Como o seu filho está internado, eu imagino que você tenha sido chamada algumas vezes para conversar com a equipe da Comunidade Terapêutica para receber orientações sobre o residente, bem como sobre como ajudá-lo a lidar com a doença futuramente. Esta etapa é essencial no processo de recuperação e tratamento de qualquer indivíduo portador de dependência química.
Eu também imagino que você foi aconselhada a inserir-se em alguma forma de tratamento psicossocial, objetivando fortalecer o acolhimento adequado, estabelecer limites precisos e reduzir a co-dependência.
Os familiares dos dependentes químicos devem estar inseridos em um grupo de apoio tipo Amor Exigente, visto que, eles também adoecem. Isso é consenso na literatura especializada e deve ser adequadamente desempenhado.
Procedimentos para o familiar lidar com o dependente químico:
- Você não é responsável pela dependência do seu familiar. Você não a causou, você não pode controlá-la e você não pode curá-la sozinho;
- Apesar de você não ser o responsável pela dependência do seu familiar, você é responsável pelo seu próprio comportamento. Você tem a escolha de ajudar o seu familiar a evitar o consumo de substâncias, através do adequado estabelecimento de limites, acolhimento, orientações e tratamento;
- A dependência do seu familiar não é um sinal de fraqueza da sua família. Infelizmente, isso pode ocorrer em qualquer família, como quaisquer outras doenças;
- Não ameace, acuse, moralize os erros passados do seu familiar dependente. Isso apenas tornará você o foco da raiva e frustrações do seu familiar dependente; além disso, não ajudará o mesmo a modificar o seu comportamento;
- No entanto, não mascare, desculpe ou proteja o dependente das conseqüências naturais do seu comportamento. Fazendo isso, você se torna “cúmplice” na perpetuação dos comportamentos irresponsáveis ou inadequados do adicto;
- Não tente encontrar fatos no passado do dependente, como traumas infantis, estresse no trabalho, problemas conjugais, para justificar o problema com as drogas. Isso somente promoverá a chancela ao indivíduo dependente para a manutenção do uso das substâncias;
- Não faça “jogos de culpa” para o indivíduo dependente. Por exemplo, dizer que “se você realmente gostasse de mim, você pararia de usar drogas” realmente não funciona. Culpa não funciona;
- Não use ameaças como forma de manipulação. Você pode e DEVE estabelecer limites, mas primeiro pense cuidadosamente e, então, esteja preparado para ir adiante. Se você não sabe o que dizer, é melhor não dizer nada;
- Não permita que o individuo dependente “explore” você financeiramente ou de qualquer outro modo. Respeite-se;
- Não ignore formas de manipulação realizadas pelo adicto. Não estabeleça conluio com o indivíduo dependente para manter segredos sobre o consumo de drogas. Isso apenas aumentará a evasão de responsabilidade por parte do adicto;
- Não se esqueça de procurar e manter o seu próprio tratamento. A co-dependência pode ser, às vezes, devastadora;
- Não tente proteger o indivíduo dependente de problemas comuns da família;
- Não promova uma “guerra”, se sinais de recaída estiverem presentes. Também não mantenha silêncio sobre eles. Apenas traga-os à vista calmamente e diretamente, sem acusações;
- Não espere que o indivíduo dependente em recuperação seja “legal” o tempo todo. Às vezes, ele pode ficar irritado, triste, ou de mau humor, sem que isso esteja relacionado ao uso de drogas;
- Além do problema relacionado ao uso de drogas pelo familiar dependente, você tem outros problemas para solucionar. Não os deixe de lado;
- Não se iluda pensando que o individuo dependente está “curado” e nunca mais usará substâncias. A Síndrome de Dependência é uma doença crônica que requer tratamento crônico;
- Não deixe de focar-se em si mesmo. Utilize o seu sistema de apoio, terapeutas, outros familiares e amigos para possibilitar a sua recuperação enquanto co-dependente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário