Primeiro você é criança, depois é adolescente, depois recém casado, depois é pai, depois é aposentado, depois é avô, em cada estágio, você sabe quem é, sabe qual é o seu dever, sabe onde se sentar na reunião. Até que finalmente vai sentar-se com os nonagenários na sombra, para observar satisfeito a sua prole. Quem você é? Fácil – você é a pessoa que criou tudo isto. A satisfação de saber isto é imediata, e além do mais, é internacionalmente reconhecida. Quanta gente já ouvi dizer que os filhos são a maior realização e o maior reconforto de suas vidas? São aqueles com quem eles sempre podem contar durante uma crise metafísica, ou em um momento de dúvida quanto a sua relevância – Se eu não tiver feito mais nada nesta vida, então pelo menos terei criado bem os meus filhos.
Mas e se, seja por escolha ou por uma relutante necessidade, você acabar não participando desse reconfortante ciclo de família e continuidade? E se você sair dele? Onde vai se sentar na reunião? Como vai marcar a passagem do tempo sem o medo de ter simplesmente disperdiçado seu tempo na Terra sem ser relevante? Você vai precisar encontrar outro propósito, outra medida pela qual avaliar se foi ou não um ser humano bem sucedido.
Pe. Eduardo Delazeri
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