quinta-feira, 23 de junho de 2016

ESPIRITUALIDADE DA FESTA JUNINA

Junho é o mês das festas populares de inspiração religiosa: Santo Antônio, São João Batista e São Pedro e São Paulo. São festas que não deixam morrer costumes e tradições do passado, nos recordando todos os anos que as coisas mais simples são as coisas mais importantes:

- banho de rio; - andar descalço no gramado; - fruta colida debaixo do pé; - sentar na sombra de uma arvore; - cheira da comida da mãe; - a família reunida em torno da mesa; 

Ao celebrarmos os santos populares a Igreja nos convida a voltarmos nossos olhares à vida desses santos e buscar neles a inspiração para nossa própria vida.

Cristo contou com João que, antes dEle, veio para anunciar a chegada do Cordeiro conclamando todos à conversão. Batizou o próprio autor do batismo, e preparou um povo bem disposto para acolher o Salvador.

Cristo contou com Pedro para edificar a sua Igreja, dando-lhe a missão de apascentar as ovelhas. Príncipe dos apóstolos e primeiro papa, fundou a Igreja de Roma, derramando o seu próprio sangue por amor a Nosso Senhor.

Cristo contou com Paulo aposto das nações, incansável pregador do Evangelho, fundou muitas comunidades, que confirmava na fé com suas cartas escritas na prisão, cartas de consolação, mas também de alegria esperança e confiança inabalável em Deus.

Cristo contou com Antônio, um dos mais célebres pregadores da Palavra de Deus. Santo amado de todos. Protetor dos pobres e procurado por tantos, sobretudo por aqueles que sonham com um bom casamento. É uma religiosidade que expressa a alma simples do nosso povo que venera este grande santo.

Hoje Cristo conta com você, com cada um de nós.

E para bem cumprimos a nossa missão, não podemos esquecer que temos um compromisso muito importante com nossa comunidade. Ela precisa de nós para se manter viva e atuante.

O que caracteriza essas festas é que elas mantêm a pureza e a beleza iniciais, desafiando modismos ou inovações. Ainda hoje são celebradas com entusiasmo, com comidas e bebidas típicas, com trajes caipiras e danças, sobretudo da quadrilha. 

Algumas festas populares do nosso calendário vão se degenerando na sua autenticidade como ocorre com o Carnaval, cada vez mais explorado comercialmente e industrializado para fins políticos e favorecimento à degradação moral. As festas juninas ao contrário permanecem festas populares. 

Não existem entidades que as organizam. São espontâneas. O poder público nelas não interfere. Surgem nas ruas, escolas, igrejas, nos centros comunitários e nos ambientes familiares. São festas sadiamente alegres. Uma alegria que nasce nos corações que amam a vida, o trabalho, o bem. Uma alegria cheia de esperanças. Uma alegria que é expressão de vida realizada no cumprimento da missão do dia-a-dia. Uma alegria que ninguém pode roubar, porque vem de dentro.

Esta alegria contrasta com a que parece ser, mas não é, verdadeira alegria. A manifestação da falsa alegria de um alcoolizado mais se assemelha com os movimentos de alguém que está se afogando nas águas do rio, ele se afoga nas próprias frustrações.

A manifestação de alegria de uma pessoa que se diz vingada pelo mal que fez a seu desafeto nada mais é que a explosão de maus instintos, que logo vai se transformar em remorso. A alegria que se manifesta só no barulho e dele depende para expressar-se pode ter sentido de fuga, daquela fuga que abafa a voz da consciência.

A verdadeira alegria não tem nenhuma dessas conotações. Nem de fuga, nem de explosão de instintos, nem de afogamento das frustrações. Ela é expressão da realização pessoal mediante a experiência da amizade sincera.

As festas juninas são festas com amigos. Na família, na rua. Na comunidade. Santo Antônio. São João e São Pedro e São Paulo estão presentes nelas como traço de união entre amigos na comunhão da nossa fé e na participação da mesma luta por uma convivência mais fraterna entre os homens.

A alegria, marca das festas populares, é também uma virtude cristã, pois Deus quer filhos felizes e alegres, mesmo em meio a tantas dificuldades pelas quais passa nosso povo. Por isso São Paulo insistia: "Alegrai-vos, mais uma vez exorto, alegrai-vos!" Que a nossa comunidade saiba valorizar as festas juninas como serviço á fraternidade e como manifestação autêntica da verdadeira alegria.

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