quinta-feira, 16 de agosto de 2012

1º PASSO - DOSE PASSOS

1º Passo: Admitimos que éramos impotentes perante os efeitos de nossa separação de Deus, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas. 

Quando éramos crianças, os que eram maiores que nós às vezes nos faziam cócegas. Faziam tantas cócegas e por tanto tempo que perdíamos o controle. Ficávamos ofegantes e implorávamos que parassem, gritando: "Desisto, dou-me por vencido, pare, por favor!" Às vezes paravam quando gritávamos, outras vezes só paravam quando alguém mais velho ou maior vinha em nosso auxílio. 

O 1º Passo é como este episódio da infância. Nossa vida e nosso comportamento são como o fazedor de cócegas que aflige dor e desconforto. Fizemos isso a nós mesmos. Assumimos o controle para nos proteger, mas os resultados com freqüência terminaram em caos. E agora não queremos desistir do controle e ficar livres do tormento. No 1º Passo, admitimos que não agüentamos mais. Imploramos pelo alívio. Gritamos: "Desisto!" 

Não devemos procurar nada complicado ou profundo para entender o 1º Passo. Em vez disso, rendemo-nos e encaramos a dor de frente. Talvez tenhamos passado a vida toda evitando, escondendo ou medicando a dor. O 1º Passo é uma oportunidade para enfrentar a realidade e admitir que nossa vida não está funcionando sob nosso controle. Aceitamos nossa impotência e paramos de fingir. 

O dependente químico é impotente diante das suas emoções, diante da sua droga. O familiar é impotente diante do seu adicto, e, além disso, eu (dependente químico ou familiar) tenho que perceber que sou impotente não somente diante das coisas, mas também diante da minha família, diante o trânsito, diante dos preços, diante da outra pessoa que trabalha comigo... 

Então nesse primeiro passo nós temos que de alguma forma eliminar os mecanismos de defesa. 

E que mecanismos são estes? São mecanismos que protegem o nosso eu, porque enquanto o familiar não fizer o primeiro passo, enquanto o dependente químco não fizer o primeiro passo, o que vai acontecer? Ele vai sempre se perguntar: Onde foi que eu errei para que isso começasse comigo? Onde foi que eu errei para que eu tivesse um familiar usuário de drogas? Onde foi que eu errei? E na realidade não houve erro nenhum. 

Hoje existe um capítulo do CID (código internacional doença) que fala somente sobre transtornos mentais provocados por álcool e drogas. Não é uma sem-vergonhice, a sem-vergonhice não trás síndrome de abstinência, eu nunca vi ninguém por sem-vergonhice entrar em delirium tremes, eu nunca vi por sem-vergonhice alguém entrar num quadro compulsivo, então é uma doença física, uma doença mental de fundo emocional, e é uma doença de relacionamento, que dentro dos grupos nós chamamos de doença espiritual. 

Espiritualidade é a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. Então a todo o momento eu tenho que estar me perguntando: O que é mais importante para mim na minha vida? Então espiritualidade é isso: É a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. 

Com esse primeiro passo, com essa rendição eu começo a ter um contato maior comigo. Eu elimino a negação, eu elimino a minimização. (Ex.: Ele usa só no final de semana. Mais o final de semana para ele começa na segunda-feira, não é? Ele usa a semana inteira. Então o familiar chega e diz: mais ele é um amor sem droga, ele é um amor de pessoa, mas, quando é que se encontra ele sem álcool e drogas? Difícil não é?). 

Esse processo de negação, esse processo de minimização, esse processo de projeção (atribuir a outros uma coisa ou responsabilidade que é sua) dá suporte para que os familiares digam: ele se droga por causa das companhias. Nunca conheci alguém que para começar a usar drogas precisou ser amarrado, ninguém mesmo; ele começou a usar drogas por curiosidade, para fazer parte de um grupo, para desafiar pai e mãe ou a autoridade de alguém, enfim por outras razões, menos essa de ser amarrado. 

Outra coisa, o protecionismo familiar. A família não consegue deixar seu ente querido "quebrar a cara", quebrar a cara que eu digo é no bom sentido, o deixa aprender um pouco com a vida, se não aprender pelo amor vai aprender pela dor; nós temos que praticar um desligamento emocional, um desligamento com amor, um desligamento dos problemas da pessoa e não o desligamento da pessoa. 

Isso acontece também com o adicto, com o alcoólatra, que muitas vezes tem que se desligar da chatice que continua sendo o familiar que está fora de uma programação, que não aceita uma ajuda e que responde da seguinte forma: Não... Quem bebe é ele... Quem se droga é ele, o problema é dele!

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