terça-feira, 15 de junho de 2010

O GRANDE PRÊMIO

Conta-se que Cleópatra foi, certa vez, ao mar pescar com Marco Antônio. A rainha, logo que lançou o anzol, apanhou muitos peixes, que ia recolhendo com grande festa. O imperador, pelo contrário, estava todo confuso, porque não lhe acontecia o mesmo. A rainha, para consolá-lo, disse-lhe com graça: Nasceste para pescar reis e reinos. Também o homem nasceu para pescar reis e reinos, isto é, para possuir, com a visão beatífica, o Rei dos reis, e conquistar, com seus esforços, o Reino da glória.

Ao contemplar a grandeza da glória, que a salvação nos proporciona, desejaríamos já mergulhar nesse mar de felicidade. Os grandes prêmios, porém, não se alcança sem grandes trabalhos, como nos admoesta São Paulo: “O atleta só recebe a coroa se lutou conforme as regras” (2Tm 2,5). Sobretudo, devemos tomar as seguintes resoluções:

Tendo sido criados para gozar de Deus por toda a eternidade, devemo-nos encher de entusiasmo, e não ocupar nossos afetos só em objetos terrenos com desejos de prazeres mundanos.

Em todas as obras, devemos procurar agradar a Deus e fazer tudo por sua glória à maneira do girassol, que segue o Sol desde que nasce até o momento em que se põe, ou como a agulha da bússola que aponta sempre para o pólo norte. Isso não quer dizer que descuidemos dos outros negócios humanos. Assim como o timoneiro, mesmo em pleno mar, não perde o rumo de seu caminho, também nós, em todas as ações, mesmo as menores, devemos ter sempre o objetivo de agradar a Deus e fazer todas as suas vontades, segundo o conselho do Apóstolo: “Portanto, quer comais, quer bebais,o que quer que façais, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31).

Não nos deixemos enganar com os bens desta terra, semelhantes ao corvo que Noé soltou da Arca, o qual não voltou como a pomba, mas ocupou-se em devorar os cadáveres que boiavam à tona da água.

Certo dia, um viajante estava caminhando pela estrada, quando um homem a cavalo passou depressa por ele. Tinha uma expressão malvada nos olhos e sangue nas mãos. Um pouco mais tarde, um grupo de cavaleiros aproximou-se querendo saber se o viajante tinha visto passar alguém com sangue nas mãos. Tinham muita pressa de alcançá-lo. “-Quem é ele?” perguntou o viajante. “-Um malfeitor.” disse o chefe do grupo. “-E vocês estão atrás dele, a fim de entregá-lo à justiça?” “-Não” respondeu o líder. “-Estamos atrás dele a fim de ensinar-lhe o caminho.”

Vamos usar bem e gozar das criaturas deste mundo enquanto nos levam ao Criador.

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