quarta-feira, 12 de abril de 2017

JESUS, O REI COROADO COM COROA DE ESPINHOS.

Conheço uma publicação que fala de três (3) coroas: a de ouro, a de prata e a de espinhos.

Os reis/rainhas que usam a coroa de ouro, morrem e enquanto eles apodrecem em seus túmulos, sua coroa fica aqui e não terá mais poder algum;

Os/as que usam a coroa de prata, igualmente morrem, seu corpo se decompõem consumidos pelos vermes e a coroa fica aqui e também servirá, sem poder, apenas para ser colocada em museu.

Mas a coroa de espinhos, depois de dois mil (2.000) anos e que foi usada por Jesus que também morreu, mas cujo corpo não se decompôs, mas ressuscitou, permanece com poder salvador porque o vermelho do sangue que nela está, continua sendo o sangue salvador do Rei humilde e servidor, Jesus de Nazaré.

Esta coroa de espinhos fala muito alto para ensinar toda a humanidade, sobre o despojamento, sobre a transitoriedade de todas as outras "coroas", de todas as outras ostentações, luxos que viram luxúria, de quem deveria ser servo, mas que se apresentam como Príncipes Sagrados.

No domingo de Ramos e ontem, meu e-mail, Facebook, WhatsApp lotaram triunfalmente de imagens de Padres, a maior parte relativamente jovens, mas não somente jovens, como também, para piorar a situação, de alguns já de cabelos grisalhos e que viveram e foram formados em pleno Concilio Vaticano II, puxando as procissões com os Ramos Bentos, com tamanho luxo que com certeza foi, NO MÍNIMO, uma ofensa a Jesus que aceitou ser despojado de suas vestes e aceitou que fosse corado como o Rei da Coroa de Espinhos.

O que vi, e, como disse o Cardeal Dom Cláudio Hummes e outros bispos e arcebispos, são ministros de uma Igreja do "Pano". Sim! porque o que vi eram Ministros Sagrados paramentados com tanta roupa e por fim a capa vermelho,, barretes e outras coisas mais, sendo ladeados por pseudo acólitos leigos também trajados com batina preta e sobrepeliz que segundo as normas litúrgicas são vestes apenas para clérigos, segurando em aberto as majestosas capas de quem presidia, formando um verdadeiro cortejo triunfal de Príncipes Sagrados e sem aparência alguma de quem é servidor do povo para o qual foram consagrados.

Em uma avaliação superficial, imagino que somente naquelas roupas majestosas e de extremo luxo, deveria estar um valor aproximado de dez(10) a quinze (15) mil reais.

Não que eu seja contra as vestes prescritas para a Sagrada Liturgia, mas sou plenamente, até porque sou bispo da Igreja e também procuro me vestir de forma não ostensiva,  mas modesta, conforme permitido ou orientado também pela liturgia da Igreja.

eu também, com toda a nossa Equipe de liturgia, nos vestimos com dignidade própria do que o Domingo de Ramos e sua liturgia merecem.

Beleza nunca foi sinônimo de ostentação e de luxo, e simplicidade nunca foi sinônimo de relaxamento ou descaso.

De pouco adianta termos um Papa Francisco que recomenda vendermos os carros de luxo, morarmos em casas simples e vivermos despojados, frugais e simples, quando alguns de nossos Ministros, continuam com mentalidade de Príncipes da Igreja ao invés de Servos do Senhor.

A Idade Média e sua riqueza, seu brilho, sua nobreza como sinônimo de ostentação, graças a Deus já passou, mas há os que insistem em querer recuperar o que o Evangelho e o Concílio, orientaram de forma diferente.

Repito, para não ser mal interpretado que sou plenamente a favor de tudo o que a Igreja nos orienta, porque em tudo ela nos pede despojamento. Então sou sempre a favor que nos vistamos de forma digna, com vestes litúrgicas belas, mas jamais luxuosa. Usar ou não usar casula, capa, sobrepeliz, nunca foi e nem é meu problema. Meu problema é quando isso é feito em roupas que ferem e ofendem a pobreza evangélica. O que a Igreja nos prescreve é correto, mas o que o "mercado religioso" das lojas de artigos religiosos nos oferece, em alguns casos, chega mesmo a ser pecaminoso.

Perguntei certo dia durante uma Assembleia Geral da CNBB, às lojas de artigos religiosos que lá expõem, porque tanto luxo, e recebi como resposta, "porque é isso que muitos procuram" e nós funcionamos segundo a lei da "procura e oferta". Se ninguém ou poucos procurassem, não venderíamos, e teríamos que mudar o que oferecemos.

Toda a ostentação, fere de morte o evangelho e ofende aquele que é Rei com Coroa de Espinhos.

A mudança da Igreja não acontecerá por decretos papais, mas quando aqui nas bases acolhermos sua orientação paterna.

Que a COROA DE ESPINHOS nos ensine qual a coroa salvadora e que estende seu reinado até o fim dos tempos.

D. Guilherme, bispo de Ipameri, GO

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