terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O AMOR E A FELICIDADE EM TEILHARD DE CHARDIN

Voltemos nossa atenção para o grande cientista e místico moderno, o sacerdote francês Pierre Teilhard de Chardin. Pensador dos mais influentes, ele ensinou que a busca da felicidade não é algo inteiramente subjetivo, isto é, ao gosto de cada um, mas que existem sim vias preferências e objetivas na conquista desse bem. E nos apresentou aquelas que seriam as três principais: a felicidade de crescer, a felicidade de amar e a felicidade de adorar (cf. Mundo, Homem e Deus – Reflexões sobre a Felicidade. São Paulo: Editora Cultrix, 1986, pp.74-92). 


1. A felicidade de crescer: Porque somos filhos desse Universo em contínua ex-pansão, argumenta Teilhard, também precisamos neces-sariamente nos expandir e crescer continuamente. O ser humano não foi feito para ficar parado, mas para enfrentar o desafio na ação e assim crescer. 

Para ser feliz, primeiramente, é preciso reagir contra a tendência para o menor esforço, que nos leva, ou a ficar no mesmo lugar, ou então a procurar, sobretudo na agitação exterior, a renovação de nossas vidas. [...] É no trabalho de nosso aperfeiçoamento interior, – intelectual, artístico e moral – que, enfim, a felicidade nos aguarda. Deduzo que quando nos esforçamos e percebemos o nosso crescimento, isso faz com que nossa autoestima se eleve, e, com ela, também o nosso sentimento de felicidade. 

2. A felicidade de amar: Dessa via ninguém duvida. Fomos feito pelo Amor e para o amor, e não é possível nenhuma realização humana fora desse caminho, senão encontraríamos como alternativas somente a solidão e o desespero. “Feliz quem pode amar muito!”. Que grandiosas verdades! 

Para ser feliz, em segundo lugar, é preciso reagir contra o egoísmo que nos leva, ou a nos fecharmos em nós mesmos, ou então a por os outros sobre nossa dominação. [...] O único amor verdadeiramente beatificante é aquele que se exprime por um progresso espiritual realizado em comum. 

5.3. Felicidade de adorar: É a Deus somente que devemos a adoração. Claro que falamos aqui do Deus vivo e verdadeiro, entendido como Ser Absoluto, Infinito e Inefável, muito acima das criaturas relativas e finitas que somos nós ─ todavia amadas por Ele, que não hesitou em encarnar-se como Homem entre os homens, fazendo-se nosso servidor em Jesus Cristo. 

O homem – única criatura consciente de sua mortalidade e finitude – jamais encontraria o caminho da felicidade e da paz sem antes repousar junto daquele que o supera e transcende: Deus! “Se estás em paz, estás em Deus! Se não estás em paz é porque não está em Deus!”, já ensinava também o Mestre Eckhart, desde a Idade Média. Vê-se, então, a importância da fé na busca humana pela felicidade, o que levou Agostinho de Hipona, uma das maiores inteligências cristãs, à seguinte afirmação: “Apaixonar-se por Deus é o maior dos romances; procurá-lo, a maior aventura; encontra-lo, a maior de todas as realizações.” 

E para ser feliz – feliz mesmo –, em terceiro lugar é preciso, de um modo ou de outro, [...] conduzir o inte-resse final de nossas existências para a marcha e para o sucesso do Mundo ao nosso redor [...] A mística cris-tã não cessa, há mais de dois mil anos, de fazer avan-çar sempre mais adiante suas perspectivas de um Deus pessoal, não somente criador, mas totalizador de um Universo que Ele reporta a si pelo jogo de todas as forças que agrupamos sobre o nome de Evolução. 

Na verdade, a solução completa do problema da felicidade, vejo-a na direção de um Humanismo cristão ou, se preferirem, na de um Cristianismo superhumano, no seio do qual cada homem compreenderá um dia que lhe é possível, a todo o momento e em toda situação, não apenas servir (o que não é suficiente), mas amar ternamente em todas as coisas (tanto as mais doces e as mais belas quanto as mais austeras e as mais banais) um Universo carregado de amor em sua Evolução. Que maravilhosa possibilidade para todos! 

Agora sintetizemos: crescer (aperfeiçoando-se), amar (unindo-se ternamente aos semelhantes) e adorar (ao Criador e Totalizador do Universo ainda em Evolução); eis as três vias preferenciais para a felicidade. Outras certamente existem, mas serão sempre vias secundárias e dependentes das três primeiras, que não podemos olvidar.    

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