segunda-feira, 21 de março de 2011

3º Princípio de AE e a Quaresma

Não foi vão que o 3º Princípio do Amor Exigente caiu em plena Quaresma. Não foi em vão. Há uma relação estreita entre este importante período do calendário litúrgico e a compreensão dos limites na prevenção e recuperação da dependência química.
 
“Os recursos são limitados”. As comunidades terapêuticas refletem a importância do entendimento dos limites para os jovens em tratamento, para cada um de nós. Desde a infância. Desde o primeiro “não”. Até a fase adulta. Até o primeiro número negativo na conta corrente. Lidamos com os nossos limites o tempo todo. Limites físicos, limites emocionais, limites financeiros. E saber quais são os nossos limites, desde criança, nos ensina quais são as nossas potencialidades. Aquele que sabe que tem 100 reais, gastará melhor cada 10 reais que possui. De pequeno, o limite é educativo. Quando grande, é autoconhecimento.

A falta de limites leva à dependência química. Mas para quem nunca passou perto de uma pedra de crack, a falta de limites também traz sofrimento.

E a Quaresma nos ensina isso. Mas o que a Quaresma tem a ver com limites? O que tem a Quaresma a ver com o 3º Princípio do Amor Exigente?

A Quaresma é um convite à conversão. É um convite à mudança de concepções. É um convite para conhecermos os limites de uma vida em Cristo. Por onde devo andar para seguir em paz? Ao que devo renunciar para compreender o que realmente tem valor nessa vida? Deus é o criador e, nós, suas criaturas. Ele quer nos dizer “não”, apontar nossos limites.
 
Neste período que antecede a Páscoa, o “não” de Deus para nós, o “não” de Deus que aponta nossos limites, esse “não” pra mim tem um nome: jejum. Ao jejuar, eu aceito o limite que Deus está me apontando. Eu renuncio às coisas do mundo, em favor de uma vida mais santa. Eu faço jejum da discórdia e pratico a integração. Eu faço jejum da inveja e pratico a reflexão. Eu faço jejum do barulho e pratico o silêncio. Eu faço jejum de uma simples barra de chocolate e percebo o tamanho da minha dependência aos pequenos prazeres deste mundo.
 
Ao jejuar, eu pratico o que aquele homem disse na matéria do Fantástico do último domingo: “então eu provoquei a dor para continuar vivo.” O jejum nos causa pequenos sofrimentos, nos causa dor. Uma dor que deve nos fazer lembrar das dores de Cristo, que renunciou à sua natureza humana, sofreu, para provar que também venceríamos. A dor do jejum nos mantém vivos para uma vida com Deus. Desconfie dos caminhos mais fáceis, dos atalhos. Desconfie de uma vida cheia de prazeres. Quem deseja fazer o bem e ser honesto neste mundo, jejua de muita coisa, sofre como ele sofreu.

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