terça-feira, 3 de agosto de 2010

ORAÇÃO


Não pretendemos apontar formulas. Queremos olhar para atitudes. A teologia da Revelação diz que Deus quer se revelar e conversar com os homens como com amigos.
“A constituição Dei Verbum do Concílio Vaticano II descreveu a Revelação como o ato mediante o qual Deus se manifesta pessoalmente aos homens” (Diretório Geral para a Catequese,p.41). De fato pode-se ler claramente em Dei Verbum n.2: “Aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério de sua vontade, pelo qual os homens...têm acesso ao Pai e se tornam participantes da natureza divina”. Aceitando o auto testemunho da bíblia pode ser lido em Hebreus 1,1-2: “Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas”.
Deus procura a pessoa para falar. Estamos muitas vezes tão ocupados com nossas coisas que não estamos atentos a Deus. Temos até bastante dificuldade para entender que Deus possa querer falar com a gente.
Quem se encontra? Eu e Deus. Dois que eu ainda não conheço bem. Vou começar a me conhecer. Percorro minha história. Somos seres históricos. A história nos marca muito, positiva e negativamente. Quais foram minhas grandes alegrias, meus deslumbramentos, meus entusiasmos? Também devo me perguntar quais foram minhas experiências negativas. Já perdoei as mágoas causadas em mim? Já superei os recalques que ainda teimam em permanecer nos porões do meu subconsciente? Como aceito toda a minha história? Me alegro com minha história? Ela me ajuda a me conhecer melhor? Quais são normalmente meus sentimentos? De ressentimento, de vingança, de soberba, de presunção? Sou um preguiçoso?
Posso dizer agora para meu amigo Deus os meus sentimentos? Tenho ainda vergonha ou sei que sou compreendido por Ele? Como consigo confiar no meu maior amigo da minha vida e que aposta em mim através de seu perdão? Ele, aliás, me conhece melhor do que eu mesmo. Como Ele me conhece? As minhas soberbas, a minha preguiça, a minha luxúria, minha gula se manifestam muitas vezes indiretamente. Consigo diante dele identificar os sentimentos que provém destes demônios?
Deus se manifesta em Jesus. Ele me conhece e me chama de amigo. Como é esta amizade dele? Ele tem suficiente paciência comigo? Ele tem suficiente confiança em mim? Onde posso provar isto? Como faço para escutar o que Ele me tem a dizer? Vou treinar minha atenção pois o linguajar de Deus é muito discreto!
Posso partilhar com Deus todos os meus sentimentos, também os da raiva, do desapontamento, da sede de vingança. Para Ele não preciso parecer. Parecer ser justo, parecer ser coerente, parecer ser bom, parecer ser misericordioso. Para Ele posso ser como sou. Isto é muito bom. Quem sabe, vou treinar minha confiança no Pai apresentando-me todos os dias como eu sou, também com os lados sombrios da minha personalidade. Ele sabe entender e até curar. Ele sabe me reeducar com sabedoria e paciência que muitas vezes não temos conosco mesmos.
Estar com Ele. Aliás, Jesus chamou os apóstolos para estarem com ele, como nos conta o evangelista Marcos 3,14. Esta com Deus é a grande finalidade de nossa criação. Vamos, pois, exercitar o que é a melhor coisa que pode nos acontecer em nossa vida. Mas não é um estar com Ele qualquer. Ele nos acolhe, Ele nos fala, Ele nos introduz à verdadeira vida.
Viver plena comunhão de pensamentos, desejos, aspirações, projetos, sonhos. Assim deverá ser com Deus que sempre é presença e ocultamento. Revelação e mistério estão sempre juntos no relacionamento que temos com Deus. Ele é sempre o Outro.

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