quarta-feira, 28 de março de 2012

A REALIDADE DA RECAÍDA

Não importa quanto tempo estamos limpos, recaída é uma possibilidade. Enquanto muitos de nós lutamos com diversas manifestações de nossa Dependência Química, não podemos nunca esquecer que o sintoma mais destrutivo de nossa doença sempre será o uso de drogas.

Assistir a um companheiro mergulhar na insanidade da Dependência Química ativa pode partir nosso coração. Podemos nos sentir abandonados ou inseguros, especialmente se a pessoa que recaiu é nosso padrinho ou afilhado. Independente de nossos sentimentos, precisamos nos esforçar para oferecermos nosso amor incondicional e dar as boas-vindas ao nosso padrinho ou afilhado se ele ou ela voltar ao tratamento. Enquanto a dinâmica de nosso relacionamento de apadrinhamento será sem dúvida afetada por uma recaída, podemos encontrar meios de dar nosso apoio através dos princípios que aprendemos na COMUNIDADE TERAPÊUTICA. Infelizmente, nem todos voltam depois de uma recaída. Alguns morrem; outros continuam vivendo, perdidos nos horrores da Dependência Química ativa.

Não precisamos abandonar nosso padrinho se eles voltarem a COMUNIDADE TERAPÊUTICA após uma recaída. Porém, não podemos permanecer na negação sobre a escolha feita por essa pessoa, e provavelmente iremos querer procurar outro membro para ser nosso padrinho ou madrinha. A recaída de um afilhado é diferente. Podemos sentir a mesma dor se nosso padrinho recair, mas o relacionamento de apadrinhamento tem maior chance de ser reconstruído se nosso afilhado sobrevive e retorna. Podemos lutar com nossos sentimentos que como padrinhos dissemos ou fizemos algo que levou nosso afilhado a recair, ou podemos acreditar que não dissemos ou fizemos o suficiente, ou não oferecemos apoio o suficiente. Talvez sentimos que não encorajamos bastante o trabalho com os passos ou que não estivemos tão disponíveis quanto “deveríamos” estar. A lista de “deveríamos” e “não deveríamos” pode ser interminável. Mas enquanto tentamos ter alguma influência sobre aqueles que tentamos ajudar, precisamos lembrar que no final, somos impotentes perante nosso afilhado e a Dependência Química de nosso afilhado. A recaída de nosso afilhado não é nem nossa culpa nem responsabilidade. Cada um de nós é responsável por sua própria recuperação – e a de mais ninguém.

A forma que cada um de nós, como padrinhos, lida com a recaída de um afilhado é, novamente, uma escolha individual. Antes de falar com nosso afilhado sobre se devemos continuar ou não nosso relacionamento de apadrinhamento, ou tomar qualquer decisão, podemos querer partilhar nossos sentimentos com nosso afilhado. Naturalmente, muitos de nós sentirão raiva e frustração ou se sentirão traídos. Podemos querer abrir mão de nosso afilhado, ou pior, podemos querer excluí-los de nossas vidas. Essas emoções são naturais, e precisamos partilhá-las tão honestamente quanto possível com nosso padrinho ou outro membro em quem confiamos. Um dos piores sentimentos que podemos experimentar após voltar de uma recaída, como padrinho ou afilhado, é rejeição.

Se escolhermos permanecer como padrinho ou madrinha, provavelmente vamos querer conversar com nosso afilhado sobre o que aconteceu. Ele tinha reservas, voltou a frequentar lugares de ativa, ou parou de frequentar reuniões regularmente? A recuperação estava no centro de sua vida? Podemos querer direcionar nosso afilhado de volta aos básicos da recuperação – 90 reuniões em 90 dias, se possível, nos ligar regularmente, e partilhar honesta e abertamente sobre a experiência da recaída. Podemos sugerir que nosso afilhado comece a trabalhar o Primeiro Passo imediatamente, ou podemos escolher recomendar um ritmo mais lento. Alguns sugerem que seus afilhados deverão desintoxicar primeiro. Nossa orientação provavelmente dependerá da situação.

Precisamos deixar os resultados dos esforços de nossos afilhados aos cuidados de um Poder Superior. Nosso afilhado pode decidir que a melhor coisa para sua recuperação é achar outro padrinho. Fazemos o melhor que podemos para aceitar e apoiar sua decisão. Claro, há sempre a chance que o afilhado não voltará ao programa, e pode alcançar os fins previsíveis: prisões, manicômio e morte.

O que acontece se nós, como padrinhos, recaímos? Orgulho e ego podem ser fatais e frequentemente nos impedem de voltar a COMUNIDADE TERAPÊUTICA e permanecer em recuperação. Porém, não podemos nos melhorar se não encararmos a realidade de nossa recaída. Podemos nos sentir totalmente devastados por termos usado, mas não podemos nos dar ao luxo de deixar isso impedir nossa volta às reuniões. É nas reuniões que mais provavelmente encontraremos alívio dos danos que nossa recaída nos causou. Podemos nos sentir envergonhados sobre o que aconteceu, mas quando admitimos que recaímos, somos dados uma nova chance para nos recuperarmos.

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