Dentro do mês das vocações, o terceiro domingo é
dedicado aos religiosos e religiosas, pessoas que dedicam sua vida ao serviço
aos mais necessitados seja por meio da vida contemplativa e orações, seja no
trabalho em instituições de caridade. São as freiras e os freis, que consagram
suas vidas a Deus e fazem votos de pobreza, obediência e castidade.
Ao mesmo tempo, a Igreja também dedica este domingo
à festa da Assunção de Nossa Senhora ao Céu. Maria é o modelo dos religiosos,
pois foi aquela que dedicou toda sua vida ao serviço ao Senhor. “Eis aqui a
serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa palavra” (Lc 1, 38) disse ela
ao anjo Gabriel, quando recebeu o anúncio da sua gravidez milagrosa.
O desprendimento e total entrega de Nossa Senhora a
Deus não ficou apenas em palavras. O Evangelho da missa de hoje mostra que, tão
logo recebeu o anúncio de sua gravidez, Maria pôs-se a caminho para ajudar sua
prima Isabel, que também estava grávida.
O que Maria foi fazer na casa de Isabel? Apenas uma
visitinha, como a que costumamos fazer aos nossos amigos e parentes, para dar
os parabéns pela gravidez? Certamente que não.
Maria sabia que Isabel já era idosa e, portanto,
deveria estar passando uma gravidez sacrificada. As dificuldades de locomoção,
as necessidades básicas como tomar banho, realizar os trabalhos domésticos… O
coração de Maria entendeu tudo isso e foi à casa de sua prima não apenas para
visitá-la, mas para lavar louça, lavar roupa, varrer o chão, fazer comida… A
“serva do Senhor” enxergou-O na pessoa do outro e pôs-se a servi-Lo.
Isabel, por sua vez, ficou tão alegre quando viu
Maria ali, disposta a ajudá-la, que até a criança pulou no seu ventre. Claro,
pulou também pela presença do Menino Deus, que de ventre para ventre, já
abençoou a vida de João Batista para a missão que lhe foi confiada: a de ser o
precursor, aquele que prepararia o caminho para a chegada de Jesus, conforme a
profecia de Isaías (Is 40, 3-5; Lc 3, 4-6). Mas humanamente falando, Isabel
deve ter tido uma sensação de felicidade extrema ao saber que não estava
sozinha, que podia contar com alguém para ajudá-la na dificuldade daquele
momento.
Tão feliz ficou que entendeu que a visita de Maria
só podia ser algo divino. “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto
do teu ventre! Como mereço que a Mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc 2,
42-43). Maria não lhe disse que estava grávida, nem contou a história do anjo.
Bastou um olhar para que Isabel entendesse que Maria só podia ser um pessoa
privilegiada pelas graças de Deus. E que lindo deve ter sido esse olhar, a
ponto de fazer estremecer até a criança no seu seio! Tão cheia do Espírito
Santo, Maria proclamou o Magnificat, um canto que reúne trechos de vários
salmos e passagens do Antigo Testamento, formando uma das mais belas orações de
louvor a Deus presentes na Sagrada Escritura.
O restante da vida de Maria foi exemplo de doação.
Nas Bodas de Caná, ela se colocou a serviço a ponto de perceber o que ninguém
tinha notado, tão entretidos estavam nos festejos: o vinho estava acabando.
Recorreu a Jesus e ele realizou seu primeiro milagre (Jo 2, 1-12). Na caminhada
para Calvário, Maria caminhava com Jesus, sofrendo com ele por vê-Lo naquela
situação. Aos pés da cruz, Ela estava lá, dirigindo-lhe o olhar sofrido de Mãe,
querendo dizer “Força, meu Filho. Eu estou aqui!”. Após a ascensão de Jesus,
Maria também dava forças para os Apóstolos para que não desistissem (At 1, 14).
Por tudo isso, Maria recebeu antecipadamente a coroa
da glória que está destinado a todos os filhos de Deus. Foi pelos méritos de
Jesus que Maria foi elevada ao Céu em corpo e alma, conforme proclamado pelo
papa Pio XII em 1950. Mas também não podemos tirar Dela os seus próprios
méritos. Ela era humana e, portanto, também sujeita ao livre arbítrio e ao
direito de escolha. No entanto, Ela escolheu, por livre e espontânea vontade,
se entregar totalmente a Deus e permanecer pura e imaculada. Foi pelos méritos
de Jesus que Maria nasceu imaculada e preservada do pecado, mas foi por sua
vontade pessoal que ela permaneceu assim toda sua vida.
Jesus não podia permitir que aquele corpo imaculado
e santo, fosse corrompido pela morte. O mesmo corpo que O abrigou durante nove
meses, em cujos seios ele mamou, em cujo colo Ele dormiu, cujas mãos O ajudaram
a dar os primeiros passos, cujos lábios O cobriram de beijos, cujos braços
acolheram Seu corpo morto. Embora não esteja na Bíblia nenhuma referência sobre
a assunção de Maria, os católicos creem firmemente nessa verdade por todos os
motivos aqui descritos – e não temos nenhum motivo para duvidar deles. Peçamos
à nossa Mãe que nos ajude a levar uma vida santa a fim de que possamos também
ser assuntos (elevados) ao Céu, como Ela o foi.
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