maioria dos programas de reabilitação não dá muita atenção à nutrição nem tem um programa adequado de controle de ansiedade, que é um dos principais fatores que faz as pessoas comerem demais.

Existem lugares onde o principal foco é apenas livrá-los da substância, e o resto se ajeitaria por si só.

Apesar de frutas, hortaliças e proteínas serem servidos nos centros de reabilitação, as dietas também incluíam equivocadamente açúcares refinados, refrigerantes, energéticos e petiscos açucarados, gordurosos ou com muito sal (os chamados “hiperpalatáveis”).

O açúcar foi considerado um substituto inofensivo para as drogas e para o álcool. Os Alcóolicos Anônimos pedem que os dependentes sempre tenham um doce.

Mas, apesar de os doces terem aliviado a “fissura” por drogas de algumas pessoas, muitas delas acabaram “transferindo o vício” para o açúcar.

“Uma vez livre das drogas, o cérebro sente falta das recompensas dos hiperpalatáveis”, pois liberam substâncias químicas que causam prazer.

Então a pessoa acaba por transferir o vício da cocaína, por exemplo, para os bolinhos de chocolate, entre outros.

Estudo publicado em 2013 no “The American Journal of Clinical Nutrition” mostrou que o açúcar estimula a “fissura”.

Outro estudo de 2013 constatou que, pelo menos em cobaias, biscoitos ativaram o núcleo accubens, o centro de recompensa ou prazer do cérebro, tanto quanto a cocaína e a morfina. Isso tem um efeito na psique e na autoestima do dependente.

Alguns tem recaídas porque estão muito desgostosos com a quantidade de peso que ganharam.

Não querem investir de 4 a 6 meses em dieta rigorosa e exercícios. Por isso consomem estimulantes, ou às vezes cocaína, para perder peso.

Com maior consciência dos efeitos do açúcar, algumas clínicas de reabilitação estão reformulando suas dietas. “Estamos substituindo as soluções ruins pelas saudáveis”.

Os pacientes plantam hortaliças e estão proibidos de consumirem açúcares processados, cafeína ou bebidas energéticas.

A maioria dos jovens não sabe como escolher os alimentos, para quem uma dieta apropriada pode desempenhar um papel vital, pois maximiza a recuperação de uma maneira sustentável e duradoura.
“Senhor, ensina-me a resolver as minhas ansiedades internas e a comer menos para compensar a ausência de drogas.”

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

TEM MEDO DE QUE?

Há várias espécies de temores: o temor mundano, o temor servil a Deus e o temor filial a Deus. Destes, só o último é o Temor de Deus. 

O temor humano é o medo que se sente com relação a criaturas ou situações mundanas. São temores humanos o medo de pessoas, como a mulher que teme o marido ou o marido que teme a esposa, os filhos que temem o pai ou a mãe, os alunos que temem os professores... 

São temores às situações mundanas, por exemplo, o medo de andar de elevador, o medo do escuro, o medo de tempestades, etc. Incluem-se ainda nesta classe os medos supersticiosos, como o medo de passar embaixo de uma escada, o medo de ver um gato preto cruzar o caminho, o medo do dia 13... Os temores ou medos mundanos originam-se de traumas. Podem desaparecer pela oração de cura interior ou por tratamentos psicológicos adequados. 

O temor servil é principalmente o medo de ser castigado por Deus, de ir para o inferno. Esse temor é gerado pela ideia de um Deus que nos vigia constantemente, pronto a nos castigar pelas nossas faltas. E isso nos inquieta, agita, deprime. O temor servil pode afastar-nos do pecado, mas é um temor imperfeito, porque não se baseia no amor de Deus. 

O temor de Deus é filial. É o temor de nos afastar do Pai que nos criou e que nos ama, de ofender a Deus que, por amor, sempre nos perdoa. O filho que ama o pai não quer ficar longe dele nem fazer algo que o possa magoar. É um temor nobre que brota do amor. Um temor filial, perfeito e amoroso. 

O temor de Deus é um dom do Espírito Santo que nos inclina ao respeito filial a Deus e nos afasta do pecado. Este compreende três atitudes principais: 

- O vivo sentimento da grandeza de Deus e extremo horror a tudo o que ofenda sua infinita majestade; 

- Uma viva contrição das menores faltas cometidas, por haverem ofendido a um Deus infinito e infinitamente bom, do que nasce um desejo ardente e sincero de as reparar; 

- Um cuidado constante para evitar ocasiões de pecado.

AI DE TI

É admirável o modo sincero e transparente como Jesus partilha com os discípulos, enviados em missão, sua própria experiência de fracasso. Longe de revelar fraqueza, suas palavras revelam o respeito que ele tinha pela liberdade humana. Em hipótese alguma, a proposta do Reino tornou-se imposição na vida das pessoas. Diante do Reino, deveriam decidir-se livremente e assumir as conseqüências desta decisão.

Várias cidades ao redor do lago de Genesaré fecharam-se à pregação de Jesus. Corozaim, Betsaida e Cafarnaum estão entre aquelas que não aderiram nem se mostraram capazes de dar ouvido aos ensinamentos do Mestre. Os milagres nelas efetuados teriam sido suficientes para converter até mesmo cidades pagãs, motivando-as a fazer penitência.

A lamentação profética de Jesus: “Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida!” comporta um apelo extremo à conversão. Apelo amargo e incisivo! Fechando-se para o Reino, as cidades impenitentes corriam risco por se terem mostrado hostis para com o Filho de Deus, rejeitando o convite divino à conversão que ele lhes dirigia.

As maravilhas da criação expressam o grande amor de Deus, que não contentou-se em somente nos dar a vida, como quis também nos cercar de cuidados, tanto para o nosso corpo, quanto para o nosso espírito! Para nos garantir uma boa qualidade de vida, Deus nos ofereceu a natureza de onde tiramos o nosso alimento corporal e para o alimento espiritual, Ele nos ofereceu Jesus! Pena que muitos de nós, somos filhos ingratos, não valorizamos estes bens gratuitos!

Vivemos na era dos descartáveis, descartam-se pessoas, valores que devem nortear a nossa vida, como o valor da fé, da família... E assim a humanidade vai se distanciando cada vez mais de Deus, trocando a verdade do evangelho pela inverdade do mundo.

O ter, o poder, o prazer, aliena o homem, dando-lhe uma falsa alegria que mascara a pior de todas as doenças da humanidade: a insensibilidade do coração.

E mesmo com tantas respostas ingratas a este amor sem limites, Deus não desiste do humano, Ele não cansa de esperar pela sua conversão!

Na pessoa de Jesus, o céu e a terra se encontram, Jesus é o caminho humano para chegar a Deus e o caminho Divino para chegar à humanidade!

No evangelho de hoje, Jesus censura o comportamento de um povo que recebeu por várias vezes a manifestação de Deus na pessoa de Jesus, um povo que presenciou tantos milagres, mas que mesmo assim não se converteram.

Hoje, são muitos os que têm o conhecimento da palavra de Deus, mas que mesmo assim, fazem opção pelos caminhos mais largos: os caminhos do mundo são os que conhecem a verdade, mas preferem viver na mentira, que conhecem a luz, mas fazem opção pelas trevas!

Existem também os que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a Luz! E nós, ao invés de ficarmos insistindo com aqueles que recusam a Luz, avancemos para águas mais profundas, indo ao encontro dos irmãos que ainda não conhecem a verdade que liberta!

Como filhos e filhas amados de Deus, não podemos deixar que a sociedade, na sua ambição desmedida, nos imponha modelos de vida que foge a verdade do evangelho!

Não podemos ficar indiferentes às inúmeras graças que recebemos a todo instante, e nem deixar que irmãos nossos desconheçam o evangelho!



Estejamos sempre atentos, para que Jesus nunca nos surpreenda com esta dura expressão “Ai de ti”...

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A EPIDEMIA DO SÉCULO

por

Juliano Filipe Rigatti

Gerente Regional de Comunicação no Walmart Brasil

A co-dependência contamina aqueles que não sabem usar o "não" na hora certa. "É doído. Às vezes passamos por malvados, mas é necessário", conta Maria Rosária, também voluntária do grupo Betânia, da Restinga. A co-dependência nos afeta e afeta principalmente os familiares dos dependentes químicos. Co-dependente é alguém que acredita ser responsável pela felicidade alheia, mas que pouco cuida da sua. Diz muitos "sim" na intenção de demonstrar seu amor e seu afeto, mas esquece que, evitando o "não", deixa de ajudar na cura da pessoa que ama.
O livro Co-dependência Nunca Mais, da jornalista norte-americana Melody Beattie, explica um pouco das razões que nos levam a evitar o "não". "Não fazemos isso de propósito. Fazemos isso porque aprendemos a comunicarmo-nos desta forma. Em alguma época, talvez em nossa infância ou na família adulta, aprendemos que não devemos conversar sobre problemas, expressar emoções e opiniões. Aprendemos que não se deve dizer exatamente o que se quer e deseja. Era definitivamente errado dizer 'não', e defendermos algo por nós mesmos. Um pai ou cônjuge alcoólico ficará feliz em ensinar essas regras; nós estávamos prontos a aprendê-las e aceitá-las."
Mais do que explicar como aprendemos que não devemos dizer "não", o livro de Beattienos indica o provável professor. Já ouvimos casos em que pessoas que conviveram com dependentes químicos -- e foram co-dependentes, por conseqüência -- aprenderam a conviver dizendo "sim" a todo instante e repetem este padrão na vida adulta, com o esposo(a) ou filho drogado.
O "não" bem colocado cria limites. O bebê e a criança precisam de muitos "não" para aprenderem até onde podem ir. "Não pegue o lápis do coleguinha porque este lápis não é seu", deve dizer um pai. A criança aprenderá o seu limite e entenderá as razões que o levam a obedecê-lo. Na vida adulta, nos deparamos com "Não estacione", "Não ultrapasse a faixa", "Não buzine", "Não beba antes de dirigir". Se ignoramos estas regras, somos punidos.
O dependente químico perde essa noção, a noção da transgressão. Para ele, tudo pode em favor da droga. Os seus responsáveis precisam usar o "não" para restabelecer os limites na vida do dependente químico. O "não" do pai ou do(a) esposo(a) é uma forma de disciplina. O "sim", ao contrário, é como dizer "faça tudo de novo".
Mas o "não" precisa ser dito com consciência e sabendo onde se quer chegar. Por isso, antes do "não" é importante que o responsável pelo dependente químico saiba que irá gerar uma crise com o seu "não". (Nunca ouviu falar de Crise? E antes de gerar uma Criseprocure um Grupo de Apoio do Amor-Exigente e prepare-se para enfrentar este problema que pode trazer um final muito feliz.

E o mais importante, o "não", embora não pareça, é uma forma de amor, de afeto. Você já ouviu as frases "quem ama, cuida" ou "quem ama, educa"? Pois é. Cuidar e amar no campo da dependência química é dizer "não".

terça-feira, 7 de outubro de 2014

CAMINHANDO SEM RAZÃO

As palavras e as ações de Jesus eram maravilhosas. Seu modo de ser tinha algo de especial, diferente de tudo que até então se tinham visto. Mas morte na cruz deixou os discípulos frustrados e desiludidos.

Os discípulos de Emaús retratam os cristãos desiludidos de todos os tempos. São os pessimistas, incapazes de projetar-se para além dos próprios horizontes. São cristãos nos quais a ressurreição ainda não produziu frutos. Irmãos, ainda hoje vemos muitas pessoas que se fixam nos aspectos negativo da vida, e não são capazes de perceber a realidade que vai muito mais além.

Só a descoberta do Ressuscitado permite ao cristão superar os reveses da vida. Aí então, ele se dará conta de que, apesar da cruz, vale a pena somar esforços para construir o Reino. Quantas vezes, caminhamos sem rumo, sem motivação e no declinar do dia, sentimos cansados, desanimados, sem nenhuma perspectiva de dias melhores.

Quando a nossa vida perde o sabor, quando nossos passos não nos levam a lugar nenhum, é sinal de que não estamos reconhecendo a presença de Deus em nossa vida, de que está nos faltando algo imprescindível, o alimento vital que nos devolve a alegria de viver, que nos mantém de pé nos vendavais da vida, que é a fé!

A fé nos motiva nos dá energia, vitalidade, nos devolve a esperança que o sofrimento insiste em roubar de nós! 

O evangelho de hoje, narra a história de dois discípulos, que não vendo mais razões para permanecerem em Jerusalém, após a morte de Jesus, decidem voltar para Emaús. Tristes e amedrontados com tudo que acontecera com o Mestre, a quem eles haviam depositado o destino de suas vidas, estes dois discípulos tomam o caminho de volta ao povoado de Emaús, carregando consigo um Jesus morto, o que os impediu de enxergar de imediato, o Jesus vivo que caminhava com eles!

Enfraquecidos na fé, eles haviam perdido a esperança muito rápido, dando a entender de que não haviam confiado no que Jesus lhes havia dito pouco antes de sua morte: “O filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.” Mt 17,22-23.
Nós também, às vezes somos assim, nem sempre confiamos no que Jesus nos diz, nem sempre O enxergamos junto de nós! Os discípulos de Emaús, só reconheceram Jesus, no momento em que Ele parte o pão. Foi a partir deste instante, que os seus olhos se abriram e eles puderam vivenciar a alegria da ressurreição de Jesus, tornando em seguida, mensageiros desta Boa Notícia: Jesus Cristo ressuscitou! Ele vive entre nós! Trata-se aqui de uma experiência Eucarística, é na missa meus irmãos é na mesa de Eucaristia de comunhão em comunhão que vamos fazendo a experiência transformadora do Cristo Vivo em nossas vidas.

Cheios de alegria fizeram o caminho de volta à Jerusalém, contando a todos a bela experiência do encontro que tiveram com o Cristo Ressuscitado!

Estes dois discípulos, que demoraram tanto para reconhecer Jesus, caminhando com eles, representam todos os aqueles, que ainda não tem uma fé consistente, que perdem a esperança diante a um suposto fracasso.
Que esta lentidão dos discípulos de Emaús, não se repita conosco, que não sejamos cegos, lentos para perceber a presença de Jesus caminhando conosco! Busquemos sempre nos alimentar na fé, pois é pela fé que enxergamos a presença do Cristo Ressuscitado no meio de nós!
O episódio, que nos foi apresentado, nos desperta também, para a importância de buscarmos sempre um jeito novo de viver a fé, chama a nossa atenção para algo que hoje quase não praticamos nas nossas relações humanas: o ouvir o outro, o caminhar com ele, o conhecer a sua história, seus sonhos... Foi isto que Jesus fez ao caminhar com os discípulos de Emaús.

Muitas vezes, somos indiferentes ao outro, até mesmos dentro de nossas próprias casas, quantos filhos mal se falam com seus pais, quantos pais não reservam tempo para os filhos. Estamos sempre apressados e com isso, não nos damos tempo para perceber no outro, a presença do Cristo Ressuscitado.

O mundo atual deseja apontar outros caminhos de realização para o homem; outras possibilidades de vida... Os cristãos não se iludem! Sabemos onde está a nossa vida, sabemos onde encontrar o caminho e a verdade de nossa existência: em Cristo sempre presente na Palavra e na Eucaristia experimentadas na vida da Igreja! Este é o centro de nossa vida de fé. 

Fostes resgatados, não por meio de coisas perecíveis, como a prata e o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um Cordeiro sem mancha e sem defeito. Antes da criação do mundo ele foi destinado para isso. Por ele alcançamos a fé em Deus; por ele, nossa vida ganhou um novo sentido; por ele, não mais vivemos e agimos como o mundo das trevas! E porque Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, a nossa fé e a nossa esperança estão em Deus, estão firmadas na Rocha! 

Não tenhais medo de colocar em Cristo toda a vossa vida e toda a vossa esperança! É ele quem nos fala agora, na Palavra, e agora mesmo, para que nossos olhos se abram e o reconheçamos, ele mesmo nos partirá o Pão. A ele a glória pelos séculos!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

GLADIADOR

Alguns Padres da Igreja colocaram numa imagem todo o mistério da redenção. Imagina, dizem, que aconteceu, no estádio, uma luta épica. Um herói enfrentou o cruel tirano que escravizava a cidade e, com enorme esforço e sofrimento, o venceu. Você estava na arquibancada, não lutou, não se esforçou e nem teve feridas. Mas, se você admira o herói, se se alegra com ele pela vitória, se tece-lhe uma coroa, se anima e exalta a platéia por ele, se se ajoelha com alegria diante do vencedor, beija a sua cabeça e aperta a sua mão direita; em suma, se tanto se exalta por ele, a tal ponto de considerar como sua a vitória dele, eu lhe digo que você terá com certeza parte no prêmio do vencedor. 


E tem mais: suponha que o vencedor não tenha nenhuma necessidade do prêmio que conquistou para si, mas que deseje, mais do que qualquer outra coisa, ver o seu admirador honrado e considere que o prêmio da sua luta seja a coroação do seu amigo, em tal caso aquele homem não terá talvez a coroa, mesmo sem ter lutado e sem ter feridas? Claro que vai! 

Dessa forma, dizem esses Padres, acontece com Cristo e conosco. Ele, na cruz, derrotou seu antigo adversário. As nossas espadas não estão sujas de sangue, não estivemos na arena, não temos lesões, nem sequer vimos a batalha, e eis que temos a vitória. Sua foi a luta, nossa a coroa. E porque também nós vencemos, imitemos o que os soldados fazem nesse caso: com vozes de alegria exaltemos a vitória, entoemos hinos de louvor ao Senhor. Não poderia ser explicado melhor o significado da liturgia que estamos celebrando. 

Mas o que estamos fazendo é, em si, uma imagem, a representação de uma realidade passada, ou é a própria realidade? Ambas as coisas! Nós sabemos e acreditamos com fé certíssima que Cristo morreu só uma vez por nós. Sabeis perfeitamente bem que tudo isto foi feito apenas uma vez e ainda assim a solenidade periodicamente o renova. Verdade histórica e solenidade litúrgica não estão em contradição entre si, como se a segunda fosse falácia e somente a primeira correspondesse à verdade. Do que a história afirma ter acontecido uma só vez na realidade, a solenidade renova muitas vezes a celebração nos corações dos fiéis.

A liturgia "renova" o evento: quantas discussões, durante cinco séculos até hoje, sobre o sentido desta palavra, especialmente quando é aplicada ao sacrifício da cruz e à Missa! Paulo VI usou um verbo que poderia pavimentar o caminho para uma compreensão ecumênica sobre tal argumento: o verbo “representar”, compreendido no sentido forte de reapresentar, ou seja tornar novamente presente e operante o acontecido”. 

Há uma diferença substancial entre a representação da morte de Cristo e aquela, por exemplo, da morte de Júlio César na tragédia de Shakespeare. Ninguém assiste, estando vivo, o aniversário da própria morte; Cristo sim, porque ressuscitou. Somente Ele pode dizer, como faz no Apocalipse: "Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” (Ap 1,18).Devemos ter cuidado neste dia, participando nas procissões do Cristo morto, de não merecermos a censura que o Ressuscitado dirigiu às piedosas mulheres na manhã de Páscoa: "Por que procurais Aquele que vive entre os mortos?" (Lc 24,5). É uma afirmação ousada, mas verdadeira aquela de certos autores ortodoxos. “O memorial litúrgico, faz o evento mais verdadeiro do que quando aconteceu historicamente pela primeira vez". Em outras palavras, mais real e verdadeiro para nós que o revivemos “segundo o Espírito”, do que para aqueles que o viveram "segundo a carne", antes que o Espírito Santo revelasse à Igreja o pleno significado. 

Não estamos apenas comemorando um aniversário, mas um mistério. Na celebração “à maneira de aniversário”, não se pede outra coisa mais do que “indicar o dia do ano no qual cai a lembrança do mesmo acontecimento”; na celebração a modo de mistério, “não somente se comemora um acontecimento, mas é feito também de tal forma que se entenda o seu significado e seja acolhido santamente” Isso muda tudo. Não se trata somente de assistir a uma representação, mas de “acolher” o significado, de passar de espectador à ator. Cabe a nós portanto escolher qual parte queremos representar no drama, quem queremos ser: se Pedro, se Judas, se Pilatos, se a multidão, se o Cireneu, se João, se Maria … Ninguém pode permanecer neutro; não tomar partido, é tomar um bem preciso: aquele de Pilatos que lava as mãos, ou da multidão que de longe "permanecia lá, a olhar " (Lucas 23, 35). Se voltando para casa, nesta tarde, alguém nos perguntar: "De onde vens? Onde estivestes?", respondamos, portanto, pelo menos em nossos corações: "No Calvário!" 

Mas nada disso acontece automaticamente, só porque participamos nesta liturgia. Trata-se, de “acolher” o significado do mistério. Isto acontece com a fé. Não há música, onde não há um ouvido que a escute, por mais que a orquestra toque forte; não há graça, onde não há uma fé que a acolha. 

"Para cada homem, o princípio da vida é aquele, a partir do qual Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo é imolado por ele quando ele reconhece a graça e se torna consciente da vida que lhe foi dada por aquela imolação” Isso aconteceu sacramentalmente no Batismo, mas deve sempre acontecer conscientemente de novo na vida. Devemos, antes de morrer, ter a coragem de fazermos um golpe de audácia, quase como um golpe de mão: apropriar-nos da vitória de Cristo. A apropriação indevida! Uma coisa comum infelizmente na sociedade na qual vivemos, mas com Jesus essa não somente não está proibida, mas é sumamente recomendada. “Indevida” aqui significa que não nos é devido, que não nos é merecido, mas nos é dado gratuitamente, pela fé. 

O que não posso obter por mim mesmo, o aproprio (literalmente, o usurpo!) com confiança do lado aberto do Senhor, porque está cheio de misericórdia. Meu mérito, por isso, é a misericórdia de Deus. Não sou tão pobre de méritos, enquanto ele seja rico de misericórdia. Que se as misericórdias do Senhor são muitas (Sl 119, 156), eu porém terei muitos méritos. Ó Senhor, me lembrarei somente da tua justiça. De fato, ela é também a minha, porque tu és para mim justiça de Deus" (cf. 1 Cor 1, 30). 

Que esta forma de conceber a santidade, no entanto, não nos deixe menos zeloso das boas obras, menos comprometidos na aquisição das virtudes. menos negligenciasses em mortificar o corpo para liberta-lo da escravidão do pecado, pois é exatamente essas práticas que nos fazem antes de todos e mais do que todos, apropria-nos da justiça de Cristo. 

Em Porto Alegre, como infelizmente em todas as grandes cidades, há muitos moradores de rua. Sem-tetos, seres humanos que não têm mais do que poucos 3 trapos que carregam e algum objeto que trazem consigo em sacos plásticos. Imaginemos que um dia se espalha a notícia: No Shopping há uma boutique luxuosa que, por razões desconhecidas, de interesse ou de generosidade, convida todos os moradores de rua a virem para o seu negócio; lhes convida a tirar os seus trapos imundos, a tomar um bom banho e depois a escolher o vestido que desejam entre aqueles exibidos e levá-los, assim, de graça. 

Todos dizem entre si: “Isto é um conto de fadas, nunca acontece”. Verdadeiríssimo, mas o que nunca acontece entre os homens é o que pode acontecer a cada dia entre os homens e Deus, porque, diante Dele, aqueles moradores de rua somos nós! É o que acontece conosco depois de uma boa confissão: tire as suas roupas sujas, os pecados, receba o banho da misericórdia e levante-se que estás “revestido das vestes da salvação, coberto com um manto de justiça”. 

O publicano da parábola subiu ao templo para orar; disse simplesmente, mas do fundo do coração: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!", e "voltou para casa justificado" (Lc 18, 14), reconciliado, feito novo, inocente. O mesmo, se temos a sua fé e o seu arrependimento, se poderá dizer de nós voltando à casa depois desta liturgia. 

Entre os personagens da paixão que podemos nos identificar mais do que ninguém, espera quem lhe siga o exemplo: o bom ladrão. O bom ladrão faz uma confissão completa dos pecados; diz ao seu companheiro que insulta Jesus: “Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a nós, é de justiça; estamos pagando por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal” 

O bom ladrão se mostra aqui um excelente teólogo. Só Deus de fato, se sofre, sofre absolutamente como inocente; qualquer outro ser que sofre deve dizer: "Eu sofro com justiça," porque, embora não seja responsável pela ação imputada, nunca está totalmente sem culpa. Só a dor das crianças inocentes é semelhante àquela de Deus e por isso é tão misteriosa e tão sagrada. Quantos crimes atrozes que permanecem, nos últimos tempos, sem culpados, quantos casos não resolvidos! O bom ladrão faz um apelo aos responsáveis: façam como eu, venham à luz, confessem a vossa culpa; experimentareis também vós a alegria que eu senti quando ouvi a palavra de Jesus: “Hoje estarás comigo no paraíso!”. 

Quantos réus confessos podem confirmar que foi assim também para eles: que passaram do inferno ao paraíso no dia que tiveram a coragem de arrepender-se e confessar a sua culpa. Eu também conheci alguns. O paraíso prometido é a paz da consciência, a possibilidade de olhar-se no espelho ou olhar para os próprios filhos sem ter que desprezar-se. 

Não carreguem convosco até o túmulo o vosso segredo; encontraríeis uma condenação muito mais temível do que aquela humana. O nosso povo não é cruel com quem errou mas reconhece o mal feito, sinceramente, não somente por algum interesse. Pelo contrário! Está pronto para ter pena e acompanhar o arrependido no seu caminho de redenção (que de qualquer forma, torna-se mais curto). 

"Deus perdoa muitas coisas, por uma obra boa". Ainda mais, devemos dizer, que ele perdoa muitas coisas por um ato de arrependimento. Ele prometeu solenemente: “Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão alvos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim tornar-se-ão como a lã” (Is 1, 18).

sexta-feira, 21 de março de 2014

AS 4 ESTAÇÕES NA VIDA DO CASAL

Cântico dos Cânticos 2.11-13 "Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; Aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem."

Nesta linda poesia de amor, autor dos Cânticos dos Cânticos cita a primavera, o verão, o outono e o inverno. O noivo anuncia para sua amada que chegou a primavera e o inverno já se foi. As quatro estações do ano têm as suas peculiaridades e podem ser um exemplo para a vida conjugal.

PRIMAVERA: v.12 “aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aves”
A primavera é marcada pela beleza das flores e do canto dos pássaros. Alguns cuidados tomados na primavera são a exposição ao sol, pois os dias são mais longos e alergias devido ao intenso cheiro de pólen das flores. Praticamente todos os relacionamentos começam com uma primavera romântica. Tudo parece belo e formoso. Desde o cheiro no ar ao som do canto de pássaros são agradáveis e contribuem para o bem estar do casal. Todo casal precisa aproveitar a primavera do seu relacionamento e guardar sua beleza o máximo possível.

VERÃO: v.11 “cessou a chuva e se foi”
O verão é marcado pelo calor e muita chuva. As férias e passeios agradáveis também fazem parte deste tempo. Neste período é necessário tomar cuidado para se proteger dos temporais que podem surgir a qualquer momento. Quando o verão chega ao casamento, a relação se torna mais quente. Contudo alguns temporais tendem a perturbar a paz do casal. O casal deve aproveitar ao máximo as oportunidades de lazer, sem esquecer que as férias passam rapidamente e logo recomeçarão sua rotina de vida. Se vier uma tempestade é só aguardar que ela passa e logo o sol volta a brilhar.

OUTONO: v.13 “a figueira começou a dar seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma”
O outono é o tempo das frutas. As frutas trazem as vitaminas necessárias para a saúde, bem como o prazer de saboreá-las.
Durante o outono o ar se torna mais árido, então é preciso tomar cuidado para hidratar o corpo e se proteger de doenças respiratórias. Quando um casal começa a colher frutos de seu relacionamento, então é sinal de que o outono já chegou. Os filhos, a conquista de bens e a realização de sonhos podem ser considerados frutos do outono do casamento. Contemplar os frutos traz prazer ao relacionamento do casal.

INVERNO: v. 11“porque eis que passou o inverno”
O inverno é um período frio e de noites mais longas. Este é um tempo de comer e dormir mais. É preciso agasalhar para proteger-se do inverno. As comidas quentes são uma boa forma de se aquecer e alimentar-se. Quando o inverno chega ao casamento não podemos deixar o amor dormir nem esfriar. É preciso tomar atitudes calorosas para reacender o amor. A indiferença é a pior forma de frieza que um relacionamento pode enfrentar. Quando as noites parecem ser longas e frias é bom aproveitar para se resguardar e ficar juntos, pois “se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará” (Eclesiastes 4.11).

Depois do inverno vem a Primavera! Eclesiastes 3.1 “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”
Precisamos sempre lembrar que tudo passa e depois do inverno sempre vem a primavera novamente. Se enfrentarmos os momentos como se fossem durar para sempre não temos condições de vencer os momentos difíceis. Saber que tanto as alegrias como as tristezas são passageiras nos dão sabedoria para saber esperar.

Em qual estação está o seu casamento?
Aproveite cada período com amor!

quarta-feira, 19 de março de 2014

AUTONOMIA MASCULINA

Necessitamos do convívio, do apoio, da ajuda, do incentive dos outros, afinal, somos conectados numa grande cadeia de ações que fazem que o mundo funcione como ele funciona.

Autonomia é quando mesmo podendo fazer algo sozinho eu escolhe fazer acompanhado. Na realidade poucas pessoas realmente sabem o que é isso, apesar de acharem que são autônomas.

É como aquela criança que diz se virar bem sem a sua mãe por perto, mas nunca saiu de perto para ver se fica realmente bem. Muitos adolescentes se intitulam independentes, mas diante do primeiro aperto da realidade correm para buscar refúgio no colo dos pais.

Autonomia é poder responder por cada ação que tem sem apontar o dedo para culpados ou comparsas que não existiram.

Quando uma pessoa apóia seu bem-estar em um único pilar (filhos, família, trabalho, relacionamento amoroso, amigo) não é de se estranhar que sua vida entre em colapso quando perde esse apoio. O saci-pererê emocional sempre fica no chão quando machuca sua única perna.

A real independência emocional acontece quando você aprende a distribuir suas fontes de nutrição psicológica em vários pontos de tal forma que não fique refém de nenhuma em especial. Sobrecarregar alguém com sua necessidade compulsiva de apego seria até uma forma injusta de buscar amor, é muito peso para uma pessoa só.

Você sabe se é carente se qualquer coisa que qualquer um oferece será aceita. Por exemplo: “Ele não quer um relacionamento sério e eu quero. Não importa eu fico com ele mesmo assim”. Esse tipo de carência não é sadia. 

Ao contrário do que parece, 80 % dos homens são dependentes de suas  mulheres. Muitos entregam a elas a administração integral da vida e dos próprios desejos

Para ilustrar essa dependência lembrei-me de uma cena: Um casal, casado há 30 anos, conversava animadamente em grupos separados. Ele, um bem sucedido advogado, elegante e discreto, contava histórias de sua recente viagem. Quando foi servido o jantar, todos foram à mesa. E a cada momento, antes de pôr a comida no prato, ele se virava para a esposa e perguntava baixinho: “Julieta, eu gosto?”

É claro que a dependência masculina não se mostra necessariamente tão óbvia, se apresentando, na maioria das vezes, de forma bem mais sutil. Homens e mulheres têm um papel a desempenhar. Os meninos, para serem aceitos como machos têm que corresponder ao que deles se espera numa sociedade patriarcal — força, sucesso, poder. Não podem falhar nem sentir medo.

Onde se esconde, então, toda a fragilidade e dependência que observamos, na intimidade, em muitos homens? Sem dúvida, perseguir o ideal masculino da sociedade patriarcal gera angústias e tensões, sendo necessário então usar uma máscara de onipotência e independência absoluta. Por isso, parece adequada a afirmação de que “quando cai a máscara descobre-se um bebê que treme”. Mas por que tudo isso?

Quando pequeno, o menino tem com a mãe um vínculo intenso, que que deve ser rompido precocemente para que ele se desenvolva como “homem”. Permanecer muito perto da mãe só é permitido às meninas. Para os meninos isso significa ser maricas ou filhinho da mamãe. Os amigos e os próprios pais não perdem uma oportunidade de deboche ou piada a qualquer manifestação de sujeição à mãe.

O desejo de ser cuidado, acalentado, dependente é recalcado. Na vida adulta os homens escondem a necessidade que têm das mulheres mostrando-se auto-suficientes e desprezando-as. Tentam se convencer de que elas é que precisam deles, da sua proteção. Negando, assim, seus próprios impulsos de dependência, se sentem mais fortes e poderosos.

Contudo, quando o homem se sente atraído por uma mulher, dois sentimentos contraditórios o assaltam. Por um lado, o desejo de intimidade, de aprofundar a relação. Por outro, o temor de se ver diante do seu próprio desamparo e do desejo de ser cuidado por uma mulher. Talvez isso explique por que tantos homens que resistem ao casamento, optando por uma vida livre, em um determinado momento se casam e se tornam submissos, dependentes e dominados pela mulher.

Poucas vezes o homem tem oportunidade de relaxar, de baixar a guarda. Ficar doente, mesmo sem gravidade, é um ótimo pretexto. Entregam-se despreocupados ao saudoso cuidado materno, agora exercido geralmente pela namorada ou esposa. Solicitam atenção integral sem se importar em ser tratados como bebês.

O homem dependente não é autônomo. Autonomia implica não se submeter às exigências sociais, de modo a rejeitar características da própria personalidade consideradas femininas pela nossa cultura. O homem pode ser forte, decidido e corajoso, mas também frágil, indeciso e muitas vezes sentir medo, dependendo do momento e das circunstâncias. Pode falar dos seus sentimentos, ficar triste e até chorar. O homem autônomo só começa a surgir nesse momento, em que a mentalidade patriarcal começa a sair de cena.

AMOR OU DEPENDÊNCIA EMOCIONAL?

Muitas vezes as pessoas justificam a entrega total ao outro dizendo: “olha como eu amo essa pessoa!!!” e não percebem o quanto as suas fragilidades estão embutidas neste pensamento…

A pessoa anula-se de tal forma que perde sua identidade e exige do outro este empenho na mesma proporção. Quando não recebe esse retorno afetivo revoltam-se pela falta de gratidão e reconhecimento, chegando ao ponto de sentir uma raiva incontrolável sobre os outros e sobre si próprios porque fica com o sentimento: “Eu dei tudo de mim e não percebi mudanças”.

A pessoa estrutura a sua vida em torno da vida do “outro” de tal forma que é difícil para ela imaginar sua própria existência sozinha. O dependente emocional demonstra uma forma de dependência em relação às pessoas semelhante à dependência de drogas ou álcool, sexo ou compulsão alimentar e necessita de tratamento, pois pode destruir a própria vida.

São pessoas que apresentam baixa-autoestima, se auto-depreciam frequentemente e magoam-se facilmente com as opiniões alheias, além disso, apresentam dificuldade em expressar seus sentimentos por medo de sentirem-se vulneráveis.

Quando o relacionamento amoroso do dependente emocional chega ao fim, este tem a tendência em procurar outra pessoa problemática para dar início a um novo ciclo. O problema é que muitos adultos não amadurecem e permanecem como crianças por toda a vida num relacionamento amoroso. O ser humano se torna maduro no momento em que ama e não somente necessita do outro. Abastece sua relação de trocas e não só recebe… 

Uma flor que nasce no meio de uma grande floresta, exala seu perfume, demonstra sua beleza e leveza independente da admiração dos outros. Assim é o verdadeiro amor!

O dependente emocional demonstra uma dependência afetiva em relação a uma outra pessoa. Ele necessita da aprovação, aceitação e reconhecimento do outro para lidar com as situações da vida, pois não acredita no seu próprio valor, no seu poder de tomar decisões, fazer escolhas e até mesmo na sua capacidade de conquistar alguém e, muitas vezes aceita relações destrutivas como um prêmio de recompensa.

É uma pessoa submissa e insegura, pois sua percepção de si mesma é muito frágil. Sente-se incapaz de agir adequadamente sem o auxílio de outras pessoas e por isso recorre frequentemente aos outros para ser orientada, ajudada e direcionada, sendo que tudo isto surge da necessidade de satisfazer suas necessidades internas e não pelo desejo de estar na companhia da outra pessoa.

Uma pessoa dependente emocionalmente demonstra em suas ações e sentimentos uma fragilidade e carência que pode afetar negativamente seus relacionamentos, seja nas relações amorosas , como entre amigos, colegas de trabalho, pais e filhos, entre outras

O fato que torna mais grave essa situação é que o dependente emocional, muitas vezes, aceita qualquer tipo de relação por medo de perder a outra pessoa. Com o medo de ser abandonada, muitas vezes tolera abusos sexuais, verbais, físicos, entre outros.

A maneira como as crianças são criadas na infância são fundamentais para o desenvolvimento de adultos seguros, confiantes e independentes emocionalmente, portanto, a forma como somos educados e preparados por nossos pais, professores, avós e parentes mais íntimos possuem um papel prioritário em nossas vidas.

Os adultos dependentes emocionalmente geralmente foram crianças que não se sentiram amadas, queridas e importantes, desta forma, sentem a necessidade quase que vital de dependerem do amor de outra pessoa, já que não viveram isso em sua fase mais tenra.

Existem pais que culpam, desprezam, humilham e que não respeitam os sentimentos de seus filhos. As crianças que são tratadas assim sentem que não são dignas de serem queridas, amadas e passam a omitir seus sentimentos porque não sentem estes como sendo importantes.

O fato não é que os pais não amem seus filhos, mas muitas vezes com a intenção de acertar, supervalorizam o que seus filhos fazem de errado (apontando frequentemente uma falha) e desprezam totalmente as vitórias e as conquistas dele.

Outros tipos de pais protegem demasiadamente seus fillhos. É bastante comum que muitos pais protejam seu filho em excesso, satisfazendo todas as suas necessidades, como uma forma de compensar sua ausência frequente no papel de pai. Outros protegem demais por medo de “perder” o filho e ficarem sozinhos, desta forma, induzem os filhos a acreditarem que só debaixo de suas asas estarão seguros.

Os pais tornam-se permissivos em excesso, pagando todas as contas do filho, cedem coisas materiais sem limites e não incentivam os filhos a trabalhem fora para ganhar seu próprio sustento, ou seja, propiciam ao filho um mundo de fantasias que na realidade não existe.

Os filhos que não precisam fazer muito esforço para conquistar as coisas por si próprio, apresentarão dificuldades a ser mais independentes no futuro quando forem adultos , já que os pais supriram todas as suas necessidades.

Os pais precisam estimular seus filhos a adquirir autonomia e auto-confiança. Demonstrando amor e confiança nas ações de nossos filhos, desenvolvemos adultos com uma boa auto-estima, seguros de si e pouco dependentes da aprovação dos outros.

Tanto a falta de demonstração de amor e carinho como a superproteção exagerada podem desenvolver adultos dependentes. A criança que não sente que é amada, pode se tornar insegura em relação ao amor dos outros, pois cresce com a crença que não será amada nas relações futuras no decorrer de sua vida.

A criança precisa se sentir valorizada e amada para acreditar em si própria e na sua capacidade de se nutrir principalmente emocionalmente. Assim, se tornam pessoas completas e não pessoas que ficam à espera dos outros para se completar. Essas pessoas acreditam que são incapazes sozinhos (porque em algum momento alguém o fez acreditar que era incapaz). Por outro lado, não devemos superproteger nossos filhos para que ele possa aprender a caminhar com suas próprias pernas adquirindo segurança.

Necessitamos de uma forma de proteção mesmo depois de nos tornarmos adultos. Esta proteção significa um apoio emocional, mas muitas pessoas “dependem “ deste apoio como algo ou alguém que poderá salvá-lo de situações extremas e impedir suas frustrações. Essa é a dependência doente que faz com que muitas pessoas se mantenham em relações destrutivas e de muito sofrimento.

Neste processo fortaleceremos a sua auto-estima, tornando-o mais seguro e dependente de si próprio. Quando as pessoas começam a gostar de si mesmas, aprendem a cuidar de suas próprias feridas. Quando nos amamos, procuramos pessoas que nos valorizem e nos respeitem pelo que somos.

Este ciclo de dependência pode ser interrompido e desfeito quando a pessoa dependente, compreende que a solução do seu problema mora dentro de si próprio, pois precisa tomar responsabilidade por si, tomar conta da sua vida e assim ficar disponível para poder verdadeiramente amar.

A dependência emocional pode influenciar negativamente, cegar e impedir seu crescimento. Aprove-se mais, ame-se muito mais e dependa especialmente de você!

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL - SUPERAR É POSSÍVEL

Cada relacionamento é diferente, tem as suas próprias características, regras, costumes, hábitos, formas de se expressar e de se projetar. Em algumas ocasiões, pode suceder que uma das pessoas experimente uma necessidade afetiva extrema com o seu parceiro, mostrando um padrão de submissão e idealização do mesmo. Estas pessoas são conhecidas como dependentes emocionais, uma vez que reduzem toda a sua capacidade de bem-estar e prazer à envolvência com o seu parceiro. Se considera que é uma pessoa emocionalmente dependente, recomendo que:

- Recupere o seu espaço. É importante que trate de recuperar aqueles espaços pessoais e individuais. Reúna-se com amigos sem o seu companheiro/a, faça atividades que lhe gerem prazer.

- Realismo. Evite idolatrar o seu companheiro/a, ele é um ser humano, e como tal, tem os seus defeitos e virtudes. Nem tudo o que faz e diz é correto. Lembre que seu companheiro/a é apenas gente para poder superar a dependência emocional.

- Expressão. O que você pensa e diz é igualmente importante, tal como o que o seu companheiro pensa. Quando não estiver de acordo com algo, diga-lhe. Não aceite tudo o que se diga com medo de o perder. Através das diferenças, também se constrói e consolida um relacionamento.

- Trabalhe a sua autoestima. Uma autoestima baixa é um dos fatores que conduz à dependência emocional, é por isso, que deve trabalhar a sua autoestima. Deve se valorizar e se cuidar.

- Repensar. Tome um tempo para pensar no seu relacionamento. Reflita sobre como era antes de o conhecer e todas as coisas que deixou de fazer pelo relacionamento. Talvez seja tempo de fazer umas mudanças na relação para que ambos se sintam melhor.

- Faça terapia. Se considera que não pode fazer estas mudanças por si só, vá a um terapeuta para que o oriente neste processo.

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