segunda-feira, 23 de março de 2020

UM PADRE NA QUARENTENA DO CORONAVÍRUS

O que a quarentena do coronavírus está nos ensinando? 

Novos valores, novos modelos de trabalhos, novos hábitos... 

O aparecimento de um vírus que rapidamente se alastrou por nosso planeta, vem causando grandes impactos no sistema de saúde mundial, com graves repercussões e em níveis sociais, econômicos, políticos… 

Vejo todo dia, pessoas imaturas, tratando do assunto como se fosse uma situação apocalíptica, e usando erroneamente situações Bíblicas, fora de contesto, para justificar a suas teses de fim dos tempos. 

Enquanto os maiores laboratórios do mundo se esforção em achar um medicamento, e produzir uma vacina, os economistas e analistas de mercado fazem previsões assustadoras. Ouvi hoje que perto do “tsunami” da recessão que teremos, falências e desempregos os males diretos do COVD-19 vai parecer uma “marolinha”. 

Enquanto tentamos nos adaptar à nova realidade em meio aos crescentes casos de coronavírus, penso que o meu papel como padre nesse momento histórico é, a luz da fé, partilhar algumas lições importantes, que tirei nessa quarentena: 

Devemos nos preocupar mais uns com os outros 
A pandemia nos ensinou que precisamos nos cuidar, é claro. Mas também que é importante pensar nos demais. Ficar em casa, em isolamento, significa proteger nossa família, os vizinhos, os idosos, que são os mais vulneráveis. É atitude para evitar a propagação da doença. 

Daí, diante da dificuldade, aprendemos a ser mais solidários e gentis, oferecer ajuda para compras da semana para nossos pais, para amigos. Se sabemos cantar, cantamos para alegrar os outros. Cada um doa um pouco de si, mesmo que à distância, mesmo que virtualmente. A criatividade se sobressai nessas horas. Quem tem condições, continua pagando a diária da faxineira que foi dispensada por motivos de segurança. 

Também descobrimos que podemos cuidar do outro simplesmente tapando a boca ao espirrar ou ao tossir, porque, assim, evitamos transmitir possíveis doenças às pessoas ao redor. 

E principalmente aprendi que quando vou à farmácia ou supermercado, que não preciso, não posso, não devo estocar comida e álcool, mas comprar o suficiente, pois o vírus afeta a todos, e o consumo consciente é a minha contribuição para que não falte o necessário para ninguém. Pensar nos outros é uma forma de amar! 

Devemos valorizar mais momentos especiais 
O isolamento forçado pode parecer ruim (é um pouco sim, é verdade), mas ele traz coisas boas. Na correria do dia a dia, muita gente tem deixado de lado momentos valiosos, como estar ao lado da família, à toa. 

Brincar com as crianças sem pressa, dançar com elas, cozinhar uma comidinha saudável escutando música, arrumar cantinhos esquecidos da casa, rever fotos antigas… 

Rezar o terço em família. 

E quando isso tudo passar (porque vai passar!), reviver aquilo que é realmente prazeroso, ir a Santa Missa com a sua comunidade, os encontros e retiros na Igreja, ir ao parque com amigos, bater papo com a galera, um futebol, um cineminha... tudo isso terá muito mais sabor. 

Devemos cuidar da saúde física, mental e espiritual sempre 
Agora as atenções para a saúde estão redobradas. Tem gente reforçando a alimentação, bebendo mais água e se cobrando por que não foi ao médico antes para cuidar daquele probleminha chato na coluna ou por que não fiz exercícios para melhorar a minha imunidade. 

Não adianta pensar em ganhar imunidade assim, num estalar de dedos. Saúde é algo que se conquista com o tempo, a partir de um conjunto de bons hábitos, que incluem sono regular, atividade física e alimentação equilibrada. 

Aprendi também que não é por qualquer sintoma que se procura um posto de saúde. 

O confinamento tem feito muita gente descobrir-se ansioso, deprimido. Mais um motivo para colocar a saúde mental em dia. E de vez. Não esperar outra crise como essa para tratar algo tão sério. 

Vejo as pessoas rezando como nunca, postando orações nas redes sociais e padres postando missas, correntes de oração, com hora marcada, divulgadas pelo whatsapp, que pena que isso só aconteceu nesse tempo de crise, desejo de coração que todo esse empenho e criatividade em evangelizar, continue depois que esse mau tempo passar. 

Devemos cuidar mais da nossa higiene pessoal 
Tem gente agora lavando as mãos a cada 20 minutos e andando com o álcool em gel a tiracolo. Outra lição importante aprendida com o coronavírus: medidas simples de higiene podem salvar sua vida e evitar que os demais ao seu redor adoeçam. Quem sabe não é hora de adotar novos hábitos em casa e levar para sempre? 

Podemos trabalhar em home office 
As empresas tiveram que se adaptar rapidamente ao home office, enviando seus funcionários para casa. Pode haver uma dificuldade de comunicação aqui, outra ali, mas já estão descobrindo que muitas funções poderão, perfeitamente, permanecer assim para sempre. 

É na crise que se aprende e se cresce. Muitos modelos de negócio podem ser repensados, gerando economia, trazendo mais produtividade. 

Quem está só, não tem porque sentir solidão 
Se você mora sozinho como eu, e como eu não precisar ri no mercado ou na farmácia poderá ficar dias dentro de casa, não se preocupe, se ocupe. Matar tempo é frustrante, depressivo e nos adoece, faça coisas uteis, estude, adiante serviços, tem tanta coisa que deixamos para depois para quando der tempo, "well", esse é o tempo. Seja criativo e produtivo. 

E o mais importante, não fique só, 
FIQUE COM DEUS QUE É SEMPRE UMA BOA COMPANHIA.

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