Nora D. Volkow,
M.D.
Diretora do Instituto
Nacional sobre o Abuso de Drogas
A drogadição é uma
enfermidade complexa, caracterizada
pelo desejo exagerado, a busca e o consumo compulsivo de drogas, em ocasiões
incontroláveis e que persistem, apesar das conseqüências extremamente
negativas. Muitas pessoas não se dão conta que a adicção é uma enfermidade do
cérebro. O caminho da drogadição começa com o ato de consumir a droga. Com o
tempo, a habilidade da pessoa de tomar a decisão de não mais consumi-la fica
comprometida e a busca e o consumo da droga se tornam compulsivos. Esta conduta
é, em grande parte, resultado dos efeitos que tem a prolongada exposição da
droga no funcionamento do cérebro.
A
adicção afeta diversos circuitos do cérebro, entre eles, os relacionados com a
gratificação e a motivação, a aprendizagem, a memória e o controle sobre as
inibições que afetam o comportamento. Algumas pessoas são mais vulneráveis que
outras para se tornarem adictas, conforme sua estrutura genética, idade,
exposição inicial às drogas, outras influências ambientais e a interação de
todos estes fatores.
Freqüentemente
a adicção não implica somente na necessidade compulsiva de consumir droga, mas
também conseqüências que agregam grandes repercussões. Por exemplo, o abuso de
drogas e a adicção aumentam os riscos de desenvolver outras enfermidades
mentais e físicas, associadas a esta maneira de viver, marcada pelo uso de
drogas ou aos seus efeitos tóxicos. Mesmo assim, existem comportamentos
disfuncionais muito diferentes, que podem derivar-se do uso de drogas e
interferir no desempenho normal do adicto na família, no trabalho e na
sociedade em geral.
Como
o abuso de drogas tem tantas dimensões e altera tantos aspectos da vida da
pessoa, o tratamento não é simples. Os programas de tratamento eficazes
necessitam incorporar muitos componentes, cada um dirigido a um aspecto
particular da enfermidade e suas conseqüências. O tratamento para a adicção
deve ajudar ao toxicômano a deixar de usar drogas, a manter um estilo de vida
livre delas e conseguir um funcionamento produtivo na família, no trabalho e na
sociedade. Sabendo que a adicção é uma doença, os usuários não podem
simplesmente deixar de consumir drogas por uns dias a achar que estão curados.
A maioria dos usuários requerem cuidados a longo prazo ou ciclos repetidos de
tratamento para conseguir a meta final da abstinência sustentável e da
recuperação da vida.
A
investigação científica e a prática clínica tem demonstrado o valor de
continuar com os cuidados no tratamento da adicção, com uma variedade de
enfoques que foram experimentados e integrados nos programas residenciais e
comunitários. Ao olhar para o futuro, aproveitaremos os resultados das novas investigações
sobre a influência da genética e do meio ambiente no funcionamento e na
expressão dos genes (a epigênese), os quais indicam o caminho dos tratamentos
personalizados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário