terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PAREI DE BEBER

"Sempre usei a bebida como muleta na minha vida"

"Aos 15 anos, saía para beber com amigos nos fins de semana e dizia a meus pais que estava indo à sorveteria. Bebia para me soltar. Nos tempos da faculdade de administração, todos os dias ia beber cerveja com os amigos. Por várias vezes, saí carregada de festas e não me lembrava de nada no dia seguinte. Quando fiquei grávida, diminuí a quantidade de bebida, mas não parei de beber. No fim do meu casamento, passei a beber muito, todos os dias. Cheguei ao ponto de abandonar a faculdade e não cuidar da minha filha como deveria. Sempre usei a bebida como muleta. Em outubro, meu pai me levou para uma clínica de recuperação. Meu maior sonho é abraçar minha filha, já livre do vício."*

Ana Paula do Carmo, 40 anos. 

"Há sete anos não sei o que é sentir o gosto do álcool" 

"Quis ser radical na escolha do meu tratamento. Não podia mais conviver com a preocupação do meu marido e das minhas filhas em relação a mim. Além disso, tinha medo de decepcioná-los. Por isso, optei por ser medicada e me livrar da bebida de uma vez por todas. Durante três meses usei a medicação e, por quatro anos, frequentei um grupo de apoio. Há sete anos não sei o que é sentir o gosto do álcool. Nenhum tratamento teria sido eficaz, porém, sem a compreensão e a paciência da minha família. Sem eles, na verdade, não teria nem mesmo notado que estava me tornando alcoólatra."

Maria Cristina de Camargo, 57 anos 

"Tinha de beber para me sentir normal" 

"Eu comecei a beber aos 12 anos, com meus amigos. Depois da aula, nós íamos para o centro da cidade e bebíamos vinho, cerveja, vodca... No fim da tarde, voltava para casa, tomava um banho e já saía para beber de novo. Quando estava sóbrio, eu me sentia estranho; tinha de beber para me sentir normal. Aos 15 anos, meus pais me internaram pela primeira vez. Mas, naquela fase, eu não queria me tratar. Só agora tenho vontade de voltar a estudar, começar a trabalhar, melhorar a relação com minha família. Eu já magoei demais minha mãe. Ela ficava desesperada de me ver bebendo tanto. A lembrança do sofrimento de minha mãe é que me dá forças para tentar largar o álcool. Não quero mais fazê-la sofrer."

Newiton de Moura Silva, 20 anos 

"Quero receber alta dos médicos, da minha família e de mim"

"Ao contrário da maioria dos homens, comecei a beber tarde, aos 25 anos, quando estava na faculdade de matemática. Durante um bom tempo, conseguia beber apenas socialmente. O álcool virou um problema quando fui demitido, aos 35 anos. Na ocasião, eu já tinha minhas três filhas e fiquei com muito medo de não conseguir outro emprego. Quando me dei conta, estava bebendo durante a semana e de dia – o que eu nunca havia feito antes. Um ano depois, quando consegui um novo trabalho, bebia nove doses de destilado diariamente – uísque, vodca ou pinga. Eu acordava e tomava duas doses. Era assim que eu tentava controlar os tremores nas mãos. Tinha muito receio de que o pessoal do escritório percebesse a minha crise de abstinência. Hoje estou me tratando. Quero me recuperar e receber alta tripla: dos médicos, da minha família e de mim mesmo." 

Cícero Eduardo, 51 anos

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