sexta-feira, 1 de novembro de 2024

FINADOS

 

“Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor, dependemos da sua vontade. Quando morrermos, iremos estar com o Senhor. Por isso, tanto na vida como na morte, pertencemos ao Senhor. Foi para isto mesmo que Cristo morreu e ressuscitou, para ser Senhor das nossas vidas, quer vivamos, quer morramos”. Rm 14, 8-9

 

Irmãos e irmãs, reunidos neste dia sagrado em que celebramos a memória de todos os fiéis defuntos, somos convidados a refletir sobre um dos maiores mistérios da vida: a morte. A morte, inevitável para todos nós, nos provoca inúmeras perguntas e sentimentos: medo, tristeza, saudade, mas também esperança.

A fé cristã, no entanto, nos oferece uma perspectiva única sobre a morte. Ao invés de vê-la como um fim, a celebramos como uma passagem para a vida eterna. A morte não é o fim da história, mas início de um novo capítulo.

A morte, por mais dolorosa que seja, não tem a última palavra sobre nós. Jesus Cristo, com sua ressurreição, venceu a morte e nos abriu as portas do Paraíso. Sua ressurreição é a garantia de que também nós ressuscitaremos para a vida eterna.

O ruim não é morrer, mas deixar de viver. Nos meus 25 anos de padre já estive muitas vezes a cabeceira da homens e mulheres em suas horas derradeira, posso afirmar que é muito diferente a morte de alguém que soube viver, de alguém que não soube.

Que viveu uma vida plena, amou e foi amado, acolhe a morte, como quem acolhe uma noite de sono depois de um dia bem ocupado. Agora que viveu de ranços, rancores e magoas, pode até ter tido sucesso financeiro, mas não construiu uma família, ou relações realmente significativas, tem uma morte sofrida, terrível, fica agarrado a vida definhando, agonizando, meses, tentando a todo o custo se agarrar a vida, para tentar viver um pouco do que não conseguiu viver durante toda a sua vida.

Inclusive o funeral a diferente, no funeral de quem não soube viver, fica-se falando da causa da morte, no funeral de quem teve uma vida plena, fala-se da causa da vida dessa pessoa. Das coisas boas que ela fez e dos momentos felizes que vivemos juntos.

Bem pior que a morte é viver uma vida sem propósito, sem alegria, sem experiências significativas. Morrer não é o fim, mas deixar de viver antes de morrer, de aproveitar as oportunidades e de amar plenamente, isso sim, é trágico.

A vida é um presente de Deus. Deixar de viver é desperdiçar o tempo que temos para amar e ser amado, com brigas, discussões, magoas e rancores.

É importante lembrar que a morte faz parte da vida. É um ciclo natural e inevitável. Deveríamos lembrar disso todos os dias, pois isso influencia a forma como vivemos. Ao reconhecer a finitude da vida, nos faz valorizar cada momento e viver melhor.

Dia de Finados, também é o dia de reverenciarmos nossos entes queridos que já partiram é uma forma de honrá-los e de manter viva a memorias dos bons momentos vividos juntos. Aqueles que se foram nos deixaram recordações, muita saudade e uma lacuna que jamais será preenchida.

Ao visitando os cemitérios, acendendo velas ou rezando pelos falecidos nessa santa missa, estamos expressando nosso amor e gratidão por tudo o que eles nos proporcionaram.

Mas não podemos esquecer que Morte não tem a Última Palavra. A morte pode nos separar fisicamente dos nossos entes queridos, mas não pode romper os laços de amor que nos unem. A fé nos ensina que a alma é imortal e que, após a morte, encontra-se em Deus. Por isso, podemos ter a certeza de que um dia nos reencontraremos com aqueles que amamos.

A esperança da ressurreição é o fundamento da nossa fé. É ela que nos dá força para enfrentar as dificuldades da vida e nos motiva a buscar a santidade. Ao celebrar o Dia de Finados, somos convidados a renovar a nossa esperança na vida eterna e a viver de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo.

Irmãos e irmãs, a morte faz parte da vida. No entanto, a fé cristã nos oferece a certeza da vida eterna e a esperança da ressurreição. Que a celebração do Dia de Finados nos inspire a viver uma vida mais plena e significativa, sempre em comunhão com Deus e com os nossos irmãos.

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