Regina Céli Furlanetto |
Por quase 10 anos morei num minúsculo apartamento que só me deu alegrias!
Eram quatro pequeninos cômodos, os quais eu limpava um por dia, considerando que ainda trabalhava, fazia faculdade e ainda encontrava retalhos de tempo para o que mais quisesse ou necessitasse fazer.
Tinha o hábito de fazer a faxina ouvindo música.
Depois de algum tempo, percebi que quando eu estava "muito bem emocionalmente", eu escolhia músicas mais alegres e mais agitadas, dançava enquanto cumpria o ritual da limpeza, que era feita com uma rapidez incrível e nos mínimos detalhes. Depois, quando saía de casa, ao retornar era surpreendida, na porta, pelo "perfume da limpeza", pelo brilho, pela arrumação das coisas e não me cansava de me dar os parabéns!
Ao contrário, quando eu não estava "lá essas coisas" (somos humanos!), escolhia músicas bem mais calmas, até melancólicas, e nem me dava conta quando passava de uma faixa para a outra. A limpeza, então, além de tapeada, arrastava-se por muito mais tempo. Sem contar que, depois de retornar da rua, ao abrir a porta, não tinha um cheiro acolhedor, doíam-me as costas e só enxergava o que não tinha feito.
Um dia, estava triste, chateada aparentemente sem motivo, e o dia "prometia" ser uma longa espera por outro dia. Decidi, então, usar a experiência da faxina ao contrário: com muita resistência e zero de vontade escolhi as músicas que não queria ouvir; preparei com esmero o "arsenal para a faxina dos dias felizes" e, literalmente, "me mandei" limpar com a fúria das patroas insensíveis.
Que santo remédio! Se das outras vezes a minha atitude dependia do meu humor, desta, foi o meu humor que mudou 180º por causa da minha atitude. Razão tinha minha avó: "não há mal que um balde, sabão, um pano e um rodo não curem"!
Brincadeira e sabedoria dos avós à parte, hoje, o que tive vontade de partilhar com vocês nessa experiência, é que 99% de nossos males sofridos começam em nosso interior, não vêm de fora. Conheça-se mais, mesmo que para isso precise pagar anos de terapia; ler muitos livros; abrir-se com alguém; enfrente seus demônios; tenha atitude; imponha-se atitudes; permita-se mudanças e busque ser melhor, mesmo quando tudo lá dentro pede e insiste para que não seja importunado!
Essa guinada não é presunção; é humano pedindo evolução!
Porto Alegre, Janeiro de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário