O breve
relato do Evangelho que acabamos de ouvir convida-nos a manter com Deus uma
relação estreita, uma comunhão íntima, um diálogo insistente. Deus não está
ausente nem fica insensível diante de nossa dor. Deus nos ama e tem um projeto
de salvação para cada um de nós, mas só poderemos entender e acolher o esse
projeto de Deus em nossas vidas através da oração, de um diálogo contínuo e
perseverante com Deus.
A
primeira leitura deixa claro que Deus não está alheio as nossa dores e sofrimentos,
ele vem em nosso socorro e nos salva; mas, para que possamos ganhar as duras
batalhas da vida, precisamos contar com a ajuda e a força de Deus.
Trata-se
do confronto entre os hebreus e os amalecitas; enquanto o Povo combatia os
inimigos, Moisés, no cimo de um monte, rezava e implorava a ajuda de Deus. O
texto Sagrado deixa claro que a vitória se deve, mais à ação de Deus do que aos
esforços da batalha. Precisamos invocar o Deus com perseverança e insistência,
só assim venceremos as duras batalhas da vida, é preciso ter a ajuda e a força
de Deus, essa ajuda e essa força brotam da oração, do diálogo com Deus.
Quem
sonha com um mundo melhor e luta por ele, tem de
viver num diálogo contínuo, profundo, com Deus: é nesse diálogo que se percebe
o projeto de Deus para o mundo e se recebe d'Ele a força para vencer tudo o que
nos oprime e escraviza.
O
Evangelho conta a parábola da viúva e o juiz injusto. A viúva, pobre e injustiçada,
passava a vida a exigir justiça; mas o juiz, "que não temia Deus nem os
homens", não lhe prestava qualquer atenção. No entanto, o juiz - apesar da
sua dureza e insensibilidade - acabou por fazer justiça à viúva, a fim de se
livrar definitivamente da importunação.
Se um
juiz prepotente e insensível é capaz de resolver o problema da viúva por causa
da sua insistência, Deus, que é um pai amoroso, não iria escutar os "seus
eleitos que por Ele clamam dia e noite?"
É
evidente que, se até um juiz insensível acaba por fazer justiça a quem lhe pede
com insistência, com muito mais motivo Deus - que é rico em misericórdia estará
atento às súplicas dos seus filhos.
Vivemos
num mundo cada vez mais hostil ao Evangelho, somos perseguidos e ridicularizados
por seguirmos à Jesus Cristo, não podemos desanimar, pois Deus não abandona o
seu Povo, nem é insensível aos seus apelos; e no tempo próprio virá em nosso
socorro.
A nós
cabe confiar em Deus e pela oração não nos deixar contaminar pelo mal que nos
rodeia.
Mas atenção,
tem um detalhe muito importante nesta parábola, oração por mais insistente que
seja não irá obrigará o Senhor Deus a fazer nossa vontade.
Deus terá
as suas razões para não atender àquilo que Lhe pedimos: às vezes pedimos a Deus
coisas que nos compete; outras vezes, pedimos coisas que nos parecem boas, mas
que de fato não são; outras vezes, ainda, pedimos coisas que são boas para nós,
mas que implicam sofrimento e injustiça para os outros. É preciso termos
consciência disto e nos perguntar, à luz da lógica da fé qual é a vontade de
Deus.
"É
preciso rezar sempre sem desanimar". Jesus tomou o exemplo da viúva que
pede a justiça, para ilustrar o seu convite a uma oração perseverante.
Jesus não
promete: "Se vós insistis sem cessar na oração, então, Deus acabará por
ceder e atenderá o vosso pedido".
Não mesmo!
O que Jesus diz é: "E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos,
que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos
digo que lhes fará justiça bem depressa".
A
palavra-chave é que "Deus faz-nos justiça". A justiça consiste em dar
a cada um o que lhe é devido, a reconhecer os deveres e os direitos de cada um.
Deus é um
junto juiz, e a sua justiça muito superior à nossa.
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