“Quer
vivamos, quer morramos, somos do Senhor, dependemos da sua vontade. Quando
morrermos, iremos estar com o Senhor. Por isso, tanto na vida como na morte,
pertencemos ao Senhor. Foi para isto mesmo que Cristo morreu e
ressuscitou, para ser Senhor das nossas vidas, quer vivamos, quer morramos”. Rm
14, 8-9
Irmãos e irmãs, reunidos neste dia sagrado em
que celebramos a memória de todos os fiéis defuntos, somos convidados a
refletir sobre um dos maiores mistérios da vida: a morte. A morte, inevitável
para todos nós, nos provoca inúmeras perguntas e sentimentos: medo, tristeza,
saudade, mas também esperança.
A fé cristã, no entanto, nos oferece uma
perspectiva única sobre a morte. Ao invés de vê-la como um fim, a celebramos
como uma passagem para a vida eterna. A morte não é o fim da história, mas início
de um novo capítulo.
A morte, por mais dolorosa que seja, não tem a
última palavra sobre nós. Jesus Cristo, com sua ressurreição, venceu a morte e
nos abriu as portas do Paraíso. Sua ressurreição é a garantia de que também nós
ressuscitaremos para a vida eterna.
O ruim não é morrer, mas deixar de viver. Nos
meus 25 anos de padre já estive muitas vezes a cabeceira da homens e mulheres
em suas horas derradeira, posso afirmar que é muito diferente a morte de alguém
que soube viver, de alguém que não soube.
Que viveu uma vida plena, amou e foi amado,
acolhe a morte, como quem acolhe uma noite de sono depois de um dia bem
ocupado. Agora que viveu de ranços, rancores e magoas, pode até ter tido sucesso
financeiro, mas não construiu uma família, ou relações realmente significativas,
tem uma morte sofrida, terrível, fica agarrado a vida definhando, agonizando,
meses, tentando a todo o custo se agarrar a vida, para tentar viver um pouco do
que não conseguiu viver durante toda a sua vida.
Inclusive o funeral a diferente, no funeral de
quem não soube viver, fica-se falando da causa da morte, no funeral de quem
teve uma vida plena, fala-se da causa da vida dessa pessoa. Das coisas boas que
ela fez e dos momentos felizes que vivemos juntos.
Bem pior que a morte é viver uma vida sem
propósito, sem alegria, sem experiências significativas. Morrer não é o fim,
mas deixar de viver antes de morrer, de aproveitar as oportunidades e de amar
plenamente, isso sim, é trágico.
A vida é um presente de Deus. Deixar de viver é
desperdiçar o tempo que temos para amar e ser amado, com brigas, discussões,
magoas e rancores.
É importante lembrar que a morte faz parte da
vida. É um ciclo natural e inevitável. Deveríamos lembrar disso todos os dias, pois
isso influencia a forma como vivemos. Ao reconhecer a finitude da vida, nos faz
valorizar cada momento e viver melhor.
Dia de Finados, também é o dia de
reverenciarmos nossos entes queridos que já partiram é uma forma de honrá-los e
de manter viva a memorias dos bons momentos vividos juntos. Aqueles que se
foram nos deixaram recordações, muita saudade e uma lacuna que jamais será
preenchida.
Ao visitando os cemitérios, acendendo velas ou
rezando pelos falecidos nessa santa missa, estamos expressando nosso amor e
gratidão por tudo o que eles nos proporcionaram.
Mas não podemos esquecer que Morte não tem a
Última Palavra. A morte pode nos separar fisicamente dos nossos entes queridos,
mas não pode romper os laços de amor que nos unem. A fé nos ensina que a alma é
imortal e que, após a morte, encontra-se em Deus. Por isso, podemos ter a
certeza de que um dia nos reencontraremos com aqueles que amamos.
A esperança da ressurreição é o fundamento da
nossa fé. É ela que nos dá força para enfrentar as dificuldades da vida e nos
motiva a buscar a santidade. Ao celebrar o Dia de Finados, somos convidados a
renovar a nossa esperança na vida eterna e a viver de acordo com os
ensinamentos de Jesus Cristo.
Irmãos e irmãs, a morte faz parte da vida. No
entanto, a fé cristã nos oferece a certeza da vida eterna e a esperança da
ressurreição. Que a celebração do Dia de Finados nos inspire a viver uma vida
mais plena e significativa, sempre em comunhão com Deus e com os nossos irmãos.
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