quarta-feira, 13 de novembro de 2013

RECAÍDA NÃO É O MESMO QUE FRACASSO NO TRATAMENTO

Grande parte das pessoas que tentam deixar as drogas voltam a consumi-las após certo tempo. Porque isso acontece?

Quando ocorre uma recaída a frustração é geral. A família sente que meses, algumas vezes anos, de esforço conjunto foram perdidos. O dependente imagina que é o fim da linha e que nunca terá forças para livrar-se da dependência. “A recaída destrói ao menos três castelos”, o da família, do dependente e até mesmo da comunidade terapêutica que também sente o peso dessa frustração. 

Para entendermos o processo de recaída é necessário entendermos um pouco sobre o relacionamento do indivíduo com o objeto de compulsão (dependência). Quando se fala do processo de recuperação, o que é focado na maioria das vezes é a mera abstinência física e não todo o contexto que a dependência. Acabando assim, com a não compreender o relacionamento que envolve o usuário e sua droga de escolha.

A compulsão atesta a dificuldade do indivíduo para enfrentamentos de situações de crise. Vista, como uma forma de anestesiar a dor da realidade pelo dependente. Ela é acionada por lembranças de episódios abusivos (desnutrição emocional acerca da disfuncionalidade familiar). Através do uso há a sensação de preenchimento do vazio existencial.

Aprendemos através do cuidado aos dependentes, que a interrupção do uso de qualquer objeto de compulsão não significa a solução do problema. O comportamento compulsivo costuma ser precedido de ansiedade e depressão, o que confirma a necessidade de um trabalho além da abstinência. Parar com o uso dos objetos de compulsão é um grande passo, mas não é o único. 

Embora a grande maioria compreenda a recaída como retomada do uso, esta é apenas a conseqüência de inúmeros fatores e sentimentos ainda não elaborados. A primeira recaída é emocional e pode ser detectada pelo afastamento progressivo das fontes de ajuda e com isso o retorno aos velhos hábitos que fatalmente levarão a reincidência ao uso.

A prática tem nos mostrado, que a recaída até pode fazer parte do processo de recuperação mesmo em pessoas altamente motivadas. A intenção de amadurecer psicologicamente pode fazer da recaída um momento importante de aprendizado e auto-conhecimento. 

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