sexta-feira, 9 de junho de 2023

PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

 José de Anchieta nasceu na Espanha, 1534. Adolescente, foi estudar na cidade de Coimbra, em Portugal. Ali, distinguiu-se por sua disciplina e vida de virtudes. Com apenas 16 anos, ingressou na recém-fundada Companhia de Jesus, onde desenvolveu uma piedade eucarística extraordinária, participando de cinco Missas por dia – e adorando o Senhor na hóstia consagrada.

Por conta de um problema de coluna, teve medo de que jamais poderia ser jesuíta. Nesse momento, padre Manuel da Nóbrega, que já estava no Brasil, chamava os membros da Companhia para cá, principalmente os doentes, pois dizia que o clima daqui faria que se recuperassem logo. José de Anchieta ainda noviço, veio para o Brasil, por uma questão de saúde. Mas, já na viagem, foi obtendo melhora, ao cuidar de seus companheiros de tripulação que ficavam enjoados por causa do mar.

Ao chegar ao Brasil, os jesuítas queriam realmente educar os índios. Mas quando os padres chegavam nas aldeias, enfrentavam certa resistência dos povos nativos. Para evangelizar os índios Pe. Anchieta compôs canções sobre os mistérios sagrados em língua tupi, e para evangelizar os colonizadores, escreveu peças de teatro, desenvolvendo uma belíssima obra literária.

Em 3 anos apenas, aprendeu tão bem a língua tupi que escreveu uma gramática. A catequese que dava às crianças era tão eficaz, que elas começavam a fiscalizar os seus pais para que eles não pecassem: desenvolveu-se nas tribos indígenas uma verdadeira “infância missionária".

Tendo composto uma peça teatral, decidiu encená-la ao ar livre, para que o maior número de pessoas possível pudesse assistir-lhe. No entanto, uma imensa tempestade começou a aparecer no horizonte e todos, com medo, queriam ir embora. Anchieta, vendo nisto a ação do demônio, que queria ver as almas privadas dessa recreação piedosa, disse: “Não precisam ir embora, não vai chover". E, realmente, por todo o tempo da apresentação não choveu.

José de Anchieta, bem como o padre Manuel da Nóbrega, são os fundadores das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Logo ao chegar ao Brasil, os dois empreenderam sua primeira viagem, a fim de criar um colégio, e, no dia 25 de janeiro, foi celebrada a primeira Missa na região que hoje é a cidade de São Paulo.

São Paulo nasceu em grande virtude. Toda a gente acordava já bem cedo, as crianças punham-se a rezar o rosário e os adultos assistiam ao Santo Sacrifício – as mulheres de um lado, os homens de outro. Aqueles que já eram batizados e podiam comungar davam um nobre exemplo de devoção eucarística. Quando algum índio pagão aparecia-lhes propondo algum pecado, eles respondiam, com convicção: “Não fazemos isso, porque somos homens de comunhão".

Em voto a Nossa Senhora, prometeu que contaria a sua vida em versos. Por isso Anchieta é retratado escrevendo nas areias do mar. Foi aí que ele compôs 5786 versos em honra à Mãe de Deus, antes de passá-los ao papel.

Algum tempo depois, na Bahia, José de Anchieta, já com 32 anos, foi finalmente ordenado sacerdote.

Em suas andanças pelos “Brasis", Anchieta não só fazia incursões continente adentro, como visitava as aldeias já evangelizadas, para que fossem confirmadas na fé. Sempre descalço, com sua batina surrada, um rosário no pescoço e um crucifixo na mão, o incansável apóstolo atravessava vastas porções de terra. Os seus pés, de tão castigados, deixavam rastros de sangue por onde passavam.

Sua capacidade de mandar até sobre animais selvagens rendeu-lhe a alcunha de “primeiro Adão". Em sua própria explicação, “o homem obediente a Deus tem todas as criaturas subjugadas". Em dada ocasião, as pessoas saíram correndo de uma cobra. Ele, com toda a calma, tranquilizou-as e disse para a cobra: “Eu já não disse para você parar de fazer essas maldades?" A cobra, ouvindo isto, foi embora. Isso acontecia em praticamente todos os lugares pelos quais passava. Anchieta dominava onças e cobras – tinha “poder para pisar serpentes e escorpiões”, e causava, com isso, a conversão de inúmeras pessoas.

Mais impressionante que seu poder com os animais, entretanto, era sua extraordinária capacidade com os índios. Quando os índios irados se aproximavam para matá-lo, eles imediatamente se detinham, olhavam para o seu rosto e desistiam de seu intento. Várias vezes, sertão adentro, índios selvagens se pacificavam tão somente com a sua presença.

Anchieta também ficou conhecido como grande pregador.

Conta-se que uma menina havia morrido, deixando seus pais desconsolados. O padre Anchieta chega, vai até o seu cadáver e diz-lhe: “Minha filha, tu estás querendo roubar o paraíso facilmente. Volta e luta". Imediatamente, a menina ressuscita.

Também existe a famosa história do índio Diego, que todos achavam que era batizado, por guardar os mandamentos e dizer-se cristão. Mas, após morrer sem o sacramento, durante o seu enterro, ele se levanta e pede que chamem o padre Anchieta, a fim de ser batizado. O apóstolo chega, batiza-o e ele morre novamente.

Depois de uma vida totalmente gasta por causa do Evangelho, padre José de Anchieta morreu na cidade de Reritiba, Espírito Santo, aos 9 de junho de 1597. Após receber o viático, seu rosto, então pálido, ficou cheio de vida e ele pôde partir em paz, invocando os santíssimos nomes de Jesus e Maria. Ao receberem a notícia de sua morte, os indígenas acordavam, de madrugada, batiam nas portas uns dos outros e diziam: “Morreu o nosso pai, morreu quem nos amava, morreu aquele que deu a vida por nós".

Que vida extraordinária! Que bom saber que o Brasil começou assim, que logo no nascimento de nosso país um santo tão grande caminhou em nosso no chão de nossa pátria com seus pés descalços! Pensando nos pés deste missionário, pés que deixavam rastros de sangue atrás de si, que cruzavam terrenos selvagens, cheios de espinhos, pedras e areias quentes, é impossível não lembrar a frase do profeta Isaías: “Como são belos sobre as montanhas os pés do mensageiro que anuncia a paz!"

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