sábado, 4 de janeiro de 2014

BENDITA HORA DA FAXINA

Regina Céli Furlanetto
Por quase 10 anos morei num minúsculo apartamento que só me deu alegrias!

Eram quatro pequeninos cômodos, os quais eu limpava um por dia, considerando que ainda trabalhava, fazia faculdade e ainda encontrava retalhos de tempo para o que mais quisesse ou necessitasse fazer.

Tinha o hábito de fazer a faxina ouvindo música.

Depois de algum tempo, percebi que quando eu estava "muito bem emocionalmente", eu escolhia músicas mais alegres e mais agitadas, dançava enquanto cumpria o ritual da limpeza, que era feita com uma rapidez incrível e nos mínimos detalhes. Depois, quando saía de casa, ao retornar era surpreendida, na porta, pelo "perfume da limpeza", pelo brilho, pela arrumação das coisas e não me cansava de me dar os parabéns!

Ao contrário, quando eu não estava "lá essas coisas" (somos humanos!), escolhia músicas bem mais calmas, até melancólicas, e nem me dava conta quando passava de uma faixa para a outra. A limpeza, então, além de tapeada, arrastava-se por muito mais tempo. Sem contar que, depois de retornar da rua, ao abrir a porta, não tinha um cheiro acolhedor, doíam-me as costas e só enxergava o que não tinha feito.

Um dia, estava triste, chateada aparentemente sem motivo, e o dia "prometia" ser uma longa espera por outro dia. Decidi, então, usar a experiência da faxina ao contrário: com muita resistência e zero de vontade escolhi as músicas que não queria ouvir; preparei com esmero o "arsenal para a faxina dos dias felizes" e, literalmente, "me mandei" limpar com a fúria das patroas insensíveis. 

Que santo remédio! Se das outras vezes a minha atitude dependia do meu humor, desta, foi o meu humor que mudou 180º por causa da minha atitude. Razão tinha minha avó: "não há mal que um balde, sabão, um pano e um rodo não curem"!

Brincadeira e sabedoria dos avós à parte, hoje, o que tive vontade de partilhar com vocês nessa experiência, é que 99% de nossos males sofridos começam em nosso interior, não vêm de fora. Conheça-se mais, mesmo que para isso precise pagar anos de terapia; ler muitos livros; abrir-se com alguém; enfrente seus demônios; tenha atitude; imponha-se atitudes; permita-se mudanças e busque ser melhor, mesmo quando tudo lá dentro pede e insiste para que não seja importunado! 

Essa guinada não é presunção; é humano pedindo evolução!

Porto Alegre, Janeiro de 2014.

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