quinta-feira, 16 de agosto de 2012

2º PASSO - DOSE PASSOS

2º Passo: Viemos a acreditar que um poder superior a nós mesmos (Jesus) poderia devolver-nos à sanidade. 

"Olhei para as águas brancas e turbulentas do rio e senti-me derreter por dentro. Toda a coragem que reunira escapou com meu suor. Minhas pernas bambearam com a ideia de ir na jangada inflada pelas cachoeiras, tudo em nome da diversão. Então o guia, que ia dirigir e comandar nossa jangada, começou a falar. Parecia seguro de si, muito confiante de que tudo daria certo. Deu-nos instruções, ensinou-nos os comandos, fez-nos rir e até me pôs a vontade. Suponho que era loucura, mas confiei nele para fazer deste insano passeio pelo rio uma experiência segura e agradável." 

O 2º Passo é sobre a fé, Confiar e crer. A fé não é intelectualizada, simplesmente é. A fé não é adquirida, é uma dádiva. A fé não é opcional, é uma necessidade. Muitas águas turbulentas e agitadas nos esperam em nossa recuperação. Deus sabe disso e nos prepara colocando fé em nossos corações. Quando, finalmente, "olharmos" para Deus, teremos a fé para crer que Ele está ali. 

Após quebrar todas essas negações/mecanismos de defesa, nós temos que dar um segundo passo, que é justamente um passo relacionado com a auto-estima. 

Não sei se vocês já perceberam que o programa de DOSE PASSOS, promove o dependente e os familiares. Com o ingresso no programa, já começamos a respirar aliviados. A mãe, por exemplo: não é mais “aquela louca mãe de fulano” e o D.Q. deixou de ter nome: é o pipador, o bombeiro, o nóia, o pudim de cachaça. Na rua quem bebe, bebe porque é sem vergonha; quem se droga se droga por que é marginal essa é a nossa realidade. Dentro do programa de DOSE PASSOS existe uma promoção. Estamos todos em recuperação. 

O segundo passo diz: Viemos a acreditar que um poder maior do que nós poderia devolver-me a sanidade, ou a saúde. Nós só podemos devolver a saúde para quem? Para quem não há tem, quem não tem saúde é um doente, isso faz parte da sabedoria popular. Em 1935 a organização americana de saúde considerou o alcoolismo como doença, em 1977 a OMS (organização mundial saúde) considerou a dependência química como doença, dependência de outras substâncias que alteram uma ou mais funções no cérebro. 

Então o depende químico é promovido de sem vergonha para doente, de marginal para doente, de louca para doente. Por que nós não podemos aproveitar essa promoção e agarrar isso de todas as formas para que a gente possa ter um outro direcionamento de vida? 

Porque a pergunta que se faz: onde foi que eu falhei para que acontecesse isso comigo? Onde foi que eu errei para que não pudesse controlar o álcool ou a droga? Aí começo a atribuir: bem não consigo controlar porque estão misturando alguma coisa na cachaça, não consegui controlar porque a droga não é pura. 

Na realidade é um processo orgânico, chamado tolerância, esse processo orgânico simboliza o seguinte: hoje para você obter determinado efeito você toma uma dose, amanhã para obter o mesmo efeito você tem que tomar duas doses, depois de amanhã três doses, isso é chamado de tolerância. 

No momento em que se instala a dependência a tendência dessa tolerância é de queda. Muitas vezes você vê isso no alcoólatra: ele está trêmulo de manhã, tomou uma... Passa a tremedeira, mas também fica ruim, chapado. Eu conheci pessoas que morreram de over-dose e que não chegaram a usar uma grama de cocaína. 

Então existe todo esse processo físico de tolerância, essa tolerância pode ser simbolizada por um pico ascendente de consumo e quando se instala a dependência, a tolerância vai caindo; pois da fase de uso inicial até a instalação da dependência existe o prazer físico, mas a partir do pico mais alto será só a manutenção da dependência, onde o D.Q. vai usar para não experimentar a síndrome de abstinência. 

E o que é síndrome de abstinência? É o desconforto causado pela ausência da droga/álcool, podendo variar de insônia, tremores, alucinações até morte neuronal. 

E se tratando de uma doença eu tenho que estar atento a questão da auto-estima, não houve falha nenhuma, não houve erro nenhum de minha parte e sim a predisposição orgânica em desenvolver a tolerância pela droga / álcool que culminou com a instalação da dependência. Esse processo é um processo seletivo. Existem estudos científicos que comprovam a existência de um componente genético nesse processo. 

Então para isso eu preciso voltar a acreditar num Deus, acreditar em mim, num Deus que eu digo seria um poder superior a nós, porque aí entram também os papéis que nós vivemos dentro da dependência. Nós vivemos um papel muito comum, nós não vivemos o papel de Deus, nós vivemos o papel de irmão de Deus, tanto o D.Q. quanto o familiar; o familiar "chega perto de Deus e bate no ombro de Deus e diz": Deus tira ele do meio daquelas companhias que está levando ele para o buraco; dando conselhos a Deus na cara dura, ou não? O dependente é a mesma coisa, chega perto de Deus e diz: Deus modifica minha mãe, meu pai, modifica fulano, Deus me ajuda arrumar dinheiro, eu estou sem dinheiro para pagar o bar, o traficante; sempre dando conselhos a Deus; tanto o DQ quanto o familiar. É esse o papel que nós temos que abandonar para podermos caminhar com nossas próprias pernas e aí entra o terceiro passo, mas sobre isso falaremos mais tarde.

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