segunda-feira, 23 de abril de 2012

A DROGADIÇÃO É UMA ENFERMIDADE COMPLEXA


Nora D. Volkow, M.D.
Diretora do Instituto Nacional sobre o Abuso de Drogas

 A drogadição é uma enfermidade complexa, caracterizada pelo desejo exagerado, a busca e o consumo compulsivo de drogas, em ocasiões incontroláveis e que persistem, apesar das conseqüências extremamente negativas. Muitas pessoas não se dão conta que a adicção é uma enfermidade do cérebro. O caminho da drogadição começa com o ato de consumir a droga. Com o tempo, a habilidade da pessoa de tomar a decisão de não mais consumi-la fica comprometida e a busca e o consumo da droga se tornam compulsivos. Esta conduta é, em grande parte, resultado dos efeitos que tem a prolongada exposição da droga no funcionamento do cérebro.

A adicção afeta diversos circuitos do cérebro, entre eles, os relacionados com a gratificação e a motivação, a aprendizagem, a memória e o controle sobre as inibições que afetam o comportamento. Algumas pessoas são mais vulneráveis que outras para se tornarem adictas, conforme sua estrutura genética, idade, exposição inicial às drogas, outras influências ambientais e a interação de todos estes fatores.

Freqüentemente a adicção não implica somente na necessidade compulsiva de consumir droga, mas também conseqüências que agregam grandes repercussões. Por exemplo, o abuso de drogas e a adicção aumentam os riscos de desenvolver outras enfermidades mentais e físicas, associadas a esta maneira de viver, marcada pelo uso de drogas ou aos seus efeitos tóxicos. Mesmo assim, existem comportamentos disfuncionais muito diferentes, que podem derivar-se do uso de drogas e interferir no desempenho normal do adicto na família, no trabalho e na sociedade em geral.

Como o abuso de drogas tem tantas dimensões e altera tantos aspectos da vida da pessoa, o tratamento não é simples. Os programas de tratamento eficazes necessitam incorporar muitos componentes, cada um dirigido a um aspecto particular da enfermidade e suas conseqüências. O tratamento para a adicção deve ajudar ao toxicômano a deixar de usar drogas, a manter um estilo de vida livre delas e conseguir um funcionamento produtivo na família, no trabalho e na sociedade. Sabendo que a adicção é uma doença, os usuários não podem simplesmente deixar de consumir drogas por uns dias a achar que estão curados. A maioria dos usuários requerem cuidados a longo prazo ou ciclos repetidos de tratamento para conseguir a meta final da abstinência sustentável e da recuperação da vida.

A investigação científica e a prática clínica tem demonstrado o valor de continuar com os cuidados no tratamento da adicção, com uma variedade de enfoques que foram experimentados e integrados nos programas residenciais e comunitários. Ao olhar para o futuro, aproveitaremos os resultados das novas investigações sobre a influência da genética e do meio ambiente no funcionamento e na expressão dos genes (a epigênese), os quais indicam o caminho dos tratamentos personalizados.

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