quinta-feira, 1 de agosto de 2019

SOU PADRE


Lc 9,57-62

Nosso Senhor caminha decididamente para a Cruz, e os seus discípulos, vivenciam o conflito interior entre segui-lo e o medo da morte. Manifestam as suas resistências e o Bom Senhor deixa claro que é preciso, romper com a imagem da mãe – segurança e conforto; romper com a imagem do pai – regras e deveres; e romper com o eu – segurança de uma identidade a ser conservada.

Para quem olha em frete e vê a cruz, é natural manifestar resistências, a Cruz é um horror, um espetáculo de infâmia. A cruz não é bonita, nem a de Jesus, nem a nossa, mas não a amamos por ela ser bonita, ou fácil de carregar, amamos aquele que está na cruz, porque Ele nos amou por primeiro, e por causa dele suportamos a nossa cruz por aqueles que amamos. Nós presbíteros, entendemos bem esse jogo de palavras, pois o sentimos em nossa carne. Tanto o desejo se seguir Nosso Senhor como o medo da morte.

Estivemos aqui esses dias exatamente para isso: tomar consciência de nossas resistências, e vencê-las juntos como irmãos. Tão somente para, contribuir mais e melhor no processo de consciência e libertação do Povo de Deus a caminho.

Não é difícil perceber o quanto, e como cultura atual afeta esfera de valores nos presbíteros: estimulando desejos, criando apegos; aumentando as resistências.

A dimensão religiosa da vida não coincide mais com as estruturas da Igreja, que por sua vez, já não é mais capaz de sustentar a adesão dos fiéis, esta tarefa passa a depender, em ampla medida, do tipo de interação pessoal que nós presbíteros somos capazes de estabelecer.

Se anteriormente lealdade, obediência e humildade eram consideradas valores para o clero, hoje o que se busca nos presbíteros é autenticidade, autonomia e diálogo.

A autenticidade nas relações decorre do fato de nós presbíteros termos uma integração de personalidade razoável no que diz respeito à ordem psíquica e afetiva, o que implica um grau considerável de autoconhecimento. Logo, o autoconhecimento torna-se uma qualidade pessoal indispensável para nós, por isso uma caridade com os outros.

O valor da autonomia se relaciona com a condição de liderança que o presbítero hoje deve apresentar. Esta se concretiza por meio de quatro qualidades:
a) a empatia com o Povo de Deus (numa boa percepção dos anseios, temores e demandas do povo);
b) uma clara definição dos próprios valores e objetivos;
c) autoconfiança;
d) uma imagem de sucesso e competência.

Estas características apontam para uma liderança autêntica, que se traduz na possibilidade do padre se colocar a frente do grupo, por meio de uma clara explicitação de seus objetivos e de sua maneira de ser. O que se espera de nós hoje, portanto é, alem da capacidade de estar em contato com os fiéis, clareza e coerência entre aquilo que professamos e aquilo que fazemos.

Outro valor imprescindível é o diálogo. Este diz respeito à nossa condição de comunicar nossos próprios objetivos, valores e missão, com a condição de estar em contato com os outros, transparecendo igualdade. Uma vez que a interação entre o Presbítero e os fieis apresenta atualmente uma característica muito mais pessoal do que institucional, o diálogo passa a desempenhar um papel primordial, o recurso da argumentação e explicação se torna praticamente indispensável. Ao mesmo tempo para desenvolver uma atitude de empatia, é preciso que o "outro" também tenha a possibilidade de apresentar suas respectivas razões e motivos.

Ocorreram, pelo menos, quatro mudanças na vivência presbiteral:
1. do púlpito à participação; 
2. De pregador clássico a portador do mistério; 
3. Do estilo solitário ao ministério colaborativo; 
4. De uma espiritualidade monástica a uma secular.

O perfil do padre hoje precisa se identificar com a prática dos primeiros cristãos, quando ainda não havia estrutura hierárquica, ao invés do exercício da autoridade conferido pela posição de clérigo, a nossa atuação deve se pautar, sobretudo, pelo serviço e testemunho.

Retomando, a cruz continua, através dos séculos, causando nojo para muita gente, e por isso temos mais facilidade de nos afastar dela do que nos atirarmos a ela, mas os santos agem diferente, eles também sentem repulsa da cruz, mas tem um amor maior, que os impele a estar junto da cruz de nosso Senhor custe o custar, pois eles, como você, não tem nada da oferecer a não ser a si mesmo, e nada a perder a não ser a própria vida, pessoas assim são "idiotas" (capazes de fazer o que ninguém é faz) e perigosas.

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