quarta-feira, 24 de agosto de 2011

DIFICIL FALAR


Por - Fernando Fernandes da Silva

Dificil falar de vocação, a gente lê, pesquisa, conversa com as pessoas e daí aparecem muitas definições e conceitos, dos mais cientificos aos pessoais, cheios de vida e experiencia...
A primeira é da passagem dos evangelhos (Mt 13, 44-46) onde o Reino é comparado por Jesus a um tesouro escondido no campo e depois a uma perola. Nestes dois casos o Reino é tido como algo de valor inestimável, onde vale a pena arriscar tudo, deixar tudo, vender e trocar tudo por este tesouro sem igual. E realmente seu valor é inestimável.
Mas queria talvez abusar na reflexão, sem querer distorcer o sentido, e ir um pouco além. Se no primeiro caso o tesouro estava escondido no campo (v.44-45) pra encontrá-lo é preciso cavar, e se está como nos filmes de pirata é preciso cavar muito pra encotrar. Afinal se eu fosse o Jack Sparrow eu cavaria muito fundo e na ilha mais remota. Perdoem-me talvez a heresia, mas se Deus assim o é, não é por acaso: é preciso cavar o mais profundo da alma, descobrir depois de muito "inço, areia, sujeira e tudo mais" este tesouro inestimável.
É mergulhando dentro de si mesmo que se descobre a propria Vocação, descobrindo o que a de bom e virtuoso e o que há de mais obscuro e feio, que se decobre o tesouro da Vocação enquanto chamado de Deus pra Felicidade, para o Serviço e para o Amor Incondicional.
Mas bah tchê, dae me vem a parte da perola, que nasce a partir das feridas internas da concha sob a ação de organismos externos e a sua sicatrização (é +/- por ai). Buenas, sinal de que encontrar o tesouro da Vocação é aprender a lidar com os machucados da vida, a ação na gente do meio em que vivemos, as quedas e levantes e tudo mais.
Isso vai gerando dentro da gente a "perola", o "Tesouro". Novamente só mergulhando dentro de nosso ser é possível decobri-lo, por isso o silêncio da Espiritualidade e da oração é que podem ajudar. Trilhar o caminho arido do deserto.
Aí me veio o segundo insight quase que por acaso, ou melhor por "Deuscidencia": Estava eu a fim de fazer logo o encontro de Crisma, cheio de livros a minha volta, lendo muita coisa, mas a idéia chave não vinha. Minha esposa sentou do meu lado e perguntei: O que é pra tí vocação? Tchê! Foi como abrir um daqueles hidrantes de bombeiro, muita coisa começou a sair sem que ela se desce conta: experiencias, histórias da vida, insights, medos, alegrias, frustrações, realizações. Puxa vida, percebi que as vezes ali do lado, pertinho da gente - assim como a gente - estava presente uma vocação latente.
Nossos companheiros e companheiras, filhos, amigos, colegas todos tem a Vocação latente dentro de si, as vezes é preciso apenas "abrir o hidrante" da alma para que a gente e essa pessoa se despeje para vida.
Sabe, aí me vem outra dimensão da Vocação: ela é pessoal e comunitaria ao mesmo tempo, é uma abertura de si mesmo e de si para o outro, os outros.
Como diz Jesus no evangelho: não se acende uma lampada pra se colocar embaixo da mesa, mas em cima dela para que ela ilumine todos os que estão na casa.

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