quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O AMOR, UM MODO DE SER

O amor que deve ser praticado no cotidiano de modo simples, natural e concreto, uma vez que nos é tão essencial quanto o pão de cada dia. Um amor, portanto, que dê substância e sabor aos relacionamentos, pois deles depende a qualidade de nosso viver.
“Todos nós nascemos para amar. Este é o princípio da existência e a sua única finalidade”.
CARACTERÍSTICAS DO AMOR
Em seu extraordinário livro, A Arte de Amar, o grande psicanalista e filósofo Erich Fromm discorre sobre as características do amor. A principal delas é a doação, essa capacidade de nos darmos generosa e alegremente, sem sentimentos de perda. Isso faz eco com o que disse Jesus: “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,36).
 Mas para se chegar a isso, ensina Fromm, “... a pessoa superou a dependência, a onipotência, o narcisismo, o desejo de explorar os outros, e adquiriu coragem de confiar em suas forças para atingir seus alvos. No mesmo grau em que faltarem essas qualidades é ela temerosa de dar-se – e portanto de amar.
A seguir, Fromm passa a apresentar outros “elementos básicos”, comuns a todas as formas de amor. São eles: cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento. Esses elementos também nos ajudam na resposta à pergunta sobre se amamos e se somos amados, bastando perceber se estão presentes ou não em nosso cotidiano.
1. Cuidado: “quem ama, cuida”, diz o povo em prosa, verso e canções. A essencialidade dessa dimensão do cuidado fica evidente no amor da mãe pelo filho. Se ela diz que o ama mas dele não cuida, nós logo desconfiamos da veracidade desse amor. Sem ele ninguém seria capaz de cuidar efetivamente de qualquer coisa ou pessoa por muito tempo. “Amor é preocupação ATIVA pela vida e crescimento daquilo que amamos. Onde falta essa preocupação ativa não há amor”. Magnífico!
2. Responsabilidade: somente pessoas responsáveis são capazes de preocupação e cuidado. Quem ama um filho, um cão ou um vaso de flores que seja não deixará de cuidar de nenhum deles. Mas notemos que a responsabilidade não é mero cumprimento de um dever, como se pensa, mas ato inteiramente consciente e voluntário. Ser responsável significa ter de responder, estar pronto para isso. Exemplificando, um médico, um professor ou um gari responsáveis estarão sempre prontos e aptos para o exercício de suas atividades profissionais. Prepararam-se para elas. Note-se que a responsabilidade de uma mãe para com sua criança faz com que ela cuide principalmente das necessidades físicas desta. No caso do amor entre adultos, cada um se sente responsável também pelas necessidades psíquicas do outro. Aliás, quanto ao amor infantil e o amor maduro, diz ele que... O amor infantil segue o princípio: “Amo porque sou amado”. O amor amadurecido segue o princípio: “Sou amado porque amo”.
3. Respeito: sem esse elemento, a responsabilidade poderia facilmente tornar-se fonte de dominação e possessividade. Infelizmente vemos muito disso por toda parte. Respeito não é medo ou temor [...]. Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se de-senvolva como é. Sim, e desse modo não haverá, portanto, exploração ou uso do outro nem desejo de transformá-lo em imagem e semelhança nossa. Sua personalidade única será respeitada o mais possível, de acordo com nossa própria força. Os fracos é que não costumam respeitar.
4. Conhecimento: Respeitar uma pessoa não é possível sem conhecê-la; cuidado e responsabilidade seriam cegos se não fos-sem guiados pelo conhecimento. O conhecimento se-ria vazio se não fosse motivado pela preocupação. Há muitas camadas de conhecimento; o conhecimento que é um aspecto do amor é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago.
Exemplificando esse importante ensinamento, podemos dizer que mesmo conhecendo pouco a uma pessoa é possível perceber quando ela está encolerizada. Se a conhecermos bem saberemos que, mais que encolerizada, ela está ansiosa e preocupada, mes-mo que não queira demonstrá-lo. Então teremos a percepção de que ela não está simplesmente enraivecida – mas sofrendo. É isso que nos fará capazes de sermos solidários com ela. Esse é o amor maduro, que vai além da superfície.

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